quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poeta Alemão Bertolt Brecht!

Pela sua actualidade política e social, entendemos importante a publicação destes poemas do grande poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht.



Nascido em Augsburgo, em Fevereiro de 1898, Brecht faleceu, em Berlim, em Agosto de 1956.



Perguntas de um Operário Letrado


Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande RomaEstá cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada BizâncioSó tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias
Quantas perguntas


Bertolt Brecht.


Elogio da Dialéctica



A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração; isto é apenas o meu começo
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos
Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

Bertolt Brecht


Privatizado


"Privatizaram a sua vida, o seu trabalho, a sua hora de amar e o seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário.
E agora não contentes querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."


Bertolt Brecht.


O Analfabeto político

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."




Bertolt Brecht.


(foto google) - postagem de LUA CUNHA

5 comentários:

  1. Luinha vim espreitar-te neste cantinho...

    Adoro as tuas escolhas, aliás, as escolhas do Sérgio e da Nelinha sobretudo porque estão impregnadas da soberba intenção de dar continuidade ao espaço/instrumento/voz das reflexões do teu pai...

    Um beijo grande prometo voltar....

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  2. Sou a Nela que gosto de fazer o que faço neste blogue, mas a Lua é quem o dirige!

    Beijinhos a todos quantos nele participam em honra do meu falecido sogro.

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  3. Sérgio Ribeiro8/7/10 3:23 da tarde

    Obrigado Joana. Um beijinho grande para ti.

    Até breve.

    Sérgio

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  4. Belas escolhas de um grande poeta.

    Abraços para todos.
    João Martins

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  5. Faço meus os comentários de todos. São estes textos que há que relembrar e dar a conhecer a quem os não conhece. Neste blog eles ficam bem. Era também esta a intenção do snr. Cunha.

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