terça-feira, 28 de setembro de 2010

Carta do avô Abílio para a neta Raquel no dia dos seus 8 anos

Perante os acontecimentos xénofobos que a Europa tem vivido recentemente, entendemos publicar este bonito texto da autoria de Abílio Machado, pedagogicamente dirigido à sua neta, no dia em que esta fez 8 anos de idade.Profundamente afectivo e de leitura fácil, este texto comporta uma grande lição para todos quantos ainda não são capazes de olhar "O Outro" como nosso igual... com as diferenças inerentes à cultura de cada Povo. Olhar "O Outro" sem sobranceria é não só um Dever de cada um de nós... mas também um Direito... um Direito que assiste apenas aos "Grandes"... de formação e de carácter.




23 DE SETEMBRO DE 2010

PARA A MINHA QUERIDA RAQUEL, companheira de aventuras
Hoje não te quero falar de aventuras, de acampamentos, de caminhadas,
de lagoas, de paisagens, de rios de águas quentes…
Hoje vou falar-te de pessoas, de povos, dos povos que povoaram e povoam
o nosso país .

A origem dos povos é um assunto interessante, mas às vezes difícil de entender.

Nós, os Portugueses, quem somos ? De onde viemos? Que outros povos nos criaram?

Portugal e Espanha formam a Península Ibérica . Chama-se assim porque era habita-
da por um povo de guerreiros chamados Iberos .
Além dos Iberos, em Portugal havia também uma tribo de homens valentes e corajosos chamados os Lusitanos .
Estes eram os povos que habitavam o nosso país .

Veio depois um povo de Itália – os Romanos – que nos atacou . Os Lusitanos lutaram
ferozmente contra eles mas perderam : o exército romano era mais forte e venceu.
Os Romanos ficaram aqui anos e anos …
Depois, muitos anos passados, vieram outros povos – os Visigodos e os Celtas .
E por cá ficaram …

Todos estes povos trouxeram coisas novas que nos ensinaram.
Os Romanos trouxeram-nos a língua deles, o Latim. O português que nós falamos
vem do Latim . Ensinaram-nos a fazer estradas e construir pontes : ainda hoje exis-
tem em Portugal muitas pontes e estradas desse tempo .
Os Visigodos construíram aqui lindas igrejas . Já não há muitas para se ver …
Os Celtas eram grandes artistas e artesãos : faziam ricas peças em ouro e cantavam
e tocavam músicas divinas .
Muitos temas de origem celta são cantados ainda hoje pelo nosso povo…

Mais tarde vieram os Árabes. Estes ensinaram-nos muitas coisas.
Plantaram aqui laranjeiras e limoeiros…Ensinaram-nos até a regar as plantas.
Fizeram escolas de filosofia e medicina…
Eram grandes poetas, cantores e instrumentistas.
O adufe é um instrumento árabe e o fado - que é uma canção só cantada em Portu-
gal - é também de origem árabe. Mesmo muitas palavras - como Algarve, azeite - são de origem árabe.

Todos os povos que aqui passaram trouxeram coisas novas, ensinaram-nos novas
técnicas, deixaram-nos a sua língua …
Aprendemos muito com eles . Mas eles também levaram daqui coisas que aprende-
ram conosco .

Porém, do que te queria falar, não era destes povos . Quando estudares história,
verás como é lindo saber como surgiram estes povos e como são diferentes entre si .

Hoje queria falar-te doutro povo : os Ciganos.
E por quê ? Porque outro dia me disseste uma coisa : “ Não gosto dos ciganos”.
E isso deixou-me triste e a pensar … a pensar que a minha neta não gosta dos ciganos
porque não sabe quem eles são, de onde vieram …

Vou-te contar a história deles …

Sabias que eles também têm uma bandeira ? Aí tens a imagem .
Já vais perceber porque é que o símbolo principal é uma roda .
E têm uma língua própria : o romani, embora muitos já não a falem .




Os Ciganos vieram da Índia . Como muitos outros povos, vieram à procura de
novas oportunidades, de novas relações, de novas culturas…
Houve muitos que foram perseguidos e por isso fugiram do seu país.
Por volta do séc. XI, saíram da Índia e começaram a viajar para o Ocidente.
Chegaram ao Irão, Palestina , Turquia e no séc. XII já tinham chegado à Europa.
Terão chegado a Portugal e Espanha no fim do séc. XV.

Estes povos são chamados povos “nómadas”. O que é isto ?
São povos que não têm casa fixa, como nós. Como não têm casa, estão sempre a
viajar e assim passam de país para país …
Viajam, como muitos ainda hoje fazem, em carroças, puxadas por cavalos…
Percebes agora porque o símbolo da bandeira é uma roda …
Nelas trazem tudo o que têm : panelas, roupas, os filhos…
Nem sempre estas viagens corriam bem, nem sempre eram bem recebidos pelos
outros povos…
Em muitos países foram mesmo perseguidos, mortos e expulsos…
Diziam estes povos que os Ciganos roubavam e vendiam o que roubavam.
Também os acusavam de rogar pragas e ler a sina…
De facto, os Ciganos dedicavam-se a comprar e vender cavalos, faziam cestos
de vime e artigos de latoaria …

São povos muito pobres, viviam a mendigar, não iam à escola…
Os Ciganos mais velhos não sabem ler nem escrever.

Mas as coisas estão a mudar…
Muitos Ciganos hoje já não andam de terra em terra, como antes…
Como têm muito jeito para o comércio, os Ciganos andam de feira em feira
a vender tecidos e sapatos … Já não andam de carroça. Hoje andam em carrinhas e muitos têm já casas onde morar.
Por isso, começaram a ver que era importante mandar os filhos para a escola.
Lá aprendem coisas novas e brincam com meninos não-ciganos…
Mesmo assim, os pais ainda não deixam as meninas ciganas ir à escola…

Os Ciganos são um povo com muitas qualidades. São bons artistas : cantam e dançam muito bem . Os meninos aprendem a cantar e dançar desde pequenos…
Têm muito jeito, como já te disse, para o comércio. Às vezes, como todos os co-
merciantes, também enganam as pessoas…
São um povo muito unido e solidário : quando um deles está doente, vai a família
toda visitá-lo e esperam à porta do hospital que ele fique curado…
São amigos das pessoas que gostam deles… e têm um grande respeito pelas pes-
soas mais velhas da família.
É verdade que às vezes são um pouco agressivos e zangam-se; é verdade que às vezes não tomam banho e cheiram mal… Ainda não têm hábitos de limpeza, como
nós…
Há ainda hoje muitos Portugueses que não tomam banho com frequência. Nem por isso deixamos de gostar deles .

Estou a terminar .
Gostaria que a partir de agora pensasses : a todos os povos podemos ensinar e com todos podemos muito aprender . SE SOMOS DIFERENTES, SOMOS MELHORES .

Texto de Abílio Machado

Enquanto avó da Raquel, é com um indescritível orgulho que partilho todas as palavras que o avô Abílio tão sabiamente lhe dirigiu. Estou certa de que todas elas seriam abraçadas sem hesitação pelo Bisavô, autor deste Blog, que, em sua homenagem, temos tentado manter activo... modestamente.
PARA TI, MINHA QUERIDA NETA, DAQUI DE FREIXO DE ESPADA À CINTA UM BEIJO DO TAMANHO DO MUNDO.
Avó Lua

É fazer a conta







é fazer a conta
Faço parte desse grupo de um milhão de pessoas que no início do mês de Setembro recebeu uma carta da Segurança Social. Nela, sou convocada a fazer prova da minha condição de recursos entre os dias 10 e 30 deste mês. No meu caso, o que está em causa é manter ou perder os 22,59 euros que recebo de abono de família.

A minha primeira estranheza surgiu quando li nessa carta que «as provas são, obrigatoriamente, efectuadas no sítio da Internet da Segurança Social» (bold no original). Dei comigo a pensar que não só ninguém pode ser obrigado a saber usar a internet, como também me parece que quem recebe prestações sociais, como o subsídio de desemprego ou o rendimento social de inserção, não terá propriamente como prioridade investir numa ligação à rede. Mas isto, evidentemente, sou só eu a pensar.

Obedientemente lá acedi ao tal sítio da internet e, segunda estranheza, estava fora de serviço com o seguinte recado: «O acesso ao Sistema está temporariamente indisponível, devido a este facto não será possível a consulta de alguns serviços».
Voltei a tentar uns dias depois e, estando o site a funcionar, deparei-me com uma nova dificuldade. A determinada altura pedem-me que especifique o montante do saldo das contas bancárias do meu agregado familiar no dia 31 de Dezembro de 2009. Além de, evidentemente, não fazer a mínima ideia de qual era o saldo das contas nessa data específica, também não percebia se se referiam a contas à ordem ou a contas poupança ou às duas. Se calhar é uma dúvida parva, mas pronto, eu cá não estava capaz de chegar lá sozinha.
Li novamente a carta recebida e descansei porque percebi que os serviços tinham acautelado a possibilidade de existência de dúvidas, o que, além do mais, prova que ter dúvidas é legítimo. «Em caso de dúvida, ou para qualquer esclarecimento, pode telefonar para o centro de contacto VIA SEGURANÇA SOCIAL [maiúsculas carregadas no original] pelos seguinte números: 808 266 266 (das 8h00 às 20h00, dias úteis, e a partir do dia 1 de Setembro das 8h00 às 22h00». Pois, o problema é que tendo telefonado neste horário, o serviço estava indisponível.
Hoje andei de banco em banco a pedir os extractos das contas do meu agregado familiar em 31 de Dezembro de 2009. E, claro, esta indispensável informação tem um preço. Na CGD, por exemplo, vale 4.81 euros (+IVA). Oooops... lá se foi uma prestação do abono!
Ontem, as notícias davam conta de que os beneficiários das prestações sociais tinham entupido os serviços da Segurança Social, ou porque não percebiam o que lhes era pedido, ou porque não tinham internet, ou porque não conseguiam aceder ao site, enfim, cada qual com os seus dramas. Ou seja, muitas destas pessoas estavam a perder um dia de trabalho. Oooops... lá se foram mais uma ou duas prestações do abono!
Entre o tempo perdido a aceder a um site que não funciona e a tentar esclarecer as dúvidas numa linha de atendimento que está indisponível, os extractos bancários que é preciso pedir e pagar, as filas que há a enfrentar, duas ou três das prestações mensais que recebo são consumidas neste processo.
Os bancos, esses é sempre a embolsar. Mas serão os únicos? Eu pergunto-me é quanto poupará o Governo com esta operação? Quantas pessoas vão ser excluídas das prestações sociais a que têm direito por não terem sido capazes de aceder à internet, de compreender o que lhes era pedido e de terem resolvido a questão dentro do prazo estabelecido?
É que a carta é igualmente clara para estas situações: «Se não prestar essas provas as prestações serão suspensas» e «As falsas declarações têm como consequência a inibição do acesso, durante 2 anos, às Prestações Familiares, ao Rendimento Social de Inserção, ao Subsídio Social de Desemprego, bem como aos Subsídios Sociais de Protecção na Parentalidade» (negrito no original). Por isso, inventar está fora de questão. Ao cêntimo, se faz favor.
Como dizia o outro, é fazer a conta.

Andrea Peniche in Maioria relativa e visto no http://macloule.blogspot.com/
Sérgio Ribeiro

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quero regressar à normalidade!


Quero regressar à normalidade
por João Carvalho in o blogue delitodeopiniao



Tive sempre muita dificuldade para encarar as médias absurdas para se entrar em determinados cursos superiores essenciais, como o de Medicina, mas confesso que é a primeira vez que assisto ao ingresso de alunos com médias negativas em cursos que devem conceder licenciaturas ao domingo.


Este sítio onde se fala de "exigência" à exaustão não é no meu planeta.



Tenho de arranjar maneira de deixar esta terra cheia de cursos superiores, como os de Guias da Natureza, de Plantas Aromáticas, etc., e ver se regresso ao meu planeta, que era um lugar com cursos normais e exigências normais para gente normal.



Tirem-me daqui.


Adenda -- Nem tudo é mau.



Por falta de candidatos, não vão em frente os cursos superiores de Motoristas de Táxi, de Bolos de Casamento, de Alimentadores de Formigas e de Línguas Técnicas.



Postado por Sérgio Ribeiro

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Poema !




fernando pessoa








"Um dia a maioria de nós irá separar-se.

Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,

das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,

dos tantos risos e momentos que partilhámos.



Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das

vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...

do companheirismo vivido.



Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.


Hoje já não tenho tanta certeza disso.

Em breve cada um vai para seu lado, seja

pelo destino ou por algum

desentendimento, segue a sua vida.



Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas

que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...

Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto

se tornar cada vez mais raro.



Vamo-nos perder no tempo...



Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e

perguntarão:

Quem são aquelas pessoas?

Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!



- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons

anos da minha vida!



A saudade vai apertar bem dentro do peito.

Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...



Quando o nosso grupo estiver incompleto...

reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.

E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.

Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes

daquele dia em diante.



Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a

sua vida isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...



Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não

deixes que a vida

passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de

grandes tempestades...



Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem

morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem

todos os meus amigos!"


Fernando Pessoa



"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,

mas na intensidade com que acontecem

Por isso existem momentos inesquecíveis,

coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis"


Fernando Pessoa


Postagem : Lena Cunha

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Crónica de Baptista Bastos


Por nos parecer da maior relevância, no contexto actual, entendemos postar esta crónica de Baptista Bastos... para que reflictamos... tenhamos espírito crítico... sejamos reivindicativos e capazes de promover a mudança.

O País não pode continuar a deixar-se matar... para satisfazer interesses escuros... e concentrados nos poderosos.

A desgraça que nos não abandona

Portugal tratou sempre mal os portugueses. "País padrasto, pátria madrasta", escreveu João de Barros, o imenso autor das "Décadas." Poucos ou ninguém o lêem. No entanto, Barros é um dos maiores entre os maiores. As "Décadas" contêm tudo o que é género literário, numa cosmovisão absolutamente invulgar. Foi maltratado, como os portugueses maiores. As classes dirigentes nunca apreciaram quem as superasse, em inteligência, prospectiva e sonho. Camões morreu cheio de fome, desprezado pelos que mandavam e pelos que obedeciam cegamente. O poeta era tido como um vagabundo, depois de ser considerado um arruaceiro e um brigão sem emenda.

"Vais ao paço, pedir a tença / e pedem-te paciência", retratou-o Sophia, com o coração feito lágrimas, num dos grandes poemas consagrados a Camões. As classes dirigentes desdenham-nos. E nós vamo-las enriquecendo. Éramos menos de um milhão quando o alvoroço da aventura, mas, também, a fome, nos embarcou em cascas de nós. Heróis escorbúticos sem eira e de pouco beira, porém com uma valentia que, hoje, nos causa espanto.

Fomos por aí fora e fizemos um leito de nações. Dormimos com a preta, com a parda, com a chinesa, com a índia, com tudo o que era mulher e saciasse a nossa sede de sexo, de calor humano - de rações, por escassas que fossem, de ternura e de braços nos abraços. Mal ou bem, pertencemos a esta estirpe: guerreiros e santos, mais guerreiros do que santos, caldeámos o ser na violência, na malandrice e na poesia.

Aqueles que sempre nos destrataram, têm-nos enviado, ao longo dos séculos, para paragens longínquas, a fim de defender "a pátria." Não era a pátria que defendíamos: eram as roças dos outros, os interesses dos outros, a fortuna dos outros. Nem, sequer, com a glória ficávamos.

Dependuravam-nos, e nos peitos dos pais cujos filhos haviam morrido sem saber rigorosamente porquê, umas medalhas absurdas, e davam-nos uns abraços sem honra, nem grandeza nem glória. Fizemos, em todas as áfricas onde estivemos, o que se faz nas guerras: matámos, estropiámos, cometemos barbaridades inconcebíveis. E fomos mortos, estropiados, perdemos o viço da juventude. Para quê?

Depressa nos esquecemos dessa saga de misérias. E, até, desprezámos aqueles que tinham lá estado, ou esquecemos os mortos que lá tinham permanecido, os nomes perdidos, as idades perdidas, as vidas perdidas. Portugal trata mal os portugueses. Os portugueses são os primeiros a tratar mal os portugueses. Portugal não é uma entidade abstracta: somos nós todos, naturalmente uns com maiores responsabilidades do que outros.

Não nos gostamos, essa é que é essa. O despeito, a inveja, o ciúme conduz a tudo o que há de pior no ser humano. E o português médio possui uma razoável dose daquelas maleitas. É endémico. E as coisas estão cada vez piores. Reparem no caso Saramago. Odiavam-no porque era famoso, rico, e não escondia as opções morais e ideológicas que o tinham formado. As reticências repugnantes que certos articulistas (para já não falar em políticos) apõem à obra do grande escritor são pequenos indícios da nossa pequenez. Disseram tudo do homem, chegaram a entrar na intimidade e nas decisões de carácter particular por ele tomadas. Mentiram, caluniaram descaradamente. Dois medíocres assanhados chegaram, um a impedir que fosse candidato a um prémio europeu; outro a promover a ideia tolíssima de se lhe retirar a nacionalidade.

É gente deste jaez e estilo que nos tem governado, séculos e séculos a fio. Contra esta imbecilidade generalizada, com um esforço inaudito e enorme desperdício de energias se têm oposto todos aqueles que, através da palavra e dos actos, têm, realmente, desenhado a fisionomia cultural, ética e moral do País.

E chega a ser confrangedor o nível das elites actuais. Tenho assistido, através das televisões, a parte das sessões que o PSD tem promovido, como cursos de verão, em Castelo de Vide. É mais do mesmo. Surpreendente é o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter considerado como "social-democrata" a política de Pedro Passos Coelho. Não sei, gostaria de saber, se a história da social-democracia europeia figura naqueles cursos. Acaso um ou dois preopinantes saiba do assunto. Nem lhes interessa dilucidar o problema. É nesta "pérfida embrulhada", para citar outro português maior, Jorge de Sena, que vamos sobrevivendo. Omissão, mentira, embuste, cambalhotas intelectuais. E não é apenas José Sócrates o paladino destas tropelias.

Há, claramente, uma escassez de pedagogia. Um afã doentio do poder pelo poder. Um inquieto corrupio pela expectativa da nova distribuição de prebendas. Eles não se interessam por nós. Temos de fazer com que eles entendam que estamos cansados de os aturar. E temos, nós próprios, de entender que há alternativas a esta desgraça que nos não abandona.

Baptista Bastos , in Jornal de Negócios

Postagem: Lua Cunha

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Discurso Barroso!


Discurso
Barroso promete nova taxa sobre actividade financeira

A taxa sobre actividades financeiras está na agenda do Ecofin.
Luís Rego em Bruxelas 07/09/10 08:58

Durão Barroso fez hoje o primeiro discurso do estado da união, no Parlamento Europeu.
No seu discurso, o presidente da Comissão anunciou que vai apresentar nos próximos meses propostas para proibir as vendas a descoberto (‘naked short selling') e políticas de prémios injustificados, bem como propor uma taxa sobre as actividades financeiras. A taxa sobre actividades financeiras está hoje em discussão no ecofin, e pretende tributar os lucros anormais dos bancos. Isto além do imposto à banca, para financiar um seguro para futuras crises, que será calculado em função do passivo dos bancos.
(Notícias net)
Manuela ramos Cunha)

Festa do Avante 2010


"Avante" 2010: Com balanço "extremamente positivo"...
Jerónimo de Sousa disse ontem, no discurso de encerramento da Festa do “Avante”, que “o PS e o PSD têm uma aliança escondida”.
Miguel Madeira, da DORBE do PCP, fez um balanço “extremamente positivo” da 34ª edição da "Festa", quanto à “participação, reforço do ideal e projecto comunistas” e propostas do seu partido para o País.
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) protagonizou ontem, o discurso de encerramento da Festa do “Avante”, com palavras de denúncia contra “os problemas do País”, críticas ao “Partido Socialista (PS)” e ao “Partido Social-Democrata (PSD)” e com propostas, “contra o desemprego e a precariedade”, ao referir que o seu partido “vai apresentar, a breve trecho, um programa de combate a estes dois flagelos”. Os “manuais escolares”, a concretização de “um banco de terras” e “apoios sociais a incluir no Orçamento de Estado 2011” também foram avançadas como questões fulcrais para o PCP nos próximos meses.
O reforço do Partido Comunista Português foi relevado por Jerónimo de Sousa, ao frisar que o seu partido registou, no último ano, “um aumento de 1200 militantes, com menos de 40 anos”.
Neste encontro com os “milhares” de militantes e simpatizantes do PCP que marcaram presenta na Quinta da Atalaia Amora-Seixal, o secretário-geral fez questão de dizer que “infelizmente a crise que se vive no País e no Mundo está longe de ser ultrapassada“ e que “o Partido Socialista (PS) e o Partido Social-Democrata têm uma aliança escondida, porque os socialistas anunciaram perante as eleições mais apoios sociais e a recuperação económica do País e um ano depois assistimos a recuos significativos nestas áreas e verificamos que o Governo conta com a conivência dos social-democratas”.
Miguel Madeira, da Direcção da Organização Regional de Beja (DORBE) do PCP, fez um balanço “extremamente positivo” da 34ª edição da Festa do “Avante”, quanto à “participação, reforço do ideal e projecto comunistas”, assim como, das propostas que o seu partido apresentou para o País, realçando alguns dos aspectos que considerou fundamentais no discurso de Jerónimo de Sousa. “O programa para a incrementação da produção nacional, o apoio a Francisco Lopes, na corrida à presidência da República e a confiança no futuro” são “alguns dos aspectos a relevar”, referiu.
No discurso de encerramento da Festa do “Avante” 2010, o secretário-geral do PCP deixou também palavras de esperança ao assegurar que “é possível resistir e construir a terra sem amos de que fala a Internacional” e afirmou, igualmente, que o seu partido “vai tentar travar a ofensiva do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), através do combate ao Orçamento de Estado para 2011”, que vai estar na rua “a participar na jornada de luta da CGTP marcada para o dia 29 deste mês”, assim como, “na Avenida da Liberdade, em Lisboa, no dia da Cimeira da NATO”.
(notícias net)
Manuela Ramos Cunha

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vítimas temem pelas suas vidas depois da sentença


Casa Pia
Vítimas temem pelas suas vidas depois da sentença
por FILIPA AMBRÓSIO DE SOUSA (Hoje - Segunda-feira 06 Setembro 2010)

As palavras de Manuel Abrantes e de Carlos Cruz estão a deixar alguns dos ex-casapianos com medo. O ex-provedor adjunto diz que vai fazer uma verdadeira "caça ao homem".
As vítimas do processo Casa Pia - que sexta-feira ouviram a sentença com muito "alegria" - temem agora pelas suas vidas e pela sua integridade física. A garantia é dada ao DN pelo advogado e ex- -casapiano Pedro Namora. "Os jovens estão com medo de serem vítimas de agressão por parte dos arguidos", diz o advogado. Isto logo a seguir às palavras ditas por alguns arguidos - nomeadamente Manuel Abrantes - depois da leitura do acórdão, entendidas pelos jovens como "ameaças". "As palavras de alguns arguidos e a reacção às condenações, como a de Carlos Cruz, está a assustá-los", diz Pedro Namora.
Contactado pelo DN, Álvaro de Carvalho, o psicólogo que trabalhou na Casa Pia de Lisboa (CPL ) até há dois anos e que sempre acompanhou a maioria das vítimas deste processo, defendeu que há, de facto, jovens que "me deixam preocupado e cuja estabilidade emocional não é semelhante a outros". Um deles - que esteve presente na sessão de julgamento -, mas na assistência, encontra- -se "numa fase muito difícil".
Logo após a leitura da decisão final por parte de Ana Peres, alguns arguidos - revoltados com o que consideraram penas pesadas - ameaçaram que, a partir de agora, a sua atitude ia ser outra. O mais duro, Manuel Abrantes, ex-provedor adjunto da Casa Pia de Lisboa, condenado a cinco anos e nove meses de prisão efectiva, defendeu que, "a partir de agora, a minha atitude vai ser outra. Sempre me comportei muito bem com este tribunal, agora vou deixar de o fazer", disse à saída do Campus de Justiça. "E alertou: vou agora fazer uma verdadeira caça ao homem a quem destruiu a minha vida." Os jornalistas ainda insistiriam com o ex-provedor adjunto que concretizasse melhor as suas palavras, mas mais não disse.
O psicólogo Álvaro de Carvalho, em declarações ao DN, defendeu que tem acompanhado os jovens e que chegou a falar com dois deles este fim-de-semana. Lida a sentença, a reacção dos jovens foi de uma "completa serenidade e tranquilidade".
Diz que a hipótese do suicídio - referida há uns meses e durante o processo pelo próprio médico - de alguns deles está praticamente posta de lado. Mas explica que estes "são jovens frágeis e a sua estabilidade emocional não é linear". Nas últimas 48 horas, o psicólogo diz que tem estado a avaliar como está a vida de cada um e a sua organização.
"Ontem o que falei, por exemplo, com Francisco Guerra foi precisamente isso. Ele vai agora escrever um livro e está mais sereno, mais calmo, mais determinado", diz o médico, "o que é bom". Na sessão de julgamento, as sete vítimas de abusos sexuais presentes na sala do 3.º andar do Campus de Justiça deram as mãos no momento em que a juíza presidente lia a decisão final. Os rostos ficaram logo com uma expressão de triunfo e alegria.
Francisco Guerra, 25 anos, uma das vítimas que ao longo destes anos manteve o anonimato e ficou conhecido como o braço direito de Carlos Silvino, deu a cara pela primeira vez. Ontem, revelava que chegou a ser ameaçado por alguns dos condenados e que lhe ofereceram dinheiro para sair do País. O jovem - que hoje tem trabalho fixo - sempre teve o sonho de ser motorista. Há dois anos perdeu quase todo o dinheiro da indemnização que recebera do processo numa licença de táxi falsa. "Vejam bem aquele rapaz já vestido assim", dizia entredentes Carlos Cruz, na última sessão de julgamento "a esta altura já deve ser motorista de algum ministro", dizia em tom irónico.
Tags: Portugal


(notícias net sapo)
Manuela Ramos Cunha

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O dia da decisão!

Casa Pia
Sentença:
18 anos de prisão para Carlos Silvino,
7 anos para Carlos Cruz (SAPO)

A juíza Ana Peres anuncia que Carlos Silvino, conhecido como "Bibi", foi condenado a 18 anos de prisão.
Já Manuel Abrantes foi condenado a 5 anos e 9 meses de prisão.
Jorge Ritto foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão.
Carlos Cruz é condenado a 7 anos,
tal como o médico Ferreira Diniz.
Gertrudes foi absolvida de todos os crimes.


Notícias de última hora - net - 17 horas - sexta-feira do dia 03 Setembro 2010


Será o fim?
Manuela Ramos Cunha

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Porque tarda em chegar a justiça???


(imagem net)


quinta-feira, 2 de Setembro de 2010

Casa Pia: Um mega-processo em números
Milhares de horas de sessões, em 460 sessões em tribunal, deram origem a um "monstro" de papel e registos magnéticos. É o julgamento do processo de abusos sexuais na Casa Pia, que após cinco anos e dez meses chega, finalmente, a uma decisão.
Um verdadeiro "caso de estudo" na Justiça portuguesa - segundo o Conselho Superior da Magistratura - começou a 25 de novembro e 2004 e já passou por quatro tribunais: Boa Hora, Santa Clara, Monsanto e Campus da Justiça.
O estatuto de mega-processo explica números que podem parecer exorbitantes em relação a outros casos: enquanto normalmente o número máximo de testemunhas arroladas para um julgamento é duas dezenas, no processo Casa Pia foram ouvidas 981 pessoas - 920 testemunhas, 32 alegadas vítimas, 19 consultores técnicos e 18 peritos.
Organizadas em 273 volumes e 588 apensos, estão mais de 66 mil folhas que o processo acumulou desde que começaram as investigações, mais de 40 mil das quais acumuladas desde o início do julgamento.
Os dossiês incluem quase dois mil despachos proferidos pelo coletivo de juízes liderado por Ana Peres, a única juiza que trabalha exclusivamente no caso desde o começo, coadjuvada por Lopes Barata e Ester Santos.

A acusação, representantes das alegadas vítimas e as defesas dos sete arguidos fizeram ao longo de quase seis anos mais de dois mil requerimentos de todos os tipos: irregularidade, nulidade, inconstitucionalidade, diligências de prova, protestos, oposições, respostas, recursos e incidentes de recusa.
Quanto a recursos, foram interpostos 168 vezes, 83 dos quais na fase de julgamento.
Para registar tanto tempo passado na sala de audiências e em deslocações a vários dos locais onde alegadamente se praticaram os crimes sexuais de que os arguidos são acusados, foram usados mais de mil cd e 352 dvd, quase mil cassetes áudio e mais de uma dezena de cassetes vídeo VHS.
Para fazer a súmula dos argumentos da acusação nas suas alegações finais, o procurador do Ministério Público, João Aibéo, precisou de cinco dias inteiros. Aibéo começou a alegar na manhã de 24 de novembro de 2008 e aquela fase do processo só terminou no ano seguinte, a 23 de janeiro de 2009.
Em tribunal respondem por vários crimes sexuais o embaixador Jorge Ritto, o ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino, o ex-provedor adjunto da instituição Manuel Abrantes, o médico João Ferreira Diniz, o advogado Hugo Marçal, o apresentador televisivo Carlos Cruz e Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais de menores casapianos.


A leitura do acórdão deste julgamento está marcada para a próxima sexta feira, 03 de setembro, após dois adiamentos.

(Diário Digital / Lusa )
Não há nada como reflectir ...sobre este "grandioso" processo e adivinhar o que está a tardar, ou a falhar e o que vai acontecer com este mistério que já pia há muito!


Postagem Manuela Ramos Cunha