Manuel Alegre 2011
"Nenhum candidato é tão transversal como Manuel Alegre"
(José Manuel Mendes ao Diário Económico)
http://www.manuelalegre.com/000000/1/index.htm
Sérgio Ribeiro
segunda-feira, 28 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
Morreu José Saramago - 1922 a 2010 -
Antes eu dizia: 'Escrevo porque não quero morrer'. Mas agora mudei. Escrevo para compreender. >O que é um ser humano?" (José Saramago)
MORREU JOSÉ SARAMAGO - PRÉMIO NOBEL PORTUGUÊS DA LITERATURA
A morte de José Saramago deixou mais pobre o universo literário de Portugal e do Mundo.
Detentor de uma vasta obra, reconhecida internacionalmente, Saramago foi obrigado a "exilar-se" de Portugal, após a publicação do seu romance " O Evangelho Segundo Jesus Cristo", em 1991.
Na verdade, em 1993, depois de uma arrastada polémica provocada pela ignorância (que é sempre atrevida) e a "incultura" do então sub-secretário de Estado da Cultura, Sousa Lara, que ousou excluir o livro da lista de candidatos ao Prémio Literário Europeu, o escritor português abandona o seu país para fixar residência na ilha de Lanzarote – Canárias (Espanha), onde viveu até hoje.
Escritor polémico quer pelas temáticas tratadas quer pelo estilo formal que é uma marca distintiva de grande parte do seu "corpus" literário, José Saramago, galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, foi sempre um antifascista e um lutador pela liberdade.
Assumidamente militante do PCP, o escritor não se "castrava" nos actos de análise e de reflexão, manifestando, por vezes, opiniões discordantes da matriz do seu Partido.
José Saramago morreu... mas a sua obra, porque universal, continuará eterna.
Espero que o Povo Português, completamente extasiado e anestesiado com a droga de momento - Mundial de Futebol - não se esqueça de o "chorar" e de lhe prestar a devida homenagem.
Amanhã pode já ser tarde! ... e a História nos julgará.
Lua Cunha
MORREU JOSÉ SARAMAGO - PRÉMIO NOBEL PORTUGUÊS DA LITERATURA
A morte de José Saramago deixou mais pobre o universo literário de Portugal e do Mundo.
Detentor de uma vasta obra, reconhecida internacionalmente, Saramago foi obrigado a "exilar-se" de Portugal, após a publicação do seu romance " O Evangelho Segundo Jesus Cristo", em 1991.
Na verdade, em 1993, depois de uma arrastada polémica provocada pela ignorância (que é sempre atrevida) e a "incultura" do então sub-secretário de Estado da Cultura, Sousa Lara, que ousou excluir o livro da lista de candidatos ao Prémio Literário Europeu, o escritor português abandona o seu país para fixar residência na ilha de Lanzarote – Canárias (Espanha), onde viveu até hoje.
Escritor polémico quer pelas temáticas tratadas quer pelo estilo formal que é uma marca distintiva de grande parte do seu "corpus" literário, José Saramago, galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, foi sempre um antifascista e um lutador pela liberdade.
Assumidamente militante do PCP, o escritor não se "castrava" nos actos de análise e de reflexão, manifestando, por vezes, opiniões discordantes da matriz do seu Partido.
José Saramago morreu... mas a sua obra, porque universal, continuará eterna.
Espero que o Povo Português, completamente extasiado e anestesiado com a droga de momento - Mundial de Futebol - não se esqueça de o "chorar" e de lhe prestar a devida homenagem.
Amanhã pode já ser tarde! ... e a História nos julgará.
Lua Cunha
ALGUNS DADOS BIOBLOGRÁFICOS DO PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA PORTUGUÊS
Ribatejano de nascimento, Azinhaga foi seu berço, José Saramago é oriundo de uma família que vivia do seu trabalho para sobreviver.
Acompanhando a família que se deslocou para Lisboa em 1924, tinha o escritor apenas dois anos, viveu sempre uma vida simples e modesta. Interessado pelos estudos e pelo conhecimento, fez a sua formação numa Escola Técnica, porque os parcos recursos familiares não lhe permitiram o acesso à Universidade.
Tendo começado a trabalhar como serralheiro mecânico, os livros eram uma presença constante no seu quotidiano e as bibliotecas locais de culto praticamente todas as noites.
Já trabalhando na Função Pública, em 1947, publica o seu primeiro romance “Terra do Pecado”, e dezanove anos mais tarde, enquanto funcionário da Editorial Estudos Cor, edita as obras poéticas “Os Poemas Possíveis”, “Provavelmente Alegria” (1970) e, em 1975, “O Ano de 1993”.
Sai da Editorial Estudos Cor e passa a ser colaborador do Jornal “Diário de Notícias”e, mais tarde, no “Diário de Lisboa”.
Retomando, em 1975, a colaboração com o Diário de Notícias, é nomeado director-adjunto, cargo que exerce durante dez meses… momento em que os militares responsáveis pelo golpe de direita de 25 de Novembro, tentam controlar o Jornal, considerando que tinha uma linha editorial defensora daquilo que consideravam os excessos do PREC e da Revolução.
Demitido como muitos outros funcionários, Saramago, sentindo-se “violado” na sua liberdade de expressão, passa a dedicar-se apenas à ficção literária, abandonando, definitivamente a arte jornalística. "(…) Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino – supondo-se que haja destino, não creio que haja – se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago, em 1988, numa entrevista à revista Playboy.
Disse-o e em boa hora o fez.
Na verdade, tomada a decisão, e trinta anos depois da publicação do romance “Terra do Pecado”, José Saramago entrega-se de novo ao universo ficcional, publicando “Manual de Pintura e Caligrafia” que ainda não definem um estilo próprio. Esse estilo vai espelhar-se na sua obra “Levantado do Chão” , publicado em 1980, através da retratação empenhada e comprometida da miséria e das privações a que foram sujeitas as populações pobres do Alentejo.
Em 1982, a consagração do autor é inevitável. O seu romance “Memorial do Convento”, situado no tempo histórico do reinado de D. João V, “abana” o universo intelectual português e o espaço da recensão crítica literária… e rapidamente é envolvido pelos leitores, mesmo os menos afoitos.
Até 1991, o autor oferece-nos mais quatro romances, todos eles questionando a interpretação oficial da História: “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984) – narra as deambulações de Ricardo Reis por Lisboa; “A Jangada de Pedra” (1986) – cuja trama coloca a Península Ibérica ao “desvario”, navegando, qual jangada sem norte, pelo Oceano Atlântico, depois de se soltar do resto da Europa; “História do Cerco de Lisboa” (1989) – aborda a tentação de um revisor introduzir uma palavra - "não"- no texto histórico que corrige, alterando-lhe completamente o sentido; e “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991) - onde o livro sagrado é reescrito sob a óptica de um Cristo humanizado.
Iniciando uma nova fase, Saramago escolhe os meandros da contemporaneidade como espaço e tempo das tramas da sua ficção e publica, entre 1995 e 2005, mais seis romances: “Ensaio Sobre a Cegueira “(1995); “Todos os Nomes” (1997); “A Caverna” (2001); “O Homem Duplicado” (2002); “Ensaio Sobre a Lucidez” (2004); e “As Intermitências da Morte” (2005).
O seu último romance “Caim” foi, de novo, alvo de grande polémica com os sectores mais conservadores da Igreja, incapazes de observarem o Mundo à luz da modernidade e da verdade. A isso, o autor respondeu, apesar de já bastante doente, com toda a sua sabedoria e convicção.
Durante esta fase de intensa e profícua produção e publicação, o escritor português vê, finalmente, reconhecida a sua obra, com a atribuição do Prémio Camões, em 1995, e, mais tarde, do mais importante prémio de Literatura – o Prémio Nobel, da Academia Sueca – em 1998. Ano em que ficou definitivamente para a História.
Muitas outras obras, neste texto não referidas, foram escritas pelo autor, abrangendo quase todas as tipologias literárias: poesia, romance, conto, texto dramático, crónica literária, entre outras.
Algumas das suas obras foram adaptadas para o cinema, das quais destacamos: “Jangada de Pedra”, pelo realizador holandês George Sluizer; “Ensaio sobre a Cegueira” pelo reconhecido realizador brasileiro Fernando Meireles; “Embargo”(conto inserto no livro “Objecto Quase”) pelas mãos de António Ferreira, “A Maior Flor do Mundo”, uma curta animação da responsabilidade de Pablo Etcheberry.
José Saramago morreu, hoje, em Lanzarote, com 87 anos, deixando a Literatura de luto…
Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…)
— Saramago, A Jangada de Pedra, 1986
Lua Cunha
Fonte: Google
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Clara Ferreira Alves
CLARA FERREIRA ALVES (artigo demolidor)
Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram (Olá! camarada Sócrates…Olá! Armando Vara…), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram (Olá! camarada Sócrates…Olá! Armando Vara…), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" (Olá! Batista Bastos… ainda és comunista?!) na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca. Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada. Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu?
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa.
Clara Ferreira Alves - "Expresso" - (foto google) - Manuela Ramos Cunha
segunda-feira, 14 de junho de 2010
5 anos após a morte de Álvaro Cunhal
N: 10 Novembro 1913 - F: 13 Junho 2005 - (Fotos google)
- ÁLVARO CUNHAL - ARTISTA NA PRISÃO!
Apanhado, há cinco anos, pela tenaz negra da morte, Álvaro Cunhal, figura marcante da resistência contra a ditadura fascista, deixa Portugal mais pobre.
Faz hoje cinco anos que o país foi confrontado com a morte já esperada de Álvaro Cunhal, secretário geral do Partido Comunista entre 1961 e 1992, ano em que Carlos Carvalhas fora eleito no XIV congresso para o substituir neste cargo.
Relembrar e homenagear Álvaro Cunhal é um imperativo para todos quantos dedicaram a sua vida à causa revolucionária e democrática… causa que, hoje, mais do que nunca, devemos ter presente, fazendo parte das nossas preocupações.
No mês em que a “partida” do Secretário Geral do PCP faz cinco anos, e para prestar a devida e sentida homenagem a «uma vida dedicada aos trabalhadores e ao povo, ao ideal e projecto comunistas», o secretariado nacional do Comité Central do PCP tornou público um conjunto de iniciativas que terão lugar entre os dias 9 e 24 de Junho.
Afirmando em declarações ao jornal “Sol” que “Álvaro Cunhal é um exemplo de vida e de luta que deve estar sempre presente” o PCP considera que “na actual situação, com as consequências do agravamento da crise do capitalismo, da sua natureza exploradora, do processo de integração europeia, da política de direita e abdicação nacional e a grave situação a que conduzem o país e o mundo, a contribuição da análise de Álvaro Cunhal, a sua dedicação aos interesses dos trabalhadores, do povo e o projecto da democracia e socialismo que foi o da sua vida, ecoam com redobrada actualidade”.
Ainda de acordo com a fonte já referida, vai decorrer, no dia 14, uma sessão pública sobre o livro «O Partido com Paredes de Vidro», que marcam os 25 anos da primeira edição de um «trabalho que constitui uma das mais significativas e valiosas contribuições de sempre sobre as características do Partido Comunista, a partir da experiência do PCP, sobre o ideal e o projecto comunistas, e que se afirma de grande importância na situação actual para projectar os caminhos do futuro».
Será também evocado o julgamento de Álvaro Cunhal, em 1950, mais de um ano após a sua detenção, numa casa clandestina do Luso, a par de Militão Ribeiro e Sofia Ferreira.
De acordo com o PCP, nesta sessão do julgamento, apoiado na coragem revolucionária que sempre o caracterizou, Álvaro Cunhal «afirmou a sua confiança no futuro» e «produziu uma demolidora acusação ao regime fascista, à sua natureza, ao atraso a que condenou o país e à brutal agressão aos direitos democráticos», sendo este momento um «exemplo de determinação, coragem e confiança inabalável no futuro, cujo significado ultrapassa o tempo histórico, constituindo um elemento inspirador para a acção e intervenção presente».
Será editado em DVD um conjunto inédito de cadernos da prisão de Cunhal e divulgado na sua página oficial, um dossiê sobre o antigo secretário-geral, disponibilizando-se em formato digital a obra «O Partido com Paredes de Vidro».
Ainda este ano, o PCP vai realizar iniciativas a propósito de diversos trabalhos do antigo secretário-geral, e editará o III Volume das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal.
Para o PCP, evocar o «exemplo de luta e de vida» de Cunhal significa «analisar a actual situação, determinar e afirmar o caminho de luta, transformação e progresso social que os trabalhadores e o povo português, e os trabalhadores e os povos do mundo cada vez mais precisam».
Relembrar e homenagear Álvaro Cunhal é um imperativo para todos quantos dedicaram a sua vida à causa revolucionária e democrática… causa que, hoje, mais do que nunca, devemos ter presente, fazendo parte das nossas preocupações.
No mês em que a “partida” do Secretário Geral do PCP faz cinco anos, e para prestar a devida e sentida homenagem a «uma vida dedicada aos trabalhadores e ao povo, ao ideal e projecto comunistas», o secretariado nacional do Comité Central do PCP tornou público um conjunto de iniciativas que terão lugar entre os dias 9 e 24 de Junho.
Afirmando em declarações ao jornal “Sol” que “Álvaro Cunhal é um exemplo de vida e de luta que deve estar sempre presente” o PCP considera que “na actual situação, com as consequências do agravamento da crise do capitalismo, da sua natureza exploradora, do processo de integração europeia, da política de direita e abdicação nacional e a grave situação a que conduzem o país e o mundo, a contribuição da análise de Álvaro Cunhal, a sua dedicação aos interesses dos trabalhadores, do povo e o projecto da democracia e socialismo que foi o da sua vida, ecoam com redobrada actualidade”.
Ainda de acordo com a fonte já referida, vai decorrer, no dia 14, uma sessão pública sobre o livro «O Partido com Paredes de Vidro», que marcam os 25 anos da primeira edição de um «trabalho que constitui uma das mais significativas e valiosas contribuições de sempre sobre as características do Partido Comunista, a partir da experiência do PCP, sobre o ideal e o projecto comunistas, e que se afirma de grande importância na situação actual para projectar os caminhos do futuro».
Será também evocado o julgamento de Álvaro Cunhal, em 1950, mais de um ano após a sua detenção, numa casa clandestina do Luso, a par de Militão Ribeiro e Sofia Ferreira.
De acordo com o PCP, nesta sessão do julgamento, apoiado na coragem revolucionária que sempre o caracterizou, Álvaro Cunhal «afirmou a sua confiança no futuro» e «produziu uma demolidora acusação ao regime fascista, à sua natureza, ao atraso a que condenou o país e à brutal agressão aos direitos democráticos», sendo este momento um «exemplo de determinação, coragem e confiança inabalável no futuro, cujo significado ultrapassa o tempo histórico, constituindo um elemento inspirador para a acção e intervenção presente».
Será editado em DVD um conjunto inédito de cadernos da prisão de Cunhal e divulgado na sua página oficial, um dossiê sobre o antigo secretário-geral, disponibilizando-se em formato digital a obra «O Partido com Paredes de Vidro».
Ainda este ano, o PCP vai realizar iniciativas a propósito de diversos trabalhos do antigo secretário-geral, e editará o III Volume das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal.
Para o PCP, evocar o «exemplo de luta e de vida» de Cunhal significa «analisar a actual situação, determinar e afirmar o caminho de luta, transformação e progresso social que os trabalhadores e o povo português, e os trabalhadores e os povos do mundo cada vez mais precisam».
Fonte: Lusa/SOL - Lua Cunha
José Carlos Ary dos Santos
«As Portas que Abril Abriu»
Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra.
Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas
lezírias e praias claras um povo se debruçava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.
Era uma vez um país onde o pão era contado onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado onde suava o ceifeiro que dormia com o gado onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado onde morria primeiro quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país onde o pão era contado onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado onde suava o ceifeiro que dormia com o gado onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado onde morria primeiro quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país de tal maneira explorado pelos consórcios fabris pelo mando acumulado pelas ideias nazis pelo dinheiro estragado pelo dobrar da cerviz pelo trabalho amarrado que até hoje já se diz que nos tempos do passado se chamava esse país Portugal suicidado.
Ali nas vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras vivia um povo tão pobre que partia para a guerra para encher quem estava podre de comer a sua terra.
Um povo que era levado para Angola nos porões um povo que era tratado como a arma dos patrões um povo que era obrigado a matar por suas mãos sem saber que um bom soldado nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém que dentro de um povo escravo alguém que lhe queria bem um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança feita de força e vontade era ainda uma criança mas já era a liberdade.
Era já uma promessa era a força da razão do coração à cabeça da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Esses que tinham lutado a defender um irmão esses que tinham passado o horror da solidão esses que tinham jurado sobre uma côdea de pão ver o povo libertado do terror da opressão.
Não tinham armas é certo mas tinham toda a razão quando um homem morre perto tem de haver distanciação uma pistola guardada nas dobras da sua opção uma bala disparada contra a sua própria mão e uma força perseguida que na escolha do mais forte faz com que a força da vida seja maior do que a morte.
Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo começou a floração do capitão ao soldado do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado percebeu qual a razão porque o povo despojado lhe
punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado em sua própria grandeza era soldado forçado contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado e no seu próprio país muitas vezes estrangulado pelos generais senis.
Capitão que não comanda não pode ficar calado é o povo que lhe manda ser capitão revoltado é o povo que lhe diz que não ceda e não hesite–
Pode nascer um país do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue contra a posição contrária nunca oprime nem persegue– é força revolucionária!
Foi então que Abril abriuas portas da claridade e a nossa gente invadiu a sua própria cidade.
Disse a primeira palavra na madrugada serena um poeta que cantava o povo é quem mais ordena.
E então por vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras desceram homens sem medo marujos soldados «páras» que não queriam o degredo dum povo que se separa.
E chegaram à cidade onde os monstros se acoitavam era a hora da verdade para as hienas que mandavam a hora da claridade para os sóis que despontavam e a hora da vontade para os homens que lutavam.
Em idas vindas esperas encontros esquinas e praçasnão se pouparam as feras arrancaram-se as mordaças e o povo saiu à rua com sete pedras na mão e uma pedra de lua no lugar do coração.
Dizia soldado amigo meu camarada e irmão este povo está contigo nascemos do mesmo chão trazemos a mesma chama temos a mesma ração dormimos na mesma cama comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo soldadinho ou capitão este povo está contigo a malta dá-te razão.
Foi esta força sem tiros de antes quebrar que torcer esta ausência de suspiros esta fúria de viver este mar de vozes livres sempre a crescer a crescer que das espingardas fez livros para aprendermos a ler que dos canhões fez enxadas para lavrarmos a terra e das balas disparadas apenas o fim da guerra.
Foi esta força viril de antes quebrar que torcer que em vinte e cinco de Abril fez Portugal renascer.
E em Lisboa capitaldos novos mestres de Avizo povo de Portugal deu o poder a quem quis.
Mesmo que tenha passado às vezes por mãos estranhas o poder que ali foi dado saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobre dos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras onde um povo se curvava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.
E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.
Essas portas que em Caxias se escancararam de vez essas janelas vazias que se encheram outra vez e essas celas tão frias tão cheias de sordidez que espreitavam como espias todo o povo português.
Agora que já floriu a esperança na nossa terra as portas que Abril abriu nunca mais ninguém as cerra.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
Quando o povo desfilou nas ruas em procissão de novo se processou a própria revolução.
Mas eram olhos as balas abraços punhais e lanças enamoradas as alas dos soldados e crianças.
E o grito que foi ouvido tantas vezes repetido dizia que o povo unido jamais seria vencido.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
E então operários mineiros pescadores e ganhões marçanos e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões souberam que o seu dinheiro era presa dos patrões.
A seu lado também estavam jornalistas que escreviam actores que se desdobravam cientistas que aprendiam poetas que estrebuchavam cantores que não se vendiam mas enquanto estes lutavam é certo que não sentiam a fome com que apertavam os cintos dos que os ouviam.
Porém cantar é ternura escrever constrói liberdade e não há coisa mais pura do que dizer a verdade.
E uns e outros irmanados na mesma luta de ideais ambos sectores explorados ficaram partes iguais.
Entanto não descansavam entre pragas e perjúrios agulhas que se espetavam silêncios boatos murmúrios risinhos que se calavam palácios contra tugúrios fortunas que levantavam promessas de maus augúrios os que em vida se enterravam por serem falsos e espúrios maiorais da minoria que diziam silenciosa e que em silêncio fazia a coisa mais horrorosa:minar como um sinapismo e com ordenados régios o alvor do socialismo e o fim dos privilégios.
Foi então se bem vos lembro que sucedeu a vindima quando pisámos Setembro a verdade veio acima.
E foi um mosto tão forte que sabia tanto a Abril que nem o medo da morte nos fez voltar ao redil.
Ali ficámos de pé juntos soldados e povo para mostrarmos como é que se faz um país novo.
Ali dissemos não passa! E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça odeia a quem desgraçou.
Foi a força do Outono mais forte que a Primavera que trouxe os homens sem dono de que o povo estava à espera.
Foi a força dos mineiros pescadores e ganhões operários e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões que deu o poder cimeiro a quem não queria patrões.
Desde esse dia em que todosnós repartimos o pão é que acabaram os bodos— cumpriu-se a revolução.
Porém em quintas vivendas palácios e palacetes os generais com prebendas caciques e cacetetes os que montavam cavalos para caçarem veados os que davam dois estalos na cara dos empregados os que tinham bons amigos no consórcio dos sabões e coçavam os umbigos como quem coça os galões os generais subalternos que aceitavam os patrões os generais inimigos os generais garanhões teciam teias de aranha e eram mais camaleões que a lombriga que se amanha com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha já não há revoluções.
Por isso o onze de Março foi um baile de Tartufos uma alternância de terços entre ricaços e bufos.
E tivemos de pagarcom o sangue de um soldadoo preço de já não estarPortugal suicidado.
Fugiram como cobardes e para terras de Espanha os que faziam alardes dos combates em campanha.
E aqui ficaram de pé capitães de pedra e cal os homens que na Guiné aprenderam Portugal.
Os tais homens que sentiram que um animal racional opõe àqueles que o firam consciência nacional.
Os tais homens que souberam fazer a revolução porque na guerra entenderam o que era a libertação.
Os que viram claramente e com os cinco sentidos morrer tanta tanta gente que todos ficaram vivos.
Os tais homens feitos de aço temperado com a tristeza que envolveram num abraço toda a história portuguesa.
Essa história tão bonita e depois tão maltratada por quem herdou a desdita da história colonizada.
Dai ao povo o que é do povo pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo nos poemas de Camões!
Havia sim a lonjura e uma vela desfraldada para levar a ternura à distância imaginada.
Foi este lado da história que os capitães descobriram que ficará na memória das naus que de Abril partiram das naves que transportaram o nosso abraço profundo aos povos que agora deram novos países ao mundo.
Por saberem como é ficaram de pedra e cal capitães que na Guiné descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram o que deviam fazer:ao seu povo devolveram o que o povo tinha a haver:Bancos seguros petróleos que ficarão a render ao invés dos monopólios para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios e outras coisas para erguer antenas centrais e fios dum país que vai nascer.
Mesmo que seja com frio é preciso é aquecer pensar que somos um rio que vai dar onde quiser pensar que somos um mar que nunca mais tem fronteiras e havemos de navegar de muitíssimas maneiras.
No Minho com pés de linho no Alentejo com pão no Ribatejo com vinho na Beira com requeijão e trocando agora as voltas ao vira da produção no Alentejo bolotas no Algarve maçapão vindimas no Alto Douro tomates em Azeitão azeite da cor do ouro que é verde ao pé do Fundão e fica amarelo puro nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo o povo deita-lhe a mão!
É isto a reforma agrária em sua própria expressão:a maneira mais primária de que nós temos um quinhão da semente proletária da nossa revolução.
Quem a fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse um menino que sorriu uma porta que se abrisse um fruto que se expandiu um pão que se repartisse um capitão que seguiuo que a história lhe predisse e entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo que levantava sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães viessem ferrar o dente na carne dos capitães que se arriscaram na frente.
Na frente de todos nós povo soberano e total que ao mesmo tempo é a voz e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas agiotas do lazer latifundiários machistas balofos verbos de encher e outras coisas em istas que não cabe dizer aqui que aos capitães progressistas o povo deu o poder!
E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!
Lisboa, Julho-Agosto de 1975
«HOMENAGEM DE LUA CUNHA A ÁLVARO CUNHAL»
13 Junho 2010
Declarações de Paulo Portas
AS DECLARAÇÕES XENÓFOBAS DE PAULO PORTAS
"Quem trabalha paga mais impostos e quem não quer trabalhar recebe mais subsídios" afirmou recentemente Paulo Portas. É esta imagem que se tem do pobre, a de alguém que não quer trabalhar?
Perante as recorrentes declarações de Paulo Portas/CDS, demonstrativas de uma mentalidade atávica que nos faz lembrar tempos remotos(mas próximos), entendemos postar, com ligeiras alterações, um excerto de um artigo publicado no jornal “Le Monde Diplomatique” de Maio (versão portuguesa), estando certos de que o mesmo desmistifica o carácter xenófobo que subjaz às “trovoadas” paulistas/centristas.
Nestes tempos neo-liberais, os poderes financeiros, que ninguém elegeu, pressionam as economias, com juros elevadíssimos, e criam dificuldades que, por sua vez, levam os Estados a aceitarem as medidas de ajustamento orçamental tendentes a cortar prestações sociais e investimentos públicos e a reforçar os lucros e os poderes do sistema financeiro.
É preciso acalmar os mercados, dizem os governantes. Aparecer com uma frente nacional unida, não mostrar divergências nem hesitação nas escolhas, apelando-se a uma espécie de «salvação nacional», em nome do interesse supremo do país.
Assistimos, então, à utilização nos discursos políticos, no comentário e no jornalismo de um vocabulário de guerra que não tem apenas o efeito de denunciar o ataque especulativo, de resto bem real, mas também acaba por abrir caminho à criação de um ambiente de guerra em que o imperativo da defesa facilita a imposição de consensos que tendem a beneficiar os mais fortes e mais bem equipados para a sobrevivência e a desprezar (a sacrificar) os sectores mais frágeis, tanto em termos geográficos como sociais.
Quando se instala uma mentalidade de guerra, não se dá a mesma atenção a todas as dimensões que ela tem, a todos os danos que causa nas diferentes vítimas. As retóricas belicistas, além de mobilizarem para a aniquilação do inimigo, prevêem baixas nas próprias forças em combate e admitem danos colaterais (os que são inadvertidamente infligidos contra pessoas ou estruturas não-combatentes). Mas falam também de uma outra categoria, essa a que o exército norte-americano se refere como friendly fire, ou «fogo amigo», o fogo contra as próprias forças que pode ocorrer quando se está a responder a um ataque do inimigo e que resulta em ferimentos ou morte.
Se se quiser olhar para esta fase da crise que estamos a viver recorrendo a palavras nascidas da guerra, então vale a pena observar esta curiosa categoria, paradoxo dos paradoxos e epítome dos absurdos e injustiças da guerra. Talvez o “fogo amigo” não esteja muito distante das decisões políticas que pretendem responder à crise mas atingem os cidadãos, apanhados pela destruição do Estado social quando, com toda a legitimidade dada pela sua carreira contributiva, a ele precisam de recorrer em situação de desemprego. Talvez seja até a melhor das hipóteses, por estranho que pareça, comparar os cortes nas prestações sociais actualmente em curso em países como Portugal a essa categoria vinda da guerra que é o “fogo amigo”. Porque a alternativa, a levar a sério alguns discursos que por vezes se ouvem sobre a «moralização» e os «incentivos» ao trabalho, poderia ter de passar por analogias com acções de natureza disciplinadora, deliberadamente infligidas como castigo. E aí a guerra é outra.
Fonte: Artigo do Le Monde Diplomatique – Maio (versão portuguesa)
Lua Cunha
Manuel Alegre sobre discurso de Cavaco Silva
Manuel Alegre sobre discurso do 10 de Junho de Cavaco Silva:
“PR não deve dizer que o país é insustentável”
10-06-2010 com Lusa, SIC e TSF
“O Presidente da República não deve dizer que o país é insustentável” porque lhe cabe sobretudo uma palavra “mobilizadora”, disse Manuel Alegre, comentando o discurso de Cavaco Silva no dia 10 de Junho. Para o candidato presidencial, o Presidente não criticou as razões que estão na origem da crise e “não afirmou a necessidade de o Estado português resistir às pressões que vêm dos mercados financeiros e nos tentam impor soluções que até são contra a Constituição”. Oiça declarações de Manuel Alegre à TSF AQUI
Manuel Alegre considerou que o discurso teve duas partes, na primeira foi “adequado” mas na segunda foi excessivo e “teve uma palavra a mais, que é ‘insustentável’".
O Presidente da República reconheceu hoje, na sessão solene das comemorações do 10 de Junho, que decorreram em Faro, que Portugal chegou a “uma situação insustentável” defendendo o estabelecimento de um “contrato de coesão nacional”, no qual cabe aos agentes políticos uma “especial responsabilidade”.
2010
http://www.manuelalegre.com/
Manuel Alegre considerou que o discurso teve duas partes, na primeira foi “adequado” mas na segunda foi excessivo e “teve uma palavra a mais, que é ‘insustentável’".
O Presidente da República reconheceu hoje, na sessão solene das comemorações do 10 de Junho, que decorreram em Faro, que Portugal chegou a “uma situação insustentável” defendendo o estabelecimento de um “contrato de coesão nacional”, no qual cabe aos agentes políticos uma “especial responsabilidade”.
2010
http://www.manuelalegre.com/
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Ferreira Gullar
O POETA E DRAMATURGO BRASILEIRO CONTEMPLADO COM O PRÉMIO CAMÕES – PRÉMIO MAIOR DA LÍNGUA PORTUGUESA
Ferreira Gullar, pseudónimo de José Ribamar Ferreira, poeta e dramaturgo brasileiro, natural da capital do Maranhão, São Luís, foi, esta segunda feira, galardoado com o Prémio Camões.
Reconhecido no universo intelectual como um dos grandes nomes da poesia brasileira, Ferreira Gullar, de 79 anos, deu também corpo e alma a textos que suportam vários registos, desde o registo musical de Ney Matogrosso (Homem com H) ao registo cinematográfico (filme Cidade de Deus, de Fernando Meireles) com as conhecidas frases "Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come”.
Com este prémio, Ferreira Gullar sucede ao escritor cabo-verdiano Arménio Vieira e é mais um a associar-se ao conjunto dos eleitos que, desde a criação do prémio, em 1989, têm sido honrosamente contemplados pelos diversos júris, sendo os seguintes, os autores galardoados: Miguel Torga (Portugal), João Cabral de Melo Neto (Brasil) José Craveirinha (Moçambique),Vergílio Ferreira (Portugal) Rachel de Queiroz (Brasil), Jorge Amado (Brasil), José Saramago (Portugal), Eduardo Lourenço (Portugal), Pepetela(Angola), António Cândido de Mello e Sousa(Brasil), Sophia de Mello Breyner (Portugal), Autran Dourado(Brasil),Eugénio de Andrade (Portugal), Maria Velho da Costa(Portugal), Ruben Fonseca (Brasil), Agustina Bessa Luís (Portugal), Lygia Fagundes Telles (Brasil),Luandino Vieira (Angola - recusou o prémio por razões pessoais), António Lobo Antunes (Portugal), João Ubaldo Ribeiro (Brasil), Arménio Vieira (cabo Verde).
Crítico literário, jornalista e revisor do jornal “Estado de S. Paulo”, Gullar foi sempre um lutador contra a ditadura que usou a arma da escrita para denunciar as atrocidades do regime militar brasileiro. Esta determinação e “ousadia” liga-o para sempre a uma postura revolucionária que o obrigou a abandonar o seu país e a viver exilado em Moscovo, Santiago do Chile, Lima e Buenos Aires.
Lua Cunha
Ferreira Gullar, pseudónimo de José Ribamar Ferreira, poeta e dramaturgo brasileiro, natural da capital do Maranhão, São Luís, foi, esta segunda feira, galardoado com o Prémio Camões.
Reconhecido no universo intelectual como um dos grandes nomes da poesia brasileira, Ferreira Gullar, de 79 anos, deu também corpo e alma a textos que suportam vários registos, desde o registo musical de Ney Matogrosso (Homem com H) ao registo cinematográfico (filme Cidade de Deus, de Fernando Meireles) com as conhecidas frases "Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come”.
Com este prémio, Ferreira Gullar sucede ao escritor cabo-verdiano Arménio Vieira e é mais um a associar-se ao conjunto dos eleitos que, desde a criação do prémio, em 1989, têm sido honrosamente contemplados pelos diversos júris, sendo os seguintes, os autores galardoados: Miguel Torga (Portugal), João Cabral de Melo Neto (Brasil) José Craveirinha (Moçambique),Vergílio Ferreira (Portugal) Rachel de Queiroz (Brasil), Jorge Amado (Brasil), José Saramago (Portugal), Eduardo Lourenço (Portugal), Pepetela(Angola), António Cândido de Mello e Sousa(Brasil), Sophia de Mello Breyner (Portugal), Autran Dourado(Brasil),Eugénio de Andrade (Portugal), Maria Velho da Costa(Portugal), Ruben Fonseca (Brasil), Agustina Bessa Luís (Portugal), Lygia Fagundes Telles (Brasil),Luandino Vieira (Angola - recusou o prémio por razões pessoais), António Lobo Antunes (Portugal), João Ubaldo Ribeiro (Brasil), Arménio Vieira (cabo Verde).
Crítico literário, jornalista e revisor do jornal “Estado de S. Paulo”, Gullar foi sempre um lutador contra a ditadura que usou a arma da escrita para denunciar as atrocidades do regime militar brasileiro. Esta determinação e “ousadia” liga-o para sempre a uma postura revolucionária que o obrigou a abandonar o seu país e a viver exilado em Moscovo, Santiago do Chile, Lima e Buenos Aires.
Lua Cunha
(Fotos google)
terça-feira, 1 de junho de 2010
A maior manifestação das últimas décadas
Mais de 300 mil contra a política de direita
Mais de 300 mil pessoas ocuparam o centro de Lisboa contra a política de desastre nacional do PS e PSD. Com as avenidas Fontes Pereira de Melo, António Augusto Aguiar cheias, assim como a praça Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade até aos Restauradores, uma massa imensa de indignação, protesto e luta, respondeu ao apelo da CGTP-IN.
Foi a maior manifestação das últimas décadas, uma clara demonstração da força, unidade e determinação da classe operária e de todos os trabalhadores, que contou com a solidariedade e empenho do PCP.
Esta impressionante jornada de luta, reforçou a convicção de que é possível derrotar a política de desastre nacional, de abdicação dos interesses do país, de agravamento da exploração que o PS, o PSD e CDS querem impor aos trabalhadores e ao Povo.
Perante a escalada de medidas contra os trabalhadores, o Povo e o país decididas nos últimos meses, esta foi a resposta do Povo português, às pretensões dos grupos económicos e financeiros, do PS, do PSD e do CDS, uma clara exigência de ruptura com a política de direita, de mudança na vida nacional.
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