Para que a memória não se apague, recordemos Zeca Afonso

Faz hoje 80 anos que Aveiro se fez berço de um dos principais precursores do canto de intervenção em Portugal… A 2 de Agosto de 1929, nasceu Zeca Afonso, nome incontornável da música portuguesa.
Tendo começado a sua participação musical pelo fado de Coimbra, tornou-se amigo de António Portugal e Luís Goes, gravando 3 discos entre 1953 e 1956 com temas de autores diversos ( António Menano, Carlos Figueiredo, Ângelo Araújo, Tavares de Melo, Paulo de Sá, entre outros).
A sua preocupação com os problemas que afectavam o país empurram-no para uma participação social e académica activa e, em 1952, faz parte da lista das “esquerdas” para a eleição da AAC(Associação Académica de Coimbra).
Em 1955, acabada a tropa, Zeca Afonso, com família já constituída, abandona Coimbra e dedica-se ao ensino, no Continente, até 1964 e em Moçambique, até 1967. O contacto com estas realidades completamente diferentes foram relevantes para a evolução que progressivamente foi marcando o seu percurso musical.
Em 1960, Zeca Afonso parte para uma fase nova da sua carreira musical que ficou marcada pela “Balada de Outono”. Esta mudança é justificada pelo próprio quando afirma que “ Designei as minhas primeiras canções por baladas, não porque soubesse exactamente o significado deste termo, mas para as distinguir do fado de Coimbra, que comecei por cantar e que, quanto a mim, atingira uma fase de saturação.”
Escolhida a nova orientação, Zeca Afonso, agora acompanhado por Rui Pato, torna-se num produtor de qualidade ( três EP, três LP e um single) num total de 49 temas. É então que, em 1969,em plena crise académica, é proibido pela PIDE de sair do país para ir gravar em Londres o álbum “Traz Outro Amigo Também”.
A sua obra, resultante da sua própria produção poética, da instrumentalização de textos poéticos de outros autores e do tratamento de temas da música tradicional portuguesa, é um grito de revolta contra as injustiças, um apelo à paz e à fraternidade.
Colocando a arte de cantar ao serviço das causas nobres e da luta contra a ditadura, marcou e continua a marcar gerações com temas inesquecíveis como “Os Vampiros”, “Menino do Bairro Negro”, “Menina dos Olhos Tristes”, “Vejam Bem”, “ Canta Camarada, Canta”, “Verdes são os Campos”, “Maria Faia”, e “Grândola Vila Morena” que, como se sabe, foi a senha da Revolução do 25 de Abril.
Apanhado muito novo pela doença, Zeca Afonso morre a 23 de Fevereiro de 1987, com apenas 57 anos, quando ainda muita coisa teria para nos dar.

Fonte: Eduardo M. Raposo, “Canto de Intervenção”, edição Jornal “Público”

( Texto de Maria de Lurdes Cunha, professora)

Morreu Nuno Carvalho, um amigo e uma voz de Coimbra

Morreu há dias o Dr. Nuno Carvalho, vítima de doença súbita. Conhecido advogado famalicense, Nuno Carvalho teve fortes ligações ao fado de Coimbra, que interpretava com verdadeira paixão. Foi co-fundador do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra e integrou a Tertúlia do Fado de Coimbra. Com apenas 58 anos de idade, a sua morte colheu de surpresa e grande emoção os seus muitos amigos, que eram afinal todos os que o conheciam, dotado como era de uma afabilidade e alegria contagiantes. Não a título de notícia - que não é a função deste blogue - mas como modesta homenagem ao amigo cuja partida nos perturba ainda, e que não teremos mais a oportunidade de ouvir, quer nos fados que tão bem cantava quer nos poemas que declamava, e nas conversas que como ninguém sabia animar, aqui deixamos este pequeno apontamento, como singelo registo da memória e saudade do amigo que todos perdemos.

Fonte: Cidade Hoje

Autárquicas RIBA DE AVE - Candidatos do PS

O PS já decidiu sobre os seus candidatos em Riba de Ave. Há 20 anos que os socialistas perderam a gestão da Junta de Freguesia e manifestam agora um maior entusiasmo na sua recuperação, tendo em conta o resultado favorável das recentes eleições europeias, resultado que todavia se verificou em eleições marcadas por uma grande abstenção e em que também a CDU e Bloco de Esquerda aumentaram a sua votação. Está, pois, tudo em aberto para as próximas eleições de Outubro, que prometem uma interessante batalha eleitoral. Para além do PS, conhecem-se já os cabeças de lista do Bloco de Esquerda e da coligação PSD/CDS, mas a composição das respectivas listas ainda não foi tornada pública, mantendo-se uma certa expectativa quanto aos restantes candidatos. A CDU ainda não anunciou o seu cabeça de lista, o que é tido como estranho numa coligação que normalmente era das primeiras forças políticas a apresentar os candidatos.

Os candidatos do PS são Amaro Ferreira Araújo(cabeça de lista), taxista; Cristiano Costa da Silva, engº.electrónico, e Maria João Coelho Dias Fernandes, enfermeira e presidente do núcleo local da juventude socialista.

Joana Amaral Dias recusa cargo de Estado oferecido por Sócrates

Francisco Louçã acusou Sócrates de "traficâncias e política menor", ao oferecer lugares de Estado em troca de apoios eleitorais. Segundo o dirigente do BE, Sócrates ofereceu a Joana Amaral Dias a chefia de um instituto público caso ela entrasse nas listas do PS. O líder bloquista frisou que "um partido que anda a distribuir mordomias em vésperas de eleições, é um partido que não merece governar

Fonte: Esquerda Net

MONCADA, 26 de Julho de 1953

Foi há 56 anos, neste dia, que Fidel de Castro liderou um grupo de 120 guerrilheiros no assalto ao quartel de Moncada, em Cuba. O assalto fracassou e vários revolucionários foram mortos e presos. Fidel de Castro foi feito prisioneiro e condenado a 15 anos de prisão. Durante o seu julgamento, apresentou a sua própria defesa com o célebre texto "A História me Absolverá", texto que correu o mundo. Cumpriu 32 meses de pena, beneficiando de uma amnistia. De seguida, exilou-se no México, aonde veio a conhecer Che Guevara. No dia 2 de Dezembro de 1956, com 81 revolucionários, invadiram Cuba a bordo do iate Granma, e a partir da Sierra Maestra iniciam a luta de guerrilha contra a ditadura de Fulgêncio Batista. Após 2 anos de luta, a revolução sai vitoriosa, e os guerrilheiros, tendo à frente Fidel e Che, entram em Havana no dia 8 de Janeiro de 1959.

Da "mãozinha de reacça" da gripe ao contestado Código de Trabalho, que o próprio Governo não respeita

A possível pandemia da gripe, que parece ter muito da "mãozinha de reacça " de uma cantiga do PREC, veio afinal mostrar que o Código de Trabalho, imposto pelo Governo de Sócrates aos trabalhadores, não é sequer por ele respeitado, que o contorna à custa da Segurança Social, a tal que não tem dinheiro para pagar reformas, etc.,etc.. Vejamos, então: o Código de Trabalho estipula que "em caso de encerramento temporário que não respeite a situação de crise empresarial, o trabalhador tem direito a 75% da retribuição". Ora, a orientação decidida para a eventualidade de faltas ao trabalho por motivo da "gripe", é que seja a Segurança Social a assegurar 65% do salário do trabalhador, após três dias sem vencimento. Ou seja, os trabalhadores perdem dias de vencimento e uma percentagem do salário(após 3 dias a zero), e a Segurança Social assume um encargo que não lhe compete, enquanto os empresários ficam isentos das responsabilidades que lhes competia.

Assim governa Sócrates!

A "estabilização" socratiana do desemprego

Os dados do Instituto de Emprego e Formação Proffissional revelam que se tem verificado um aumento significativo do número de desempregados que estão a ser eliminados dos ficheiros dos Centros de Emprego. Nos dois primeiros meses deste ano foram eliminados 34.932 desempregados por mês, enquanto nos últimos quatro meses foram eliminados 46.740 por cada mês, ou seja, um aumento de 33,8%. O presidente do IEFP disse há tempos, num debate televisivo, que as razões por que são eliminados essas centenas de milhar de desempregados dos ficheiros dos Centros de Emprego se deviam ao facto deles não responderem à carta que lhes é enviada(51,5%), por auto-colocação ou se encontrarem em acções de formação profissional. Ora, tendo a CGTP proposto que a carta enviada aos desempregados fosse registada(para haver a certeza de que chegam), o presidente do IEFP recusou. Desta forma se manipulam estatísticas e se mente aos portugueses. Voltar a acreditar?...

Fonte: Eugénio Rosa

Riba de Ave tem direito ao Museu Têxtil

Na sessão promovida pela ADRAVE, falou-se no desinvestimento no Vale do Ave, que tem levado ao desemprego. Trata-se de uma situação preocupante, que urgentemente terá de ser enfrentada com medidas concretas, que minimizem as dramáticas consequências resultantes do encerramento de dezenas de empresas têxteis, com as sequelas sociais que daí têm resultado, colocando a nossa região no pico do desemprego. É indispensável atacar o problema com verdadeiro empenhamento, para encontrar uma resposta capaz. A radiografia está feita, agora é preciso agir...

Nesta sessão, falou-se da criação do Museu Têxtil Virtual, sediado em Famalicão. Não sendo este um problema novo, certo é que a sua localização se justifica inteiramente em Riba de Ave, berço da actividade têxtil e do seu maior obreiro, Narciso Ferreira.

Coligação PSD/CDS-PP apresenta candidatos às Juntas de Freguesia

A coligação PSD/CDS-PP apresentou os candidatos a 47 freguesias do concelho. Foi confirmada, também, a recandidatura de Nuno Melo à Assembleia Municipal. Armindo Costa voltou a falar das razões que o levam a renovar a candidatura à Câmara, considerando que Famalicão não tem uma candidatura alternativa, e por isso têm pela coligação autarcas que no passado foram eleitos pelo Movimento Agostinho Fernandes e pelo Partido Socialista. Por sua vez, Nuno Melo, recentemente eleito deputado europeu pelo CDS/PP, deu cinco razões para se recandidatar ao cargo que ocupa há oito anos. "Volto a ser candidato porque esta é a minha terra; quero dar continuidade ao trabalho que fiz para dignificar a Assembleia Municipal; tem muito orgulho em trabalhar com Cerejeira Leitão e Heitor Rui, que continuam no projecto; sente-se satisfeito em trabalhar com os deputados da A.M. e presidentes de Junta, e por ser um desafio aliciante trabalhar com Armindo Costa e fazer parte do projecto da coligação".

Fonte: Cidade Hoje

É urgente acordar

Manuel Alegre despediu-se esta quinta-feira do parlamento, onde passou 34 anos. De todas as bancadas se ouviram palavras de apreço pelo deputado demissionário. Ocupando o cargo desde a Constituinte, era o parlamentar com mais anos em exercício. De Alegre se pode falar com expectativa e desilusão, sem esquecer, evidentemente, o grande poeta que é. Agora que deixou o hemiciclo da Assembleia da República, que vai fazer o político que ainda há dias afirmava ser necessário mais socialistas e menos figurantes?

Negócios e falta de vergonha

Em apenas uma semana, o valor dos rendimentos líquidos dos accionistas da Liscont com o negócio dos contentores passou de 4,2 milhões de euros para 7,4 milhões, refere o relatório do Tribunal de Contas. No parlamento, onde este negócio do Estado com a empresa do grupo Mota-Engil foi considerado de "escândalo nacional" pela deputada Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, o PS optou pelo silêncio. Quando o Primeiro-Ministro se acha o máximo e se olham estes "negócios" de milhões, não se pode é calar a "falta de vergonha" que por aí vai.

Fonte: Esquerda net

Agostinho Lopes(PCP) diz que há falta de investimento no distrito de Braga

O deputado do PCP pelo distrito de Braga, Agostinho Lopes, disse em Famalicão que foram feitos "poucos investimentos" no distrito durante a 4ª.sessão legislativa/X legislatura, e que se registou um agravamento profundo da situação da actividade produtiva e dados "golpes mortais nas pequenas empresas, cujas falências cresceram exponencialmente", tendo-se verificado um brutal agravamento da situação social do distrito. "A responsabilidade primeira, pese as implicações da crise internacional, é da política de direita do Governo PS", disse o deputado, considerando que a vida da maioria dos portugueses piorou e o desenvolvimento do país está cada vez mais comprometido.

O MUNDO É A NOSSA TERRA

HOME - o mundo é a nossa terra - é uma viagem e um hino ao planeta, à sua diversidade e complexidade, mas também à sua fragilidade, num equilíbrio instável e fortemente dependente da forma como os homens lidam com ele. Falamos de um filme de Yann Arthus-Bertrand, que vale a pena ver. O autor, que já nos tinha surpreendido com o livro "A Terra Vista do Céu", maravilha-nos agora com as suas imagens. Com um texto cuidado, mas inquietante, o homo sapiens é introduzido na narrativa, obrigando-nos a pensar. E á medida que vamos vendo como temos vindo a moldar a terra, ao sabor de necessidades mas sobretudo de interesses, não podemos deixar de ficar perturbados perante os riscos que a humanidade está a correr, devido à pilhagem de que o planeta é alvo. Um filme para ver, uma questão para ser reflectida com seriedade

O Ministério da Educação mentiu. A luta dos professores vai manter-se acesa, podendo comprometer a tranquilidade no início do próximo ano lectivo

A FENPROF, em nota à comunicação social, veio dizer que o M.E. mentiu e que, afinal, não altera o modelo de avaliação dos professores. E mentiu, afirma a FENPROF, não só aos professores, educadores e sindicatos, como mentiu aos deputados da Assembleia da República e ao país. Ainda segundo esta organização sindical, o M.E. mantém em vigor a avaliação que a quase totalidade dos docentes contestou na rua, a que todas as organizações sindicais de docentes se opuseram, que toda a oposição parlamentar e alguns deputados do PS pretenderam suspender, que mais de duas centenas de conselhos executivos exigiu que fosse suspensa, que o conselho das escolas aprovou que se suspendesse, que o Primeiro-Ministro, em recente entrevista televisiva, reconheceu ter sido um erro do governo. Diz a FENPROF que "mais uma vez, contra tudo e contra todos, o M.E. decidiu impor a sua vontade e deixar tudo na mesma". E a finalizar, diz a FENPROF, que é por um pouco de tudo: "incapacidade, incompetência, falta de vontade política, que leva o M.E. a pintar de cores ainda mais negras o panorama da educação em Portugal, e que assim, o seu futuro, e desde logo o início do próximo ano lectivo, voltarão a estar no centro da polémica e do conflito". E tudo, porque após tantos relatórios, tanta contestação, tantas promessas, tanta confusão que lançou nas escolas, o Ministério da Educação é um deserto de ideias, sem qualquer proposta para rever o modelo de avaliação dos professores.

"Insultuosas, antidemocráticas e fascistas"

Assim classifica o PCP as declarações de Jardim, às quais Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, chama de Carnaval de Verão, de quem tendo sido da União Nacional "conhece por dentro como se impõe uma ditadura". Como no poema de Martin Niemoller, "estas coisas começam sempre pelos comunistas. Mas a seguir vêm os sindicalistas, os sociais-democratas, os socialistas, os homossexuais, quem sabe?, os judeus", e todos os que lutam pela liberdade, até já não haver ninguém para levantar a voz. Por isso, aqui deixamos também o nosso protesto!

Sobem os protestos contra a nova "lixeira"

Segundo o jornal "Cidade Hoje", a Junta e Assembleia de Freguesia de Riba de Ave exigiram uma audiência de urgência com o presidente da Câmara Municipal de Famalicão e Associação dos Municípios do Vale do Ave, para obterem esclarecimentos sobre a instalação de uma Central de Valorização Energética, na ETRSU de Riba de Ave, equipamento que "assusta" os autarcas locais, que aliás não tinham, parece, a menor informação quanto ao projecto, que o Bloco de Esquerda denunciou, fazendo levantar este coro de protestos. Também o PS, em comunicado, critica duramente a projectada obra, afirmando que não admite que num Estado de direito democrático se tomem decisões desta importância sem que a população seja sequer informada sobre o assunto. Entretanto, o Bloco de Esquerda, através do seu deputado municipal Adelino Mota e segundo documento que nos fez chegar e que editamos, requereu já uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal, para tratar exclusivamente o assunto, reclamando que essa Assembleia tenha lugar em Riba de Ave.

Gripe A - CGTP avisa que eventuais dias de quarentena têm de ser pagos

A possibilidade de vir a ocorrer um surto da chamada gripe A, a partir de Outubro próximo, apresenta-se como sendo bem real. Tal situação, já se percebeu, terá consequências nas relações de trabalho e os salários dos trabalhadores já aparecem, como sempre, como um elemento de que as empresas se pretendem descartar a todo o custo e, se possível, a pretexto da gripe - ou de uma qualquer quarentena - reduzir os custos salariais ou remeter o seu pagamento para o Estado. É a receita do costume, que a CGTP recusa e denuncia. Os trabalhadores têm direito a receber o seu salário, sem qualquer redução, porquanto não são minimamente responsáveis, nem pela adopção das medidas de protecção exigiveis em situações desta natureza, nem pela insegurança gerada em torno do possível surto de gripe.

Fonte: CGTP

Armindo Costa debaixo de fogo da oposição

Os partidos da oposição estão a fazer duras críticas à recandidatura de Armindo Costa à Câmara de Vila Nova de Famalicão. Acusando o edil de apego ao poder, Ana Marcelina, do Bloco de Esquerda, diz que a sua recandidatura não é para mostrar obra feita, mas sim para voltar a prometer as mesmas obras que não concretizou em dois mandatos, acrescentando que foi no mandato que agora termina que os famalicenses mais pagaram a factura de uma política errada, sem soluções no apoio às famílias e no tomar de medidas para entregar ao capital privado a gestão dos equipamentos desportivos, num negócio ruinoso para o município. Por seu lado, o PS, pela voz do seu candidato Reis Campos, diz que a recandidatura de Armindo Costa é "enganadora", acusando-o de querer fazer passar como suas obras para as quais não deu qualquer contributo. Fazendo um balanço à governação PSD/PP do município, o candidato socialista diz que Armindo Costa "é um vendedor de sonhos e promessas que não consegue cumprir", e que ao fim de oito anos deixa aos famalicenses um parque da cidade reduzido a paineis de publicidade, uma cidade desportiva que não passa do papel, um pavilhão multiusos que já passou à história, taxas e impostos com aumentos nunca vistos, uma variante que não sai da penumbra, muitas escolas ao abandono.

Fonte: "Opinião Pública"

Morreu Palma Inácio, que fez da sua vida uma bandeira da liberdade

Preso e torturado pela PIDE, o amor pela liberdade nunca o deixou vergar-se perante a ditadura. Em 1947, ao lado de vários oficiais generais, entre eles o general Marques Godinho, participou numa tentativa de golpe de Estado, e em 1961, véspera de eleições, protagonizou o primeiro desvio político de um avião, numa operação que haveria de acordar Lisboa de espanto. Foi na manhã de 10 de Novembro, um avião da TAP que partira de Casablanca é desviado por Palma Inácio, acompanhado de Camilo Mortágua, Amândio Silva, Maria Helena Vidal, João Martins e Francisco Vasconcelos, para sobrevoar Lisboa onde são lançados cerca de 100.000 panfletos antifascistas. Os caças da Força Aérea não conseguem interceptar o avião, que regressa a Casablanca, para desespero do regime de Salazar. Participou também no assalto ao Banco de Portugal, na Figueira da Foz, e planeou tomar a Covilhã. Como na metáfora do blogue Água Lisa, "no dia da tomada da Bastilha, vai hoje a enterrar um dos seus assaltantes".

O fracasso do PS na área da Educação

Fonte: Ops, Revista de opinião socialista

Crónicas de Manuel Oliveira

Há muitos anos que Manuel Oliveira se dedica à escrita de crónicas sobre temas do quotidiano, que vai publicando na imprensa regional, e vincando nelas a sua visão do mundo e das coisas, umas vezes enaltecendo, outras vezes criticando. Manuel Oliveira publicou já alguns livros, que têm merecido críticas favoráveis e cujas edições, em alguns casos, têm sido mesmo repetidas, dado o acolhimento público que recebem. É de inteira justiça realçar o seu labor intelectual de autodidacta, e nada melhor para o fazer do que editar uma das suas últimas crónicas, respigada do semanário famalicense "Cidade Hoje"

Respondam os interpelados

Temos vindo a ser interpelados sobre questões que dizem respeito à actuação de partidos e autarcas em algumas freguesias. Evidentemente, não somos nós quem deve responder a tais interpelações. A resposta cabe aos partidos e aos autarcas suscitados. Por outro lado, tais interpelações têm chegado a coberto do anonimato, e embora tal postura seja uma opção legítima de quem formula as questões, a verdade é que gostaríamos mais de ver o debate ser assumido com frontalidade, por nos parecer que isso o tornaria mais vivo e autêntico. Esta nota apenas para garantir "a César o que é de César"... Este blogue está aberto, como já dissemos, a quantos o queiram utilizar, o que podem fazer com a maior liberdade, pois queremos ser um espaço de exercício pleno da cidadania.

Memórias de um operário

Devemos ao Zé da Quelha o tributo de uma homenagem sentida, como operário e comunista que foi, dedicado ao partido que abraçou e ao qual se dedicou de corpo e alma. Muitas vezes apontámos o Quelha como exemplo de militante formado nos valores da solidariedade e empenhamento na transformação da sociedade - pelos quais lutou até ao fim da vida - sem ambicionar outra coisa que não fosse a libertação do homem da exploração em que ainda vive. Pareceu-nos que melhor do que palavras de circunstância, como muitas que ouvimos, a melhor homenagem seria repor o depoimento que nos confiou, para a revista do jornal "Opinião Pública" que editou o nosso trabalho jornalístico Riba de Ave entre Abril e Maio, nas comemorações do 24º.aniversário do 25 de Abril. É esse depoimento que aqui deixamos, retrato a corpo inteiro de um comunista que não quis tomar, como outros, o caminho que leva ao alto na pirâmide partidária, preferindo manter-se na fé do mundo de amanhã e no "homem novo".

Os nossos poetas

José Pedro Arruda, licenciado em Antropologia pela Universidade de Coimbra, nasceu em Riba de Ave a 30 de Junho de 1982. Apesar de muito jóvem ainda, a sua bibliografia poética é já constituída por alguns títulos, de que destacamos "Esperanças Vãs" e "As Brumas da Memória", tendo integrado a "Antologia de Jóvens Poetas do Baixo Minho". É deste último livro o excerto seguinte:"As grades que impuseste à tua vida/Não amas essa forma de existir!/Tu queres é o sonho e o calor/Queres ser o animal que nunca foste!/Queres fugir agora com pavor/A tudo o que fizeste por norma.../E querias tê-lo feito por Amor!". Pedro Arruda tem para publicação a tese de licenciatura em Antropologia Social e Cultural, a que juntou um texto da sua relação pessoal com o objecto da tese, a que deu o título de "A Visão Tele-Guiada, uma reflexão sobre os mecanismos televisivos de Produção da Verdade".

Têm razão os que protestam. Exigem-se outras políticas

Fonte: Jornal de Notícias

Mulheres do Norte

De Luanda chegou-nos este "Cartoon". Nisto de futebol, os angolanos acompanham os nossos jogos com particular entusiasmo, e dividem-se entre "portistas" e "benfiquistas", o que é um traço interessante para as relações entre os dois povos.

Irradicação das lixeiras, concelho limpo

O Dia Mundial do Ambiente foi recentemente assinalado pela Câmara com a "Operação Famalicão Verde", em que as "populações foram desafiadas a dar um contributo simbólico na limpeza e preservação dos espaços públicos", que a autarquia famalicense está empenhada em manter verdes e limpos, segundo afirmações do seu presidente Armindo Costa. Também o vereador do Ambiente José Santos salientou que o executivo tem fomentado a melhoria da qualidade de vida dos famalicenses, e que a irradicação das lixeiras é uma das suas metas, bem assim a responsabilização dos autores dos crimes ambientais. Bem desejaríamos que assim fosse, mas infelizmente e apesar das várias reclamações já feitas, proliferam por aí muitas pequenas lixeiras, que são verdadeiros atentados à saúde pública, ao ambiente e à paisagem. A foto é da rua do Cabo, em Riba de Ave, a aguardar que o presidente da Junta assuma a promessa repetida de promover a sua limpeza.

PS absolve Constâncio

O Partido Socialista "salvou" Vitor Constâncio ao votar (sózinho) a favor das conclusões do inquérito da comissão parlamentar ao caso do BPN. Todos os restantes partidos votaram contra, tendo apontado falhas graves na supervisão do BP, e recordado as acusações de "roubalheiras" feitas por Vital Moreira, candidato do Partido Socialista às eleições Europeias do passado dia 7 de Junho. Honório Novo, do PCP, comentou assim as conclusões apresentadas pela deputada socialista Sónia Sanfona, relatora: " a rede de tipo mafioso do BPN poderia ter sido detectada e extirpada bem mais cedo, se o Banco de Portugal tivesse agido como devia. . E se não agiu, não foi por falta de indícios e inspecções, mas porque, ao nível da super-estrutura, não quis agir". Para outros deputados, o "branqueamento" do papel do BP não é de admitir, sendo prova de que os socialistas só quiseram "salvar" o colega de partido Vitor Constâncio. É para isso que serve o cartão "rosa"...

AUTÁRQUICAS - Candidatos em Riba de Ave

Depois do PS ter apresentado há tempos a candidatura de Amaro Ferreira Araújo, é agora Armando Carvalho, presidente da junta de freguesia de Riba de Ave, eleito pela coligação PSD/PP, quem vem anunciar a sua recandidatura às eleições de Outubro próximo. Também o Bloco de Esquerda tornou pública a decisão de candidatar o seu dirigente Adelino Mota, que foi já secretário da Junta de Freguesia durante dois mandatos e que desempenha actualmente o cargo de deputado pelo BE na Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão. Só a CDU não anunciou ainda o seu candidato, mantendo-se a expectativa quanto ao nome a apresentar por esta coligação.

Armindo Costa recandidata-se

Armindo Costa apresentou-se como candidato oficial da coligação PSD/PP â Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, recandidatura aliás esperada mas gerida para o timing julgado conveniente, que todavia pode ressentir-se da derrota do PSD em Famalicão nas "Europeias" recentes. Tendo afirmado em tempos que apenas estaria disponível para o exercício de dois mandatos, aí está o candidato a contraditar-se com esta terceira candidatura. Com ela, deverá estar concluida a grelha dos candidatos à Câmara, pois já todos os outros partidos tinham apresentado os seus cabeças de lista. Está, pois, aberta a corrida eleitoral autárquica no concelho, falte embora a composição completa das listas, e dos candidatos às juntas de freguesia, de que só se conhecem alguns. Abriremos dentro de dias um dossier, para registar opiniões e críticas, mas o debate está desde já aberto aos comentários de quem quiser fazê-los.

Concursos - Professores protestam

Confirmam-se resultados que são dos piores de sempre: mais de 99% dos candidatos não entrou nos Quadros!
Numa profunda e inaceitável manifestação de desrespeito pelos professores, o Ministério da Educação, em vez de tornar públicas as listas de colocação dos docentes, para 2009/2010, decidiu, antes, manipular os números para fazer crer o que não é verdade, pois a verdade, usando os números que o ME hoje mesmo tornou públicos, é que:- 99% dos docentes que concorreram para ingressar em quadro não o conseguiram (apenas entraram 417 dos cerca de 50.000 candidatos que apresentaram 65.464 candidaturas - menos de 1%);- 11.836 docentes que já pertencem aos quadros (40,9% do total de docentes dos QZP) não obtiveram colocação no novo quadro criado (Quadro de Agrupamento).
Perante estes números, pode dizer-se que este é um dos piores concursos de sempre, o que só consegue ser disfarçado pela manipulação de números, a um ponto que é de todo inaceitável. Por exemplo, nos quadros que o ME divulga no seu site, é indicado que entre Quadros de Agrupamento e de Escola, a relação vagas positivas / vagas negativas é a seguinte:
2005 - 4.430 / 7.358;
2006 - 6.303 / 5.969;2009 - 20.896 / 2.660.
Ora bem, estamos perante uma grosseira manipulação de números, com o intuito de enganar a opinião pública.
De facto, se o ME considera todas as vagas abertas para os novos Quadros de Agrupamento, que vieram substituir os QZP (que incluíam 28.926 docentes), não pode apenas considerar como negativas as do Quadro de Escola (as 2.660 referidas), mas acrescentar-lhe as que faziam parte do quadro que se extingue - o QZP - e essas são, segundo o Ministério, 28.926.
Isto é, no cômputo global, não há 18.236 vagas positivas este ano, mas, se a este número, forem subtraídas, também, as 28.926 que correspondem a docentes dos QZP que foram obrigados a concorrer para o Quadro de Agrupamento, e nele deveriam ser colocados, então o saldo é negativo, correspondendo a 10.690 vagas a menos.
Não se compreende, também, como pode o ME afirmar que, numa segunda fase, serão colocados mais 38.000 docentes dos QZP e contratados, quando as escolas ainda não fizeram o levantamento de necessidades após esta primeira fase de colocação. O que há são cerca de 38.000 docentes por colocar, entre QZP's e contratados de primeira prioridade, e outros tantos que são identificados pelo ME como "Outros candidatos".
A FENPROF, após uma análise mais detalhada das listas definitivas, pronunciar-se-á de forma ainda mais precisa, analisando a situação grupo a grupo, mas denuncia, desde já, a manipulação que o ME pretende fazer dos números e reafirma que estamos perante o concurso mais negativo dos últimos anos, que fará crescer, como nunca, as situações de instabilidade para docentes dos quadros e remeterá para o desemprego muitos milhares de docentes que aguardavam o ingresso em quadro ou, pelo menos, uma contratação.
Nota final: Numa primeira observação, verifica-se que a maior parte dos docentes que ingressou em quadro são dos grupos 350 (Espanhol) e 550 (Informática). Na Educação Pré-Escolar, no 1.º Ciclo do Ensino Básico, no grupo 910 da Educação Especial ou na generalidade dos grupos do 2.º Ciclo não houve qualquer colocação que correspondesse a entrada em quadro.
Fonte: Fenprof

Lisboa sem convergência eleitoral à esquerda

Fonte: Renovação Comunista

O Movimento Cívico, responsável pelo apelo à convergência dos partidos de esquerda para a Câmara de Lisboa, anunciou a inviabilização do mesmo, por não ter sido possível congregar vontades nessa direcção. Não surpreende o fracasso, uma vez que a iniciativa foi lançada fora do timing aconselhável, num momento em que os candidatos já estavam praticamente em campanha e a candidatura de António Costa, do Partido Socialista, se apresentava hegemónica e triunfalista. Fique mais uma vez a lição de que não podem aligeirar-se as dificuldades do caminho a percorrer para alcançar a convergência das forças de esquerda, objectivo que deverá mesmo tornar-se mais ousado, pois só no Governo se poderão adoptar políticas que sirvam o povo português. Os partidos estão ainda muito enquistados nos seus interesses como tal, e vai ser dificil arredarem pé deles. Sendo verdade que não há Democracia sem os Partidos, não é menos verdade que eles têm sido pedra de tropeço para o rasgar de caminhos de unidade, não resultando desse ensimesmamento vantagens para a luta dos trabalhadores. É nossa opinião que, neste momento, a convergência só iria beneficiar o PS - em muitas dificuldades devido às suas políticas de direita derrotadas nas eleições para o Parlamento Europeu - já que quer o PCP quer o BE estão apostados na confirmação dessa derrota nas Legislativas, para abrir caminhos a políticas diferentes daquelas que o governo de Sócrates vem aplicando contra tudo e contra todos. Partilhamos da opinião de que "a pluralidade da esquerda não tem de ser desvantagem, antes devendo constituir-se em oportunidade e vitalidade na construção do futuro", e que embora o apelo não tenha sido escutado(e bem, quanto a nós, neste momento), ficou claro que um número considerável de portugueses deseja essa convergência para vencer a direita e consolidar um verdadeiro programa de governação da Esquerda. "As virtudes do diálogo e aproximação constituem um investimento que o futuro reconhecerá como indispensável". Não se justificariam dissenções e rupturas, perante dilemas que não são de hoje. No horizonte próximo estão eleições que as forças de esquerda precisam de vencer, para ajudar a abrir as portas que a convergência reclama.

Exigências dos trabalhadores aos Partidos

O Conselho Nacional da CGTP-IN, na sua reunião de ontem, aprovou um documento para apresentar aos partidos políticos, consubstanciado em "propostas concretas visando compromissos claros, para que das eleições legislativas e autárquicas saiam programas de governação a favor dos trabalhadores e trabalhadoras e do desenvolvimento do país". A Central Sindical "formula 10 eixos estratégicos com vista a uma efectiva mudança de políticas", a saber:

- Criar emprego estável e com direitos e evitar os despedimentos;

- Garantir o direito constitucional de contratação colectiva;

- Valorizar o trabalho e os direitos dos trabalhadores;

- Promover o aumento real dos salários e das pensões, assim como do Salário Mínimo Nacional, de modo a alcançar 500 euros em 2011 e 600 euros em 2013;

- Reforçar a solidariedade, promover a coesão social e combater as desigualdades;

- Combater a precariedade;

- Alargar o acesso ao subsídio de desemprego, para que mais desempregados possam ser abrangidos pela prestação;

- Reforçar o serviço público e a protecção social;

- Reorientar as políticas económicas;

- Tornar o sistema fiscal mais equitativo.

Segundo a CGTP, "os trabalhadores e a população em geral têm a particular responsabilidade de através do seu voto poderem mudar a natureza das políticas seguidas", mas têm também o direito de propor e reivindicar, exigindo respostas sérias. È a luta dos trabalhadores e dos sindicatos, que muitos afirmavam ter esmorecido, mas que, pelo contrário, se manifesta enérgica e decidida a mudar as políticas de direita, que tanto mal têm vindo a causar ao povo e aos trabalhadores.

Mais lixeira?

O Bloco de Esquerda, pela voz do seu deputado Adelino Mota, na Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão, levantou preocupações quanto aos projectos da RESINORTE - que vai gerir o sistema intermunicipal de resíduos sólidos urbanos do Vale do Ave - de construção de uma central energética na ETRSU de Riba de Ave, destinada a queimar todo o lixo da região norte, ou seja: o lixo da AMAVE, Douro Sul, Alto Tâmega e Baixo Tâmega, cerca de 200 mil toneladas de lixo que não é aproveitado nem para aterro, nem para compostagem. O projecto passou, colhendo 63 votos a favor, de deputados do PSD, CDS e PS. Abstiveram-se alguns deputados do partido socialista e presidentes de Juntas de Freguesia, e votaram contra o BE, CDU e o deputado Tavares Bastos, do CDS, e os presidentes de Junta das Freguesias de Riba de Ave e Oliveira S. Mateus. O assunto traz à ribalta a luta travada em 1990 pela população de Riba de Ave contra a instalação da chamada "lixeira", que foi um dos primeiros protestos que se levantaram no país contra a instalação desses equipamentos, e que se revestiu de segmentos de grande tensão, como as manifestações, cortes de estrada, desfiles de crianças das escolas e protestos dos estabelecimentos de ensino, embargo administrativo e várias representações junto dos grupos parlamentares, sem esquecer a manifestação na presença de Mário Soares, aquando da sua visita à estação de tratamento de lixos. Apesar de tudo isso, a estação de tratamento de lixos foi instalada e entrou em funcionamento, e ainda hoje se sentem muitas vezes e intensamente os incómodos e cheiros dela provenientes. Esperamos que os representantes das populações locais e os partidos políticos assumam agora frontalmente as suas responsabilidades, vigiando todo o processo que se anuncia e que poderá vir a afectar ainda mais a qualidade de vida da população de Riba de Ave e das freguesias vizinhas. Registe-se que em 1990 a instalação da "lixeira" foi da responsabilidade da Câmara do PS, que contou com o apoio disfarçado do PSD, enquanto que agora é a Câmara do PSD a lançar o projecto, contando com o apoio do PS, já abertamente manifestado. Sempre iguaizinhos, a alternância é um embuste...

As duas faces da mesma moeda

Fonte: Ladrões de bicicletas

Segundo noticia o jornal i, a venda da rede básica de telecomunicações à Portugal Telecom(PT) por 365 milhões de euros, quando o valor contabilístico da mesma era, à altura, de mais de 2 mil milhões, foi fechado em 2002, no governo de Durão Barroso e quando era ministra das Finanças a actual lider do PSD Manuela Ferreira Leite. O negócio da PT serviu para a ministra controlar o défice português naquele ano, à imagem do que viria a acontecer no ano seguinte com a venda de créditos fiscais ao Citigroup por cerca de apenas 10% do seu valor, o que mostra que tais negócios foram ruinosos para os cofres públicos, sendo que a privatização da rede básica de telecomunicações custou a cada português cerca de 190 euros. Tais negócios voltaram agora à ordem do dia, com as acusações proferidas na Assembleia da República pelo PS. A líder do PSD ripostou, dizendo que a decisão política já estava tomada pelo governo anterior de António Guterres, quando chegou ao Ministério das Finanças, o que mesmo a ser verdade, diga-se, não impediria que a operação fosse cancelada ou renegociada sem custos para o Estado. Mas o que acontece é que a questão é outra. É a de que, como diz João Rodrigues, "estradas, prisões, aeroportos, matas nacionais, rede eléctrica, património histórico, hospitais, áreas protegidas e outras da esfera pública, sofrem uma progressiva canibalização pela via de engenharias políticas, envolvendo opacas parcerias público-privadas e complexas subcontratações ou dispendiosos subsídios fiscais, assim se entregando o controlo de equipamentos e infra-estruturas públicas à voragem de interesses capitalistas cada vez mais predadores". E nisso, têm sido iguais os partidos da alternância do poder, PS e PSD.

EUROPA à Direita

No jornal "Fraternizar" que acabamos de receber, dirigido pelo Padre Mário de Oliveira, da Lixa, pode ler-se um artigo de Frei Betto, teólogo brasileiro, em que o autor analisa o resultado das últimas Eleições Europeias para afirmar que entre as várias razões por que a Esquerda faliu na Europa reside o facto dela não reconhecer nem manter vínculos com os novos sujeitos históricos: imigrantes, desempregados, "minorias" excluidas e amplos sectores da classe média desamparados pelo fim do Estado de bem-estar social e o advento do neoliberalismo. Segundo Frei Betto, o que justifica a esquerda é a "existência de 4 mil milhões de seres humanos sobrevivendo abaixo da linha de pobreza", e essa realidade não tem sido tomada em conta pelos governos dos partidos socialistas ocupantes do poder durante vários anos na Europa. É por isso que milhões de eleitores buscam outros caminhos, um outro mundo possível, e que "O Capital", de Marx é hoje um dos livros mais vendidos na Europa.