terça-feira, 30 de junho de 2009

O outro Manifesto


O debate deve ser centrado em prioridades: só com emprego se pode reconstruir a economia. Assim o dizem reputados intelectuais de várias áreas, em resposta às afirmações dos "28 sábios" que peroraram sobre a situação social e económica portuguesa, num exercício de muleta aos interesses dos grandes capitalistas e das políticas governamentais. Um Manifesto para ler!
Fonte: "Arrastão"

segunda-feira, 29 de junho de 2009

África 21


Está em distribuição o número de Junho da Revista "África 21", dirigida pelo escritor angolano e deputado do MPLA João Melo. Preenchem-na vários artigos e reportagens de grande interesse, de que destacamos o dossier "O pacto secreto do colonialismo português com o apartheid", sob a responsabilidade de Marcelo Caetano, as crónicas de Mia Couto e de José Carlos Vasconcelos, e ainda o artigo de opinião de Mário Murteira, e vários textos sobre Angola e outros países de África e do Brasil, e finalmente o de João Melo("Angolanos e portugueses"). Outros assuntos e informações merecem também uma boa abordagem neste número da Revista, que está a impor-se nos países lusófonos como leitura obrigatória de quantos se interessam pelo desenvolvimento das relações entre os países de expressão portuguesa.

O país de Sócrates


O "Jornal de Notícias" de hoje, em primeira página, revela dados da situação social em Portugal, confirmando aliás aquilo que se sabia há muito, mas que a propaganda do governo tem procurado encobrir. Só quatro distritos têm pensões acima do limiar da pobreza. Os cerca de dois milhões de pobres que há no país correspondem coincidentemente ao número de reformados existentes e cuja pensão média é de 385 euros. Mas em Braga, a média das pensões por velhice é de 345 euros, sendo que a das mulheres é apenas de 291 euros. É o rosto do país de Sócrates, a radiografia das suas políticas neoliberais, em que a riqueza produzida por todos é arrecadada por meia dúzia, enquanto os trabalhadores são atirados para as condições humilhantes e desumanas da miséria e do desemprego.

domingo, 28 de junho de 2009

Poesia Popular


Manuel Fernandes, ou Manel Sineiro como é conhecido, foi ao longo da vida um virtuoso animador popular, daquelas figuras do povo que encarnam as suas tradições mais autênticas. Tocador de sinos de igrejas, acordeonista e cantador de romarias, apresenta-se agora como poeta popular, editando um opúsculo a que deu o título de "Poesias de um Analfabeto", cuja capa aqui damos à estampa.

Em Moscovo


Em 1975, acompanhei uma delegação que foi a Moscovo tentar contactos com empresas e organismos estatais soviéticos, para o reforço do intercâmbio comercial. Foram onze dias de intenso trabalho devido a uma agenda muito carregada passados na capital da URSS, mas que mesmo assim deixava algum tempo livre para o lazer. A foto foi tirada na Praça Vermelha, vendo-se a catedral de São Basílio. Ao lado, não visível na foto, fica o mausoléu de Lenine, que também visitámos nessa altura. Com o autor, estão o Dr.Galiza Carneiro, o Soares Lopes (já falecido) e um industrial cujo nome já não recordo, todos elementos que integraram a delegação, bem mais numerosa.

sábado, 27 de junho de 2009

Eleições Legislativas e Autárquicas


Conforme a opinião maioritária dos partidos(só divergia o PSD), as Eleições Legislativas e Autárquicas foram marcadas para datas diferenciadas: as primeiras, para o dia 27 de Setembro; as segundas, para o dia 11 de Outubro. Após as Eleições Europeias do passado dia sete, em que o PS sofreu uma rotunda derrota, obtendo um dos seus piores resultados de sempre, os próximos actos eleitorais revestem-se de relevância decisiva para o povo português, pois os seus resultados pesarão na vida nacional por vários anos. Nas Legislativas, está em jogo derrotar as políticas de direita de Sócrates, responsáveis pelos graves problemas que afectam a vida da enorme maioria dos portugueses, que nas Europeias expressaram vigorosamente o seu protesto e descontentamento, na continuidade de muitas e grandiosas manifestações que tinham trazido à rua centenas de milhar de trabalhadores de praticamente todos os sectores do mundo do trabalho. Depois da inapelável derrota infligida pelos eleitores ao partido Socialista nas Europeias, o que se espera é que os portugueses rejeitem agora a nova imagem que já estão a querer impingir-lhes de um novo rosto de Sócrates, de falinhas mansas e novas promessas, e não esqueçam as que fez e não cumpriu no mandato que está a terminar, e durante o qual, arrogantemente, provocou o rol de dificuldades, desemprego, fome e insegurança em que o país se encontra mergulhado, e em que se assiste ao cúmulo de ver o seu governo dar milhões e milhões de Euros aos banqueiros e ordenados, mordomias e reformas chorudas a uma meia dúzia de fieis servidores, enquanto nega aos desempregados, aos pobres e às pequenas empresas qualquer apoio. Só a confirmação da derrota do PS nestas eleições legislativas abrirá caminhos de uma vida melhor...

Nas eleições autárquicas jogam-se interesses mais localizados, mas nem por isso menos importantes. As populações continuam ainda carecidas de desenvolvimento básico, que só órgãos locais verdadeiramente democráticos lhes poderão assegurar. Conhecem-se os inúmeros casos de corrupção com a envolvência de autarcas, as situações de compadrio e favorecimento, o saque dos interesses públicos em favor de interesses privados, os escândalos e as aberrações ambientais e ecológicas que têm sido cometidas para servir clientelas e interesses ilícitos que afectam profundamente as populações e a sua qualidade de vida. Esperamos que os eleitores compreendam de uma vez por todas que o voto é a sua única arma para lutar pelos interesses colectivos, contra os abusos e a arrogância dos poderosos, que usam todos os meios para chegarem ao poder e a partir desse pedestal tratar apenas dos seus interesses e do das suas clentelas.

O povo tem hoje uma maior consciência do que vale o seu voto, e por isso não se deixará enganar...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A moderação de Pacheco Pereira


Em 22 de Março passado instei o Pacheco Pereira a falar da sua colaboração prestada antes do 25 de Abril à edição de alguns livros editados pela Livraria Júlio Brandão, de Famalicão, entre eles os Cadernos de Vanguarda e Memórias de Um Operário, isso a propósito do emblema do PCP comemorativo do seu 50º aniversário (1921-1971) que publicou no seu blogue com a informação de o ter adquirido clandestinamente em Riba de Ave a um velho militante do Partido Comunista, e cuja venda se destinava a recolher fundos para o Partido. Julgo que foi o Zé da Quelha, recentemente falecido, que abordou o Pacheco Pereira para esse efeito. Foi esse um tempo em que o PP vinha por Riba de Ave e conversava com os operários, procurando incutir-lhes as ideias esquerdistas que então professava, o que, diga-se, não surtiu resultados, dada a grande influência que já então o PC tinha nos operários têxteis da região. Refiro este facto, relatado, como já disse, pelo PP no seu blogue, porque ele até agora não quis falar das suas relações com a Livraria Júlio Brandão, mantendo no seu Abrupto, desde Março, a informação de que o meu comentário/convite aguarda moderação. O PP tem uma agenda carregada, como todos sabemos, mas não será já demasiado tempo?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Agostinho Neto


Faz hoje anos que em 1960 o subdirector da PIDE São José Lopes foi pessoalmente a Luanda prender Agostinho Neto, no seu consultório, sendo mantido preso durante mais de dois anos. Já anteriormente Agostinho Neto sofrera várias prisões, designadamente a que ocorreu entre 9 de Fevereiro de 1955 e 12 de Junho de 1957. Médico angolano, formado pela Universidade de Lisboa, fundador do MPLA e primeiro presidente de Angola após o 25 de Abril, Agostinho Neto era já à altura um prestigiado combatente e dirigente das guerras de libertação dos povos africanos de expressão portuguesa, principalmente do povo angolano, pelo que a sua prisão desencadeou uma vaga internacional de protestos, em que se envolveram intelectuais de renome universal como Jean-Paul Sartre, André Mauriac, Aragon, Simone de Beauvoir e muitos outros, protestos que tiveram eco mundial e criaram sérias dificuldades ao governo fascista de Salazar. Também consagrado poeta, serviu-se da poesia para transmitir a "sagrada esperança" na vitória dos fracos sobre os fortes, dos humilhados e ofendidos sobre os orgulhosos e arrogantes detentores do poder colonial. Ao recordarmos a efeméride do acto fascista sobre uma figura maior da luta de libertação do povo angolano, deixamos a lembrança do seu belíssimo poema "Havemos de Voltar", que a história veio a confirmar:

Às casas, às nossas lavras
às praias, aos nossos campos
havemos de voltar

Às nossas terras
vermelhas do café
brancas do algodão
verdes dos milharais
havemos de voltar

Às nossas minas de diamantes
ouro, cobre, de petróleo
havemos de voltar

Aos nossos rios, nossos lagos
às montanhas, às florestas
havemos de voltar

À frescura da mulemba
às nossas tradições
aos ritmos e às fogueiras
havemos de voltar

À marimba e ao quissange
ao nosso carnaval
havemos de voltar

À bela pátria angolana
nossa terra, nossa mãe
havemos de voltar

Havemos de voltar
à Angola libertada
Angola independente.

(Cadeia do Aljube de Lisboa, Outubro de 1960)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

As Eleições de Outubro de 1969


Sobre as eleições de Outubro de 1969 para a Assembleia Nacional vão completar-se quarenta anos. É hoje opinião aceite que essas eleições desencadearam uma fase decisiva na oposição ao regime fascista, que culminou na revolução democrática de 25 de Abril de 1974. Quando se registam fortes tentativas de reescrever a História à feição dos novos interesses dominantes na vida nacional e de inculcar a ideia de que em Portugal o fascismo e a PIDE não existiram, coloca-se aos democratas o dever patriótico de não deixar apagar a memória, sendo a passagem dos 40 anos sobre essas eleições uma excelente oportunidade para reavivá-la. Em Riba de Ave, no seguimento de uma forte intervenção oposicionista que já vinha de anos anteriores e que continuou após 1969, as eleições desse ano foram arduamente vividas, tendo-se destacado a acção de dezenas de activistas integrados na CDE. Para assinalar o evento, está em preparação um estudo da campanha eleitoral desse ano - as primeiras eleições da era marcelista - com realce para as lutas que tiveram lugar no distrito de Braga e particularmente em Vila Nova de Famalicão e Riba de Ave, trabalho que terá o suporte de documentação pesquisada nos arquivos da PIDE da Torre do Tombo e outras fontes, que documentarão de forma irrefutável a actuação da PIDE sobre os opositores ao regime, as perseguições e represálias que se abatiam sobre aqueles que ousavam combatê-lo, militando nas fileiras da oposição, ou tão somente manifestando o seu protesto, ainda que no plano da legalidade vigiada que o fascismo se via obrigado a ceder. Este estudo começará a ser publicado brevemente, de modo a assinalar o aniversário que ocorrerá a 26 de Outubro próximo.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Porquê este título


LEMMA foi a primeira tentativa de criar um jornal em Riba de Ave. Teve um número único, publicado em Dezembro de 1952. É a memória desse título, desse projecto que "pretendia galgar as barreiras do atraso da vida cultural do povo", que queremos homenagear, animados também pelo propósito de contribuir, na situação actual já bem diferente daquela outra, para que o povo aprofunde a democracia e o exercício da cidadania - caminhos que Abril abriu - e se torne cada vez mais soberano e dono do seu destino. Quero contar o que vivi. Falarei muitas vezes na primeira pessoa, não para escrever memórias, mas para mostrar retratos de homens inseridos no colectivo. Os eventos, as estórias, não obedecerão a uma ordem cronológica. Serão contados à medida que aflorarem à memória, não só a do autor do blogue como a de todos os que nele queiram colaborar - para o que já ficam convidados - pois este será um blogue aberto à participação de quantos o desejarem fazer, com plena liberdade de opinião e tendo apenas como limites as regras do respeito pelo outro, e a não permissão do obsceno, da pornografia e da pedofilia. Falaremos de eventos passados e presentes, locais uns mais universais outros, políticos, culturais, recreativos, sociais e desportivos, de tudo o que possa enriquecer o nosso património cultural e histórico. Este blogue será, portanto, um espaço para relatar eventos, debater ideias, comentar acontecimentos. Oxalá ele possa enriquecer-se com muita e variada colaboração.