segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pobres dos ricos...tanto lá como cá...


Pobres dos nossos ricos Mia Couto - Poeta Moçambicano


POBRES DOS NOSSOS RICOS


A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.

Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem.

Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados
usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

Necessitavam de forças policiais à altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem ...


MIA COUTO

(foto google)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Coveiros cultos e Assessores burros...

Assessor versus Coveiro - MEDITEMOS Assessor e coveiro
Porque também é bom que vamos meditando nestas coisas.
Ora atentem lá nesta coisa vinda no Diário da República nº 255 de 6 de Novembro 2008:

EXEMPLO 1
No aviso nº 11 466/2008 11 466/2008 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J.
Para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 3500 EUR (700 contos).
Na alínea 7:... "Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na "...
Apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."

EXEMPLO 2
No aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda à roda de 450 EUR (90 contos) mensais.
Método de selecção:

Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos.
A prova consiste no seguinte:

1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional.
2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;
3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
4. - Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.
5. - Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais.
6. - Os cemitérios fornecem documentação para estudo. Para rematar, se o candidato tiver:

- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.

7. - No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.

ISTO TUDO PARA UM VENCIMENTO DE 450 EUROS MENSAIS!

Enquanto o outro, com 3500!!! Só precisa de uma cunha.
Vale a pena dizer mais alguma coisa?!
Basta de cinismo e de hipocrisia.
Há que ter moralidade! Por estas e por outras, é que existem Coveiros cultos e Assessores burros ...

in a nete, enviado por S.R. - (foto google)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

DO POVO BUSCAMOS A FORÇA

(Foto google)

Poemas de Angola

DO POVO BUSCAMOS A FORÇA


Não basta que seja pura e justa
a nossa causa

É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós.

Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sobras no olhar
intenções estranhas.

Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.

Para alguns outros era uma bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas
inconfessáveis.

Outros viemos.
Lutar pra nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.

É ter a terra onde nascemos.

É sermos livres pra trabalhar.

É ter pra nós o que criamos

Lutar pra nós é um destino -
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.

Na mesma barca nos encontramos.Todos concordam - vamos lutar.

Lutar pra quê?

Pra dar vazão ao ódio antigo?
ou pra ganharmos a liberdade
e ter pra nós o que criamos?

Na mesma barca nos encontramos
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos!

Mantivemo-nos firmes: no povo
buscámos a força
e a razão

Inexoravelmentecomo uma onda que ninguém trava
vencemos.

O Povo tomou a direção da barca.

Mas a lição lá está, foi aprendida:

Não basta que seja pura e justa
a nossa causa

É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós

AGOSTINHO NETO

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Freguesia de São Mateus - V. N. Famalicão

NÓS A TRABALHAR SÃO MATEUS A GANHAR

Foi com esta palavra de ordem que o meu amigo Carlos Repente apresentou a sua candidatura nas autárquicas 2009, candidatura "independente" denominada - Cidadãos por São Mateus CPSM XVIII, (apoiada pelo ppd/psd) inúmera no programa eleitoral com que se apresentou ao acto eleitoral um conjunto de obras muito vago, mal explicadas e uma grande parte delas da responsabilidade da Câmara Municipal que podem ser ou não efectuadas pela JF conforme sejam ou não subscritos protocolos de acordo entre as partes.
Numa manifesta caça ao voto refere a realização duma série de obras e benfeitorias, umas da responsabilidade da JF, (não do seu presidente) outras resultantes de protocolos e outras avocadas às relizadas pela CM.
Faz ainda menção às instituiçõs, revela o seu empenhamento, participação pessoal e orgulho na concretização destes projectos. Eu tenho o maior respeito pelo voluntarismo pessoal do Carlos Repente mas os subsídios atribuidos, o terreno doado pela JF, não são nem empenhamento, nem participação pessoal, nem orgulho do Carlos Repente mas constituiem obrigações repartidas pelos orgãos autárquicos AF, JF, AM e CM e de que os famalicenses se orgulham e o Povo de São Mateus se regozija.
No ponto de apoios do seu programa e no que ainda há muito trabalho a fazer repete as promessas às instituições e repete as obras da responsabilidade da JF, as que resultam dos protocolos e avoca de novo as que são feitas pela CM
No que ainda concerne ao seu programa eleitoral diz: "vamos continuar atentos às dificuldades económicas, de fome e doença assim como outra necessidades" . Este foi o plouro do antigo tesoureiro e que lhe valeu a duplicação de votos e ser a segunda força mais votada na Freguesia e contribuiu com o seu trabalho para a maioria absoluta da lista "independente do Carlos Repente.
Numa carta à população de São Mateus com a palavra de ordem "POR SÃO MATEUS HOJE E SEMPRE CARLOS REPENTE" o actual PJ escrevia: "Aproveito, também para agradecer a todos quanto me têm apoiado, desde membros das Assembleias da Junta à população em geral, tanto no passado como no presente, e acredito qua assim também será no FUTURO". Nós sabemos que o PJ agradeceu da pior maneira. Mas como diz o nosso Povo: "Quem semeia ventos colhe tempestades" e tem sido um pouco isso que tem acontecido nas últimas AF.
Importa colocar algumas questões que não tem nada com o facto onde está ou foi vista a carrinha da Junta mas que são muito mais pertinentes e a ser verdadeiras são muito mais graves que o uso que o ps julga que está a ser dado à carrinha a saber:
1. a questão dos tarefeiros tem que ser vista à lupa não porque este não quer trabalhar com aquele mas para saber se estes tarefeiros passam recibos das importancias recebidas pela venda da sua força de trabalho. O exame minucioso das contas não é revelador. Por isso, torna-se necessário que esta questão seja esclarecida?
2. como são pagos os alugueres do trator do tarefeiro?
3. a pavimentação do passeio que vai da piscina até à igreja resulta dum protocolo ou administração directa de obra pela JF. O que importa saber é onde estão os recibos do tarefeiro que executou o trabalho?
4. ou como parece resultar das contas, (não contestadas pelos eleitos) os gastos em gasóleo devem ter uma muito difícil explicação analítica ou então servem para pagar tudo isto!
5. conviria explicar também uma autorização (ilegal) de ligação à rede de aguas pluviais dum cano de saneamento!
6. para terminar torna-se necessário saber como foi possível que um tanque ou poça e bica de àgua públicos tenham passado a propriedade privada.
Quem souber que responda?

Sérgio Ribeiro

terça-feira, 25 de maio de 2010

Os trabalhadores têm de se indignar









Os trabalhadores têm de se indignar

Os ricos para serem cada vez mais ricos obrigam os trabalhadores a ficar mais pobres.


O Governo ameaça os trabalhadores e a população mais desfavorecida com aumentos de impostos, o que é de todo intolerável perante as gritantes desigualdades que grassam pelo país, a todos os níveis. O Governo semeia injustiça em cada medida. É uma marca da sua política classista a favor dos mais poderosos. As medidas que o Governo se propõe tomar para diminuir o défice têm como efeito diminuição dos rendimentos do trabalho, o empobrecimento de quem vive exclusivamente desses rendimentos e, ainda, pensionistas que maioritariamente vivem das pensões mínimas, além dos desempregados. A CGTP-IN apela aos trabalhadores, aos reformados e aos desempregados que se indignem contra estas políticas e exijam outras políticas.

http://www.cgtp.pt/index.php

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sócrates falou ao país


João Martins ( postagem retirada do blog : Movimento Apartidário da Cidade de Loulé ) http://macloule.blogspot.com/

Frase do dia

FRASE DO DIA:

"Se estamos mesmo destinados a seguir o caminho dos gregos, então comecemos por envenenar o Sócrates."

Bah! Realmente, um calicezinho de cicuta era capaz de não ser má ideia...

- enviado por Sérgio Ribeiro -

Medidas de austeridade

Artigo de Manuel Alegre sobre as medidas de austeridade
Três dimensões para uma crise
16-05-2010 Manuel Alegre, DN



"Ninguém gosta de medidas que vão penalizar os portugueses como o imposto sobre o trabalho e sobre o consumo e a redução de algumas prestações sociais como o subsídio de desemprego. O problema está em saber se havia alternativa. Não sou pessoa para se esconder e fugir às suas responsabilidades. É minha obrigação política reconhecer que esta é uma hora de dar a cara e enfrentar sem subterfúgios a dura realidade."
Três dimensões para uma crise

O novo pacote de medidas de austeridade deve ser analisado segundo três grandes dimensões:
1. A dimensão financeira global

A crise financeira mundial foi fruto da desregulação dos mercados. Não é possível resolvê-la repetindo as mesmas receitas. É urgente um novo paradigma e uma nova regulação financeira global que, entre outras coisas, ponha termo à desvergonha especulativa, ao poder excessivo das agências de notação de dívida e à criação de produtos tóxicos. É o que defende, por exemplo, Paul Krugman, que alerta também para o facto de a ideologia conservadora que justificou a desregulação continuar a resistir a qualquer mudança. Se não houver reformas, é inevitável um novo desvario financeiro e o recrudescimento do processo que provocou a crise actual. Com consequências porventura muito mais graves. E com o risco de colapso do sistema actual sem a existência de um modelo alternativo. Uma espécie de queda do Muro de Berlim ao contrário. Sem nada de um lado e do outro.
2. A dimensão europeia

Durante a recente crise, a UE primou pela falta de comparência. A esta não existência juntou-se a passividade do Banco Central Europeu. Ou cumplicidade, com o financiamento dos fundos especulativos a juros baixos pelo próprio BCE, através de emissões de moeda para a banca comercial tendo como garantia as próprias dívidas dos Estados. Só pela pressão do ataque especulativo é que a UE resolveu agir. Criou o Fundo de Estabilidade Financeira e fez uma espécie de ultimato a vários Estados, entre eles Espanha e Portugal. Outros mecanismos, como o reforço da supervisão e a criação da agência de rating europeia estavam previstos desde 2008. Mas ficaram no papel. Como declarou Jacques Delors, a Europa não pode ser apenas um projecto de moeda única, tem de ser um projecto económico e social, que assegure o crescimento, o emprego e a coesão.
3. A dimensão imediata e nacional

A situação portuguesa é complicada, devido à dívida externa (sobretudo privada) e às fracas expectativas de crescimento. As medidas agora aprovadas como resposta à exigência do acordo europeu para garantir a estabilidade do euro e enfrentar os ataques especulativos destinam-se a dar maior credibilidade ao País para o exterior. Trata-se de diminuir o défice e a dívida para preservar a soberania e recuperar maior autonomia de decisão. É necessário que sejam explicadas com clareza, verdade e rigor. Sem pedidos de desculpas nem evasivas. E é sobretudo necessário que sejam enquadradas numa visão estratégica para o futuro, com garantias de que são transitórias e serão completadas por outras que tenham em conta a economia e abram perspectivas ao crescimento e ao emprego. Segundo alguns economistas, poder-se-ia talvez, como acentuou o Dr. António Carlos Santos, ter dado, do lado da despesa, mais atenção ao desperdício, nomeadamente em institutos e empresas municipais que não se justificam. Do lado da receita, deve reconhecer-se que houve um esforço na repartição da carga fiscal. Há quem sugira que podia manter-se a taxa reduzida do IVA (expurgando produtos que estão a mais nesta lista) e também garantir a intangibilidade do mínimo de existência no IRS. Recorde-se que Obama criou um imposto sobre a banca e que, em Espanha, ao contrário de Portugal, a banca paga um imposto superior à generalidade das empresas.
Ninguém gosta de medidas que vão penalizar os portugueses como o imposto sobre o trabalho e sobre o consumo e a redução de algumas prestações sociais como o subsídio de desemprego. O problema está em saber se havia alternativa. Não sou pessoa para se esconder e fugir às suas responsabilidades. É minha obrigação política reconhecer que esta é uma hora de dar a cara e enfrentar sem subterfúgios a dura realidade. Desejo, obviamente, um alargamento do diálogo, quer no plano parlamentar quer no plano social. Parece-me igualmente necessário que o plano para as finanças públicas seja acompanhado por um plano para a economia, tendo em vista o crescimento e o emprego.
Finalmente: como afirmou o prof. José Reis a um jornal brasileiro – "Só quando as economias industrializadas refundarem o seu modelo social e político e a UE se reinventar através de novas formas de economia mista, em que Estado, mercado e sociedade encontrem uma nova relação, assente no emprego e no bem-estar, será razoável pensar na superação da crise."
Portugal sozinho não pode mudar o mundo. Mas pode pensá-lo e pensar-se numa outra perspectiva, para que não se entre num novo ciclo de austeridade, recessão, mais austeridade, mais recessão e mais desemprego. Os políticos têm de ter a coragem de assumir e partilhar as horas e medidas difíceis. Mas também o talento para inventar novas soluções e abrir novos horizontes.


Manuel Alegre
(enviado por Sérgio Ribeiro)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

29 de Maio - Manifestação Nacional

CGTP-IN
GRANDE MANIFESTACÃO NACIONAL
29 DE MAIO EM LISBOA


RESOLUCÃO
Existem e exigem-se políticas alternativas


A CGTP-IN reconhece o significado das dificuldades que os desequilíbrios das finanças públicas e do endividamento externo podem causar ao Estado, às empresas e às famílias, em particular, no que respeita ao agravamento das condições e do próprio acesso ao crédito. Por isso a CGTP-IN apresentou um conjunto de propostas indispensáveis para a recuperação económica e desenvolvimento do país, para o reequilíbrio das contas públicas pela via do aumento das receitas e da redução das despesas públicas.
É indispensável continuar a exigir a alteração aos critérios do PEC e o alargamento do prazo de redução do défice público para além de 2013, de forma a não ser posto em causa o crescimento e o desenvolvimento, e a evitar que o povo seja submetido a sacrifícios desnecessários.
É possível e indispensável dinamizar o sector produtivo, fazer a reindustrialização do país e dar combate firme à economia paralela, à corrupção e à ilegalidade.
É preciso o crescimento dos salários e das pensões, para estimular a economia nacional interna, para promover o emprego e dar combate às políticas geradoras da pobreza.
É imperiosa uma resposta adequada às prioridades sociais, principalmente ao flagelo do desemprego, reforçando a protecção social.
É necessário o acesso universal aos serviços públicos e a sua melhoria.
É indispensável a melhoria da qualificação, incentivando a formação profissional e a investigação, num contexto geral de afirmação da qualidade de emprego.
É possível e necessário cortar desperdícios e gastos desnecessários.
É imperioso alargar a tributação das mais valias às SPGS e aos Fundos de Investimento. Suspender os benefícios fiscais em IRS, tributar os dividendos de capital em 30%, e tributar as grandes fortunas.
É possível e necessário aumentar as receitas do Estado, fazendo pagar quem não paga impostos, o que exige o combate à fraude e evasão fiscal e contributiva e a eliminação de benefícios fiscais socialmente injustos.
É preciso pôr fim aos offshores, implementar medidas de taxação fiscal sobre as transacções financeiras internacionais, regular seriamente o sistema financeiro e acelerar radicais mudanças no seu funcionamento.

Resistir às imposições e fazer conquistas para os trabalhadores na luta do dia-a-dia nos locais de trabalho
A acção e luta sindicais, que temos de intensificar, constitui o caminho para a conquista de ganhos para os trabalhadores em termos de defesa de emprego, do direito e da efectivação da contratação colectiva, de garantia de direitos, de melhoria de salários, de combate à precariedade, de travagem objectiva aos efeitos dos pacotes de medidas que vão sendo anunciados.

29 de Maio, uma grande manifestação de indignação, de confiança no futuro, de exigência de mudança
Exigimos a abolição das medidas fortemente penalizadoras dos desempregados, dos trabalhadores e dos reformados e a adopção de políticas alternativas justas e mobilizadoras da sociedade. Com uma forte participação de trabalhadoras e trabalhadores, empregados e desempregados, de jovens, de reformados e pensionistas, de todos quantos são atingidos pela violência e injustiça destas políticas daremos expressão à justa indignação que os portugueses e portuguesas sentem e tornaremos possível o caminho para a mudança.
Apelamos e exortamos os trabalhadores a darem um combate sem tréguas às inevitabilidades, à submissão, ao amorfismo!
Comprometemo-nos com o reforço da acção para a exigência de politicas mais justas e solidárias, com a luta de quem trabalha, de quem está desempregado, de quem sofre com violentas precariedades, combatendo o desespero em que querem colocar uma parte significativa da população.
Vamos juntar todos os descontentamentos e protestos na luta pela defesa dos direitos e da dignidade de quem trabalha.
Vamos esclarecer, mobilizar, unir forças e vontades dos homens, das mulheres, da juventude, aumentando a capacidade reivindicativa e a dimensão da luta nos locais de trabalho e desenvolver iniciativas publicas de indignação e protesto face à violência das medidas que estão a ser desenvolvidas.

Vamos fazer uma Grande Manifestação Nacional, no próximo dia 29 de Maio, em Lisboa, construindo um momento alto da contestação a estas políticas injustas e violentas, exigindo um novo rumo para Portugal que coloque os trabalhadores e o povo no centro das prioridades da política económica e de toda a acção política necessária ao desenvolvimento do país.
O futuro exige-nos o alargamento da base de mobilização, a intensificação e ampliação da luta.



Lisboa, 15 de Maio de 2010

O Plenário Nacional de Sindicatos

O ULTIMATUM


O Ultimatum


Voltei no final do fim de semana. Sócrates não decretou mais mudança no mundo nas últimas 48 horas mas prepara-se para provavelmente o fazer. Nas suas mágicas palavras, somos novamente os campeões do crescimento à escala internacional. Alguém que diga ao homem para ficar calado. Eu já não o aguento mais.
Na mesma semana que o conceito marxista de alienação (de que não sou grande apreciador) se podia aplicar que nem uma luva a uma boa parte do povo português; o menino Jesus levou o Benfica ao colo e o Papa foi-se embora "reconfortado" com o nosso país, nos bastidores da vida política, em Bruxelas, cozinhava-se o Ultimatum que se iria impôr a Portugal. Como ironizou alguém com argúcia num conhecido blogue nacional, faltou ligar a torradeira para ver se nela aparecia a missa Papal.
O Ultimatum de que vos falo nada tem que ver com os Ingleses, que em Janeiro de 1890, nos provocaram uma das maiores vergonhas nacionais. O Mapa de África foi retraçado a seu belo prazer e a Portugal só restou ficar com a tradicional resmunguice nacional.
Este Ultimatum de que vos falo é o primeiro grande Ultimatum imposto a Portugal no século XXI. O povo a pão e água, a miséria nacional anunciada por Sócrates com pompa e circunstância, foi mais uma vez o símbolo da perca da relativa indepêndencia nacional.
A partir do mês de Maio de 2010, o orçamento português tem que ser aprovado em Bruxelas. Para os tecnocratas que nos governam e que habilidosamente nos levaram ao fundo do poço, tudo isto não passa de uma mera decisão técnica que passa a ser decidida pela deusa "Europa". Para quem reconhece que o orçamento é sobretudo uma questão política tal significa a morte da democracia em Portugal.
Se até os dias de hoje o dogma pseudo técnico-científico dos 3% do PIB como critério de convergência, ainda era o resto que sobrava de política, a partir da visita Papal a Portugal, morreu a política. A partir de agora é ainda mais indiferente quem nos governe do Bloco Central. Coelho fará como Sócrates, que o mesmo é dizer, limitar-se-á à politica do rabinho entre as pernas. Foi assim em 1890. Foi assim em 2010. Que triste sina. Que triste fado.


João Martins in o macloulé - enviado por SR

sexta-feira, 14 de maio de 2010

36 anos de Abril!


Como estamos hoje portugueses, 36 anos depois da Revolução de Abril? Resposta difícil a uma pergunta de contornos mal definidos. A vastidão globalizante que enforma uma pergunta deste tipo só pode ter como resultado uma igual resposta vaga. Mas vale a pena dizer qualquer coisinha sobre o assunto. O Portugal pobre e honrado de Salazar está em vias de extinção. O país rural, pobre e analfabeto mudou totalmente a sua faceta. As habitações dos portugueses na sua maioria já não têm ratoeiras e ratos. Já não há retretes nas cozinhas. Os pés descalços, andam agora, mais ou menos, confortavelmente calçados. Já não se vai à boleia para a praia. Raramente se cospe para o chão e os dentes dos portugueses sofreram uma considerável melhoria. O desmancho passou a interrupção voluntária da gravidez e a pouca criançada que hoje vem ao mundo tem quase cem por cento garantida a sua sobrevivência. Somos hoje mais altos e temos melhor saúde. A minha avô já não diz que vem aí a PIDE para me conseguir meter em casa e os turistas já não olham para nós como europeus de terceira categoria. Os livros da Gina já não fazem sensação e a censura oficial já não tem cartas de alforria. Já não há partido único e vão diminuindo os "chefes" de família. Elas já não precisam de autorização para casar e os isqueiros já não precisam de licença. Um romântico beijo de namorados no Jardim dos Namorados já não dá visita ao posto e as reguadas da minha professora primária seriam hoje uma violência. Acabou-se a autoridade que não se discute e as crianças ganharam direito a existir. A passagem pela guerra de África ou pelo exilío no estrangeiro ficou para os armazéns da memória e a emigração a salto para França já faz parte da história. Aprende-se mais e melhor e a ignorância em massa foi à vida. TV Cabo, Vodafone, computador, wirless, i-pad, youtube, magalhães e internet são o pão nosso de cada dia. Quase toda a gente tem televisão, carro, telemóvel, frigorifico, torradeira e máquina de lavar. Muitos têm casa própria e poucos dispensam o centro comercial. Vive-se mais tempo e com maior qualidade de vida. Viaja-se mais e mais barato. Sentimo-nos mais europeus. Temos o sentimento de fazer parte do globo. Abril abriu-nos a porta ao mundo. Abril foi um dia feliz. Mas a pobreza não se foi embora de todo. As desigualdades ainda escandalizam. A corrupção grassa no aparelho de Estado e nas autarquias. Os partidos políticos perderam o crédito. A economia arrasta-se. O aparelho produtivo tem dificuldades na sua reconversão. A imigração explodiu mas a emigração ainda é maciça. A cidadania apesar de crescer, é ainda diminuta. O desemprego e o precariado instalaram-se na estrutura societal. A incerteza coartou a capacidade de fazer futuro e o medo traz consigo a insegurança. Instala-se o descrédito e hipoteca-se a esperança e a "globalização" e os "mercados" ameaçam com a bancarrota. Novos tempos com novos graves problemas. Não precisamos de um novo Abril. Precisamos de mais Abril. Democratizar a democracia. Diminuir as desigualdades. Reduzir a pobreza. Tornar justo o sistema de justiça. Igualizar as oportunidade sociais. São as utopias realistas que fazem o mundo andar para a frente. Portugal precisa urgentemente de utopias realistas. E de políticos capazes de as estimular.


João Martins in o macloule - enviado por Sérgio Ribeiro

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Cantiga de Amigo - Ary dos Santos

AUGUSTA...PARA TI ...CUNHA!


Cantiga de Amigo

Nem um poema

nem um verso

nem um canto

tudo raso de ausência

tudo liso de espanto

e nem Camões Virgílio Shelley Dante ---

o meu amigo está longe

e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai

tudo calado

todos sem mãe nem pai

Ah não Camões Virgílio Shelley Dante! ---

o meu amigo está longe

e a tristeza é bastante.

Nada a não ser este silêncio tenso

que faz do amor sozinho o amor imenso.

Calai Camões Virgílio Shelley Dante:

o meu amigo está longe

e a saudade é bastante!


Ary dos Santos

(Foto google)


Augusta

Comemorar Abril por Sérgio Ribeiro


Caro Cunha, o longo caminho que percorremos juntos, a amizade, camaradagem e consideração mútua, faz com que todos os dias visite o teu Blogue. É esta forma virtual de te visitar e de te falar que vai aplacar o vazio e a saudade que a tua partida inesperada e repentina nos deixou. Foi a tua grata lembrança meu caro amigo que me levou ao "fugitivo" para duma forma solidária comemorar Abril.
Pude confraternizar com amigos e camaradas, reviver o simbolismo das "revoluções" de faca e garfo como aquelas em que participamosciclicamente muitas vezes nos 5 de Outubro ou 31 de Janeiro.
Esperava que esta comemoração fosse uma manifestação popular e solidária que os seus mentores e responsáveis vindos do n°. 200 do Campo da Feira em VNF, de Braga e com o beneplácito do membro do CC presente não fossem "vesgos", capazes de transformar a comemoração do 25 de Abril num comício do PCP com uma intervenção política concelhia e outra distrital com citações justas dos poetas mas esquecendo aqueles que partiram e que são os primeiros a estar de pé ao nosso lado.
E convêm recordar pelo contributo que cada um deu para que as portas que Abril abriu ninguém mais as cerrará:
O Zé da Quelha, o Noronha, o Agostinho, o Tarciso e o Manuel Cunha.
No teu caso Camarada os do n°. 200 do Campo da Feira vão ter que explicar, pois, ainda não disseram porque não estiveram presentes no dia em que nos deixaste. Como a Zé Peixoto escreve e eu subscrevo.
Que saudades Amigo, que saudades!
Sérgio Ribeiro