segunda-feira, 15 de março de 2010

Rememoriar Manuel Cunha por Dr. Amadeu Gonçalves



INTRODUÇÃO:
Todas estas homenagens abaixo assinaladas, com os seus respectivos blogues, foram pesquisadas e enviadas pelo amigo de Manuel Cunha - Sérgio Ribeiro - a quem agradecemos toda a estima, consideração e amizade que revelou ao colaborar neste blogue.
Em nome de toda a família para que
...Manuel Cunha descanse em paz!
Manuela Ramos Cunha


1 de Março de 2010

IN MEMORIAN MANUEL CUNHA
Indiscutivelmente que, para além do contexto ideológico, Famalicão perdeu um ser humano, pelo carácter e pelo trato. Conheci-o no já ido ano de 1992, através do Dr. Sá da Costa, e, desde então, quando nos encontrávamos, as nossas conversas, entre outras, eram sobre a cultura famalicense. Numa das suas últimas visitas ao Museu Bernardino Machado, procurou-me com uma intensidade viva que só a ele pertencia, discreta ao mesmo tempo, mas sempre curioso pelas actividades culturais de Famalicão. O que pretendia, então, era o programa do “Centenário da I República – Vila Nova de Famalicão”, um caderninho que o respectivo Museu então organizou no ano passado para a apresentação pública das respectivas comemorações. Não perdeu tempo: logo de seguida, no seu blog “Lemma” reproduziu a respectiva capa, anunciando as actividades. Esta era uma das suas grandes características: era um grande amigo da cultura famalicense.Aliás, em 1992, participava entusiasticamente com a Câmara Municipal e a Biblioteca Municipal nas IIªs Jornadas de História Local, cedendo documentação e escrevendo o texto “Testemunho sobre as lutas contra o fascismo na zona têxtil de Riba d`Ave”, o qual seria publicado no catálogo da exposição “A Oposição Democrática em Vila Nova de Famalicão, 1945/76: uma perspectiva” e, mais tarde, republicado no “Boletim Cultural” nº 13 (1994/95).Esta colaboração com a autarquia famalicense enraizou-se no tempo. Uma vez mais, em 1996, colaboraria igualmente na exposição e no respectivo catálogo “Armando Bacelar e Lino Lima: testemunhos de luta pela liberdade”, escrevendo o texto “Lino Lima: símbolo do anti-fascismo de esquerda”. Nestas duas exposições tive o privilégio de o conhecer vivamente. Em 1999 colabora, uma vez mais, na exposição “Poder Local”, sendo o seu texto “Poder Local, fascismo e Democracia” publicado no respectivo catálogo, assim sucedendo com uma outra, esta realizada em 2000, e denominada “Momentos de Resistência”, escrevendo um depoimento.Sempre em estreita colaboração com o Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Famalicão e, principalmente, com o Dr. Sá da Costa, Manuel Cunha ainda esteve presente na homenagem que a autarquia então promoveu a Soares Coelho escrevendo o texto “Armando Soares Coelho e o tempo em que viveu em Riba d`Ave”, o qual está publicado no “Boletim Cultural” n.º 3/4 (2007/8).A sua cordialidade e amizade para comigo nunca teve limites. Como disse, interessava-nos a cultura famalicense e, ao longo dos anos, o nosso convívio foi-se estreitando, chegando ao ponto de me ceder o “Jornal de Riba d`Ave” com o suplemento literário “Impacto” (publicado nos anos sessenta), já que o Sr. Cunha sabia do meu interesse pela actividade literária famalicense à volta da imprensa. Um dia falei-lhe que tinha visto uma referência sobre esse mesmo suplemento e transmiti-lhe a minha curiosidade. Pois, qual não foi o meu espanto, que não tinha problema nenhum em emprestar-me o jornal. Assim o fez. Hoje, se tenho essa investigação realizada, a ele o devo.Ainda o cheguei ver, muitíssimo bem disposto, com aquele seu sorriso afável e amável, na actividade da Câmara Municipal, e realizada no Museu Bernardino Machado, por ocasião do 40.º Aniversário das Eleições Legislativas de 1969; e mais uma vez, cedeu documentação fotocopiada pessoal que tinha do dossier da PIDE, do arquivo da Torre do Tombo. Apareceu apenas de tarde na apresentação do livro “Momentos da Oposição em Famalicão – II”. Ainda tirei umas fotografias em franca conversa, na recordação de outros tempos, com o Dr. Sá da Costa e o Sr. Artur Simões. Na mesa-redonda, que teve a presença de muitos oposicionistas de Braga, não apareceu, até porque nesse dia fazia 80 anos. Não parecia! Tinha uma frescura mental invejável. Iria dedicar-se à família.Como ele disse numa entrevista a um jornal famalicense “Tenho que continuar a sonhar”. Que os sonhos se realizem.
Amadeu Gonçalves

in o http://opovofamalicensb.blogspot.com/2010/03/in-memorian-manuel-cunha.html

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