sábado, 20 de fevereiro de 2010
Manuel Cunha (1929-2010)
Escreve aqui o neto do Manuel Cunha com a triste missão de anunciar o seu falecimento. Faleceu no dia 19 de Fevereiro no Hospital de Guimarães com 80 anos. O seu corpo estará na Casa Mortuária de Riba D'Ave (junto ao Cemitério) a partir das 15 h de hoje (sábado); será levado amanhã (Domingo) para a Casa Crematória de Prado do Repouso no Porto a partir das 14 h.
Em seu nome, agradeço a todos os que contribuiram para este blog.
Antes de o terminar, e como forma de homenagear a figura que não deixou ninguém indiferente, que foi o meu avô, gostaria de sugerir que publicassem memórias de contactos ou vivências que tiveram com ele.
Da minha parte, atrevo-me a dizer que foi por causa de homens como o meu avô que as grandes mudanças sociais se deram, homens que não calaram, que não se acomodaram, sempre em prol de ideais profundos.
Obrigado a todos
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Sócrates, até quando?
Pertenço a uma geração que se tornou adulta durante a II Guerra Mundial. Acompanhei com espanto e angústia a evolução lenta da tragédia que durante quase seis anos desabou sobre a humanidade.
Desde a capitulação de Munique, ainda adolescente, tive dificuldade em entender porque não travavam a França e a Inglaterra o III Reich alemão. Pressentia que a corrida para o abismo não era uma inevitabilidade. Podia ser detida.
Em Maio de 1945, quando o último tiro foi disparado e a bandeira soviética içada sobre as ruínas do Reichstag, em Berlim, formulei como milhões de jovens em todo o mundo a pergunta
"Como foi possível?"
Hitler suicidara-se uma semana antes. Naqueles dias sentíamos o peso de um absurdo para o qual ninguém tinha resposta. Como pudera um povo de velha cultura, o alemão, que tanto contribuíra para o progresso da humanidade, permitir passivamente que um aventureiro aloucado exercesse durante 13 anos um poder absoluto. A razão não encontrava explicação para esse absurdo que precipitou a humanidade numa guerra apocalíptica (50 milhões de mortos) que destruiu a Alemanha e cobriu de escombros a Europa?
Muitos leitores ficarão chocados a por evocar, a propósito da crise portuguesa, o que se passou na Alemanha a partir dos anos 30.
Quero esclarecer que não me passa sequer pela cabeça estabelecer paralelos entre o Reich hitleriano e o Portugal agredido por Sócrates. Qualquer analogia seria absurda.
São outros o contexto histórico, os cenários, a dimensão das personagens e os efeitos.
Mas hoje também em Portugal se justifica a pergunta "Como foi possível?"
Sim. Que estranho conjunto de circunstâncias conduziu o País ao desastre que o atinge? Como explicar que o povo que foi sujeito da Revolução de Abril tenha hoje como Primeiro-ministro, transcorridos 35 anos, uma criatura como José Sócrates? Como podem os portugueses suportar passivamente há mais de cinco anos a humilhação de uma política autocrática, semeada de escândalos, que ofende a razão e arruína e ridiculariza o Pais perante o Mundo?
O descalabro ético socrático justifica outra pergunta: como pode um Partido que se chama Socialista (embora seja neoliberal) ter desde o início apoiado maciçamente com servilismo, por vezes com entusiasmo, e continuar a apoiar, o desgoverno e despautérios do seu líder, o cidadão Primeiro-ministro?
Portugal caiu num pântano e não há resposta satisfatória para a permanência no poder do homem que insiste em apresentar um panorama triunfalista da política reaccionária responsável pela transformação acelerada do país numa sociedade parasita, super endividada, que consome muito mais do que produz.
Pode muita gente concluir que exagero ao atribuir tanta responsabilidade pelo desastre a um indivíduo. Isso porque Sócrates é, afinal, um instrumento do grande capital que o colocou à frente do Executivo e do imperialismo que o tem apoiado. Mas não creio neste caso empolar o factor subjectivo.
Não conheço precedente na nossa História para a cadeia de escândalos maiúsculos em que surge envolvido o actual Primeiro-ministro.
Ela é tão alarmante que os primeiros, desde o mistério do seu diploma de engenheiro, obtido numa universidade fantasmática (já encerrada), aparecem já como coisa banal quando comparados com os mais recentes.
O último é nestes dias tema de manchetes na Comunicação Social e já dele se fala além fronteiras.
É afinal um escândalo velho, que o Presidente do Supremo Tribunal e o Procurador-geral da República tentaram abafar, mas que retomou actualidade quando um semanário divulgou excertos de escutas do caso Face Oculta.
Alguns despachos do procurador de Aveiro e do juiz de instrução criminal do Tribunal da mesma comarca com transcrições de conversas telefónicas valem por uma demolidora peça acusatória reveladora da vocação liberticida do governo de Sócrates para amordaçar a Comunicação Social.
Desta vez o Primeiro-ministro ficou exposto sem defesa. As vozes de gente sua articulando projectos de controlo de uma emissora de televisão e de afastamento de jornalistas incómodos estão gravadas. Não há desmentidos que possam apagar a conspiração.
Um mar de lama escorre dessas conversas, envolvendo o Primeiro-ministro. A agressiva tentativa de defesa deste afunda-o mais no pântano. Impossibilitado de negar os factos, qualifica de "infame" a divulgação daquilo a que chama "conversas privadas".
Basta recordar que todas as gravações dos diálogos telefónicos de Sócrates com o banqueiro Vara, seu ex-ministro foram mandadas destruir por decisão (lamentável) do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, para se ter a certeza de que seriam muitíssimo mais comprometedoras para ele do que as "conversas privadas" que tanto o indignam agora, divulgadas aliás dias depois de, num restaurante, ter defendido, em amena "conversa" com dois ministros seus, a necessidade de silenciar o jornalista Mário Crespo da SIC Noticias.
Não é apenas por serem indesmentíveis os factos que este escândalo difere dos anteriores que colocaram José Sócrates no banco dos réus do Tribunal da opinião pública. Desta vez a hipótese da sua demissão é levantada em editoriais de diários que o apoiaram nos primeiros anos e personalidades políticas de múltiplos quadrantes afirmam sem rodeios que não tem mais condições para exercer o cargo.
O cidadão José Sócrates tem mentido repetidamente ao País, com desfaçatez e arrogância, exibindo não apenas a sua incompetência e mediocridade, mas, o que é mais grave, uma debilidade de carácter incompatível com a chefia do Executivo.
Repito: como pode tal criatura permanecer como Primeiro-ministro?
Até quando, Sócrates, teremos de te suportar?
10/Fevereiro/2010
Fonte: resisitir.info - Miguel Urbano Rodrigues
António Barbosa é o novo presidente do Centro Hospitalar do Alto Ave, em Guimarães
O jornal "Opinião Pública" dá hoje a notícia. O famalicense António Barbosa, economista e vereador do PS na Câmara Municipal de Famalicão, é o novo presidente do Centro Hospitalar do Alto Ave, substituindo António Pinheiro, anterior director, que se aposentou. A posse aconteceu na passada sexta-feira, na Administração Regional do Norte. Da sua equipa fazem parte Emanuel José Magalhães e Gabriel Pontes, sendo o novo director clínico o urulogista Carlos Guimarães. Público, privado, o que é um sistema de saúde saudável? Pouco mais de trinta anos passados sobre a criação do SNS em Portugal, e apesar de todos os ataques de que é alvo, são inegáveis os ganhos que trouxe à população. Confrontado com inúmeros problemas e com desafios a que precisa de responder, o SNS tem dado passos importantes, que reforçam a sua eficácia para garantir o bem-estar das populações. Opostamente, os serviços privados de saúde não têm obtido as credenciais que se afirmava terem, como se reconhece em instâncias internacionais e nos países que levaram ao limite a sua utilização, como nos Estados Unidos. Em Portugal, os interesses privados continuam a tentar reconfigurar os sistemas de saúde, sendo esse objectivo central ao próprio projecto neoliberal. São conhecidos contornos da operação. Anima-se a degradação dos serviços nacionais de saúde, repete-se na comunicação que o sistema social público é insustentável e ineficaz, enaltece-se a alternativa privada e abrem-se-lhe as portas, de vários modos, ainda que alguns sejam reprovados pelo Tribunal de Contas, denunciados como lesivos do interesse público. A entrevista dada pelo juíz jubilado do TC, Carlos Moreno(Jornal de Negócios, 22 de Janeiro de 2010), mostra bem como o Estado negoceia com situações de fraqueza. É preciso valorizar as verdadeiras vantagens do SNS, a ética dos serviços públicos, que devem dispor de condições à altura de cumprirem o seu papel. Nada obsta a que os grupos privados desenvolvam os seus projectos na área da saúde, mas a sua intervenção não pode registar-se nos moldes em que tem vindo a fazer-se. Ainda recentemente foi conhecido que em 2009 os quatro principais grupos privados facturaram 694 milhões de euros, mais 42,5% do negócio relativamente ao ano anterior. Ora, tratando-se para mais de um ano de crise, tal montante é revelador das motivações que animam os privados a actuar neste campo.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
OE 2010 - Um dossier para analisar a proposta do Governo
No próximo dia 12 de Março, o parlamento vota a proposta de Lei do OE 2010 apresentada pelo Governo. Este dossier discute as opções desta proposta. Com a narrativa da insustentabilidade do défice e da dívida pública , e com uma postura passiva frente às constantes ameaças das agências de rating , o Governo, mais uma vez, opta pelo ataque aos funcionários públicos e pensionistas e não muda a orientação das suas medidas fiscais . O contexto de integração monetária e a ameaça do colapso do euro e da integração europeia é analisado por Ricardo Mamede. Joseph Stiglitz defende o apoio da União Europeia (UE) à Grécia como forma de acabar com os ataques especulativos. Pedro Filipe Soares critica a construção de um orçamento com a direita . Destacamos ainda os estragos provocados pelo orçamento na área da saúde , no artigo de João Semedo e o “aperto” no orçamento para a cultura, denunciado no artigo de Catarina Martins.
Fonte: esquerda.net domingo, 7 de fevereiro de 2010
Hitler - Biografia de uma não-pessoa
No final da década de 1990, Ian Kershaw publicou uma biografia monumental de Hitler distribuída por dois volumes e 2.000 páginas. O primeiro acompanhava as origens remotas do «Führer do povo e do Reich alemão», a composição das suas certezas, o aperfeiçoamento gradual e premeditado da imagem pública, o caminho para a tomada do poder e o esforço de militarização da sociedade alemã indispensável para a afirmação dos seus objectivos. O segundo volume seguia-o nos anos do apogeu e da queda do regime nazi: os da mobilização para a guerra total, da apoteose do poder e da expansão da Grande Alemanha, mas também os da Solução Final, do recuo estratégico e da morte antecipada do «Reich de Mil Anos». Logo aclamada como obra de referência, devido sobretudo à quantidade de informação oferecida e à novidade de muitas das fontes de arquivo utilizadas, acabou por ser reeditada em 2008 num volume único e condensado, mais acessível ao leitor comum. É esta versão que as Edições 70 agora editaram. A estrutura da obra original mantém-se, embora as notas tenham desaparecido, a bibliografia final sido reduzida e o texto aparado de algum material do qual o autor aceitou prescindir.
É um estudo sobre a força acumulada e aplicada pelo líder nazi, nele se procurando mostrar como foi possível a um indivíduo aparentemente inepto ter-se apropriado do poder num país desenvolvido como a Alemanha, e, depois de o obter, como foi ele capaz de o conservar e de o alargar da forma que conhecemos. Ensaia também a compreensão dos motivos pelos quais uma sociedade moderna, culta e com alguma tradição democrática pôde mergulhar rapidamente na mais brutal e devastadora das barbáries. Nesta direcção, Kershaw, preocupa-se menos com a definição psicológica do biografado, o seu trajecto individual, gostos, vida familiar e amizades – praticamente invisíveis no livro –, do que com as condições que permitiram a sua irresistível ascensão. Considera mesmo o seu estudo como biografia de uma «não-pessoa», de alguém que, de facto, não parecia ter vida fora das organizações e dos acontecimentos nos quais se foi sucessivamente envolvendo. Assegura até que fora da esfera da política Hitler «teria permanecido indubitavelmente como um zé-ninguém», tendo sido apenas ela a potenciar as suas capacidades, a sua vontade e o seu trajecto como «autoridade carismática» – seguindo o conceito de Weber – capaz de apresentar aos olhos de um crescente séquito de seguidores, com recurso a uma imagem laboriosamente construída, capacidades únicas, extraordinárias e providenciais. Um oportunista soberbo e um péssimo estratego, «demagogo de cervejaria com poucas qualificações académicas», obcecado consigo próprio mas com inteligência suficiente para se adaptar às expectativas e às condições do seu tempo, que estava convencido de ter sido talhado para cumprir o destino histórico da Alemanha. Mais do que sobre Adolf Hitler, é pois sobre a época e as circunstâncias que permitiram a sua ascensão que o historiador britânico faz incidir o seu relato.
Publicado na revista LER de Janeiro
É um estudo sobre a força acumulada e aplicada pelo líder nazi, nele se procurando mostrar como foi possível a um indivíduo aparentemente inepto ter-se apropriado do poder num país desenvolvido como a Alemanha, e, depois de o obter, como foi ele capaz de o conservar e de o alargar da forma que conhecemos. Ensaia também a compreensão dos motivos pelos quais uma sociedade moderna, culta e com alguma tradição democrática pôde mergulhar rapidamente na mais brutal e devastadora das barbáries. Nesta direcção, Kershaw, preocupa-se menos com a definição psicológica do biografado, o seu trajecto individual, gostos, vida familiar e amizades – praticamente invisíveis no livro –, do que com as condições que permitiram a sua irresistível ascensão. Considera mesmo o seu estudo como biografia de uma «não-pessoa», de alguém que, de facto, não parecia ter vida fora das organizações e dos acontecimentos nos quais se foi sucessivamente envolvendo. Assegura até que fora da esfera da política Hitler «teria permanecido indubitavelmente como um zé-ninguém», tendo sido apenas ela a potenciar as suas capacidades, a sua vontade e o seu trajecto como «autoridade carismática» – seguindo o conceito de Weber – capaz de apresentar aos olhos de um crescente séquito de seguidores, com recurso a uma imagem laboriosamente construída, capacidades únicas, extraordinárias e providenciais. Um oportunista soberbo e um péssimo estratego, «demagogo de cervejaria com poucas qualificações académicas», obcecado consigo próprio mas com inteligência suficiente para se adaptar às expectativas e às condições do seu tempo, que estava convencido de ter sido talhado para cumprir o destino histórico da Alemanha. Mais do que sobre Adolf Hitler, é pois sobre a época e as circunstâncias que permitiram a sua ascensão que o historiador britânico faz incidir o seu relato.
Publicado na revista LER de Janeiro
Fonte: Caminhos da Memória (Rui Bebiano)
Em memória das vítimas do Holocausto
Guernica, um painel pintado a óleo, com 782x351 cms., que Pablo Picasso apresentou em 1937, na Exposição Internacional de Paris, representa o bombardeamento sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de Abril de 1937, durante a Guerra Civil de Espanha, por aviões alemães das forças nazis hitlerianas, aliadas do franquismo. Picasso retrata neste quadro, uma das mais famosas pinturas do mundo de todas as épocas, o massacre e o horror das pessoas, dos animais e dos próprios edifícios destruídos pelo brutal e bárbaro ataque da força aérea alemã, tal como o viu na sua imaginação. A tela está exposta no Centro Nacional de Arte Raínha Sofia, em Madrid, sendo propriedade da ONU, como património da Humanidade. A artista americana Lena Gieseke, com as mais modernas técnicas de infografia digital, produziu uma versão em 3D da célebre obra picassiana, que este vídeo mostra. O resultado é fascinante,permitindo visualizar detalhes, que de outro modo passariam despercebidos.
Para que a memória continue viva!
Para que a memória continue viva!
sábado, 6 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Lei das Finanças Regionais aprovada na Assembleia da República derrota Governo de Sócrates
Não resultou a dramatização feita pelo PS para forçar os partidos da oposição, em maioria na Assembleia da República, a alterar a sua decisão de voto. Na votação, realizada há pouco tempo, registou-se um resultado de 127 votos a favor e 87 votos contra, estes do PS. Este resultado é uma derrota para o Governo e o Partido Socialista, tanto mais que os socialistas criaram um clima de grande agitação em torno desta lei, que não surtiu efeitos, pois toda a oposição votou favoravelmente a sua aprovação. Os socialistas, que chegaram a induzir a ideia de se demitirem caso a lei fosse aprovada, dão agora apenas a entender que confiam numa intervenção do Presidente da República no sentido de requerer a sua fiscalização preventiva ou vetá-la. Para já, a derrota do Governo e do PS é incontornável. Já não existe a "ditadura" da maioria absoluta!
PIDDAC "é feito para as Câmaras socialistas", acusa o Presidente da Câmara de Famalicão
O Presidente da Câmara Municipal de VN de Famalicão, Armindo Costa, acusa o PIDDAC(Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) de ser discriminatório para com o nosso concelho, e não poupa o Governo do PS, a quem acusa de colocar-nos na "liga dos últimos", quando Famalicão é o primeiro concelho do distrito de Braga na criação de riqueza. O PIDDAC, para 2010, apenas reserva para Famalicão a dotação de 348.000 euros, sendo 140 mil Euros destinados à instalação das Conservatórias no Tribunal Judicial de Famalicão, e 208 mil Euros para a remodelação do Parque Judicial de Famalicão. Esta dotação inscrita no PIDDAC é praticamente metade da atribuida em 2009, que foi de 680 mil Euros. Registe-se que já há cinco anos Famalicão vem sendo preterido nas atribuições do PIDDAC, o que significa que para o governo do partido socialista o investimento não é prioridade na nossa terra. Não falta, portanto, razão ao Presidente da Câmara para afirmar que o "PIDDAC é feito para as câmaras socialistas", não aceitando que no ranking distrital, Famalicão seja o quarto concelho a receber menor dotação, só tendo atrás os concelhos de Terras do Bouro, Vieira do Minho e Celorico de Basto. O autarca famalicense não poupa ainda Fernando Moniz, governador civil de Braga e lider do PS, acusando-o de não exercer influência, junto do poder central, para alterar esta situação, que lesa fortemente os interesses do concelho nas suas expectativas de desenvolvimento. No que toca a Riba de Ave, tudo leva a crer que estão adiados para as calendas gregas os projectos do quartel da GNR, Bombeiros e restauro do Teatro Narciso Ferreira.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Foi há 49 anos o início da luta armada pela independência de Angola
Na madrugada do dia 4 de Fevereiro de 1961, um grupo de africanos ataca a Casa de Reclusão e a Cadeia de S.Paulo, para libertarem os presos políticos ali encarcerados. Sete polícias portugueses e muitos dos atacantes são mortos nesta acção. Na sequência dos acontecimentos, formam-se grupos de "voluntários"encarregados de exercer violência indiscriminada sobre a população negra. Calcula-se que tenham sido mortos cerca de 400 negros durante este período. Um mês depois, a 15 de Março, nas roças de café ao norte, populações Bakongo e alguns trabalhadores contratados revoltam-se, matando brancos e assimilados. Muitas populações, instalações administrativas e postos da polícia são queimados, as estradas bloqueadas, pontes destruidas. Entre os portugueses há cerca de 500 mortos. Os militares e colonos portugueses respondem a este levantamento com uma repressão violenta, que faz dezenas de milhar de mortos, milhares de fugitivos e cerca de 200.000 refugiados no Congo-Léopoldville, até ao fim de 1961. Estas rebeliões dos povos africanos faziam parte da forte corrente anticolonialista dos fins dos anos 50 e início dos anos 60. Em Junho de 1960 houvera uma detenção de vários activistas políticos em cidades importantes, incluindo Luanda. Em Julho, do mesmo ano, 30 pessoas foram mortas e 200 feridas em Catete, a menos de 100 Kms. de Luanda, quando protestavam pela prisão do Dr.Agostinho Neto, dirigente do MPLA. E muitas outras chacinas e perseguições tiveram lugar antes do dia 4 de Fevereiro de 1961. As manifestações e rebeliões reflectiam o ressentimento que negros e mestiços sentiam sob o domínio português, e eram inspiradas pelos movimentos nacionalistas que grassavam por todo o continente africano e pelos acontecimentos ocorridos no Congo Belga. As independências sucediam-se no Oriente e em África - India em 1947, Indonésia em 1944, Senegal, Nigéria, Congo Belga e Congo Francês em 1960. Salazar manteve-se autoritário e surdo aos rumores e protestos dos povos escravizados de África, não quis entender a fermentação independentista que se iniciara. Era um regime próximo do da Espanha de Franco e semelhante aos fascismos italiano e alemão. A economia das possessões portuguesas em África era uma economia colonial primitiva fundada na exploração de uma mão de obra semi-escravizada e na extracção de matérias-primas abundantes, dominada pelos mesmos grupos que dominavam na metrópole, associados de grandes consórcios internacionais, como o norte-americano Gulf-Oil, Trust Krupp e Diamang - grupos/família Espírito Santo, Fonsecas e Burnay, Mellos, Champalimaud, Quina, Vinhas, Abecassis ou Sousa Lara, que nas colonias esmagavam a dignidade humana e profissional dos autóctones com o "Estatuto do Indígena" e o "Código do Trabalho Indígena Rural", o primeiro a recusar a cidadania portuguesa à grande maioria da população, que é considerada indígena; o segundo, a apontar para uma forma matizada de escravatura, criando legiões de "contratados" sujeitos a trabalho forçado e a uma sobre-exploração neo-esclavagista, em que massacres como o da Baixa do Cassange, em Janeiro de 1961, chacina milhares de apanhadores de algodão, que o regime silenciou. Salazar parecia não se preocupar com o iminente romper da guerrilha, da qual recebe, contudo, diversos sinais. A rebelião de 4 de Fevereiro, que marca o início da luta armada em Angola, é coincidente com a expectativa da chegada de Henrique Galvão e do paquete Santa Maria, que tinha sido desviado para provocar a queda de Salazar. "Orgulhosamente só", os governos fascistas de Salazar e Caetano fizeram a guerra que, segundo João Paulo Guerra, no seu livro Descolonização Portuguesa, levou a que as Forças Armadas, ao longo de 13 anos, incorporassem e mobilizassem 820.000 jovens portugueses, num quadro que revela números como: 8.831 mortos, 30.000 feridos, perto de 15.000 deficientes e mutilados, sendo também uma das causas que deram origem à emigração de milhares de jovens e suas famílias, o grande número para França, que entre 1960 e 1974 foi o destino de cerca de 1.524.000 portugueses, cerca de 80% "a salto". Registe-se ainda a sangria nas finanças públicas, já que ao longo destes mesmos anos as despesas com a guerra constituíram, em média, 43% das despesas públicas, chegando a atingir 55 por cento em 1969. E estes são os números do lado português, porque do lado dos países colonizados a estatística é ainda mais dantesca. A guerra atrasou o desenvolvimento do país em décadas. Para homens que sonharam a descolonização, guiando-se pelos princípios internacionalmente consagrados e aceites do direito dos povos à autodeterminação e independência, a surdez do fascismo aos ventos da história representa um crime, cuja memória não podemos deixar apagar.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Acordo PSD/PP e CDU viabiliza constituição dos órgãos autárquicos de Riba de Ave
PSD/PP e CDU chegaram acordo, em Riba de Ave, para a constituição dos órgãos autárquicos locais. Depois dos rumores que correram sobre uma negociação CDU-PS no sentido de inviabilizar uma solução com o PSD e obrigar a eleições intercalares, rumores que geraram muitas expectativas, já era mais ou menos tida como saída para a crise, nos últimos dias, esta solução de acordo com a CDU. Em reunião da Assembleia de Freguesia, da passada segunda-feira, foi formalmente estabelecida a aliança, pela qual a CDU assume a presidência da Assembleia de Freguesia e um lugar no Executivo. Solução precária, sem dúvida alguma, pois ela apenas resolveu a constituição dos órgãos da autarquia, mas a coligação PSD/CDS continua a ser dominante neles. Ora, não se tendo negociado, que se saiba, projectos de trabalho ou estratégias de governação da Junta, o acordo estabelecido não se afigura com condições de ser muito produtivo. Aliás, já existiu no exercício de 2001/2005 um acordo idêntico e o resultado foi zero.
Esperemos que este renda mais.
O duo Couple Coffee homenageia José Afonso
O duo Couple Coffee vai prestar homenagem a José Afonso, num espectáculo a realizar amanhã(5ª.feira) no Musicbox, ao Cais de Sodré, em Lisboa. O espectáculo contará com a participação especial de João Afonso, sobrinho do cantor falecido em 1987.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Manuel Alegre avisa o PS - A vida democrática não se esgota nos aparelhos políticos
Alegre já começou a sua campanha para as presidenciais. No almoço comemorativo do 31 de Janeiro, promovido pelo Movimento de Intervenção e Cidadania da Região do Porto, Alegre respondeu sem hesitações ao Partido Socialista, que recusa tornar claro se lha dará ou não o apoio na candidatura a Belém. "A vida democrática não se esgota nos aparelhos políticos", avisou, para de seguida afirmar: "não serei candidato em nome de nenhum partido", e se "não há democracia representativa sem os partidos, certo é que eles não podem monopolizar a democracia". Alegre não repudia o seu passado enquanto militante e deputado socialista, mas não evita dizer "que não pode deixar de achar irónico que alguns, que estavam no outro lado da barricada nas horas mais difíceis, que durante décadas combateram o PS, venham hoje, por puro oportunismo e com o zelo de recém-convertidos fazer a defesa dos supostos interesses do PS, ao mesmo tempo que parecem esquecer quem é o verdadeiro adversário". Sobre a Presidência da República, disse que "não fazia uma leitura dos poderes presidenciais, que é equívoca e geradora de tensões institucionais e políticas. É desejável que o PR exerça uma magistratura de influência e promova uma cultura de responsabilidade, mas não no sentido de patrocinar alianças". E concluiu que "não se apresentava como salvador da Pátria e que Portugal já devia ter aprendido a lição dos homens providenciais, que não salvam o país e tudo reduzem à sua pessoa".
O almoço contou com cerca de 300 apoiantes.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Acusação polémica de Mário Crespo ao primeiro-ministro
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Fonte: página da internet do Instituto Francisco Sá Carneiro
Nota: Este artigo de Mário Crespo tem o título "O Fim da Linha". O "Jornal de Notícias" de hoje, onde MC escrevia todas as segundas-feiras, recusou a publicação do artigo. Mário Crespo suspendeu a colaboração com o jornal.
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