Nascido em Augsburgo, em Fevereiro de 1898, Brecht faleceu, em Berlim, em Agosto de 1956.
Perguntas de um Operário Letrado
Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande RomaEstá cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada BizâncioSó tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias
Bertolt Brecht.
Elogio da Dialéctica
A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração; isto é apenas o meu começo
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos
Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã
Bertolt Brecht
Privatizado
"Privatizaram a sua vida, o seu trabalho, a sua hora de amar e o seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário.
E agora não contentes querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."
Bertolt Brecht.
O Analfabeto político
"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Bertolt Brecht.
(foto google) - postagem de LUA CUNHA
Luinha vim espreitar-te neste cantinho...
ResponderEliminarAdoro as tuas escolhas, aliás, as escolhas do Sérgio e da Nelinha sobretudo porque estão impregnadas da soberba intenção de dar continuidade ao espaço/instrumento/voz das reflexões do teu pai...
Um beijo grande prometo voltar....
Sou a Nela que gosto de fazer o que faço neste blogue, mas a Lua é quem o dirige!
ResponderEliminarBeijinhos a todos quantos nele participam em honra do meu falecido sogro.
Obrigado Joana. Um beijinho grande para ti.
ResponderEliminarAté breve.
Sérgio
Belas escolhas de um grande poeta.
ResponderEliminarAbraços para todos.
João Martins
Faço meus os comentários de todos. São estes textos que há que relembrar e dar a conhecer a quem os não conhece. Neste blog eles ficam bem. Era também esta a intenção do snr. Cunha.
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