Raul Solnado morreu ontem em Lisboa, a dois meses de completar 80 anos. Nasceu num bairro da capital, de origem modesta. Foi levado para o teatro pela mão de outro grande actor e também humorista, José Viana, falecido em 2003. Solnado estreou-se nos palcos em 1952, e neles viveu anos de enorme sucesso. Mas foi também uma figura relevante do cinema e da televisão. Os programas "Zip Zip" e "A Visita da Cornélia" foram coroas de glória da sua carreira televisiva, e "A Guerra de 1908", história traduzida de um original espanhol, foi um dos maiores sucessos da Rádio. Dado o seu humor corrosivo, que incomodava o regime, o fascismo tinha-o como um perigoso esquerdista. Todos os portugueses o viam no palco ou na televisão, ou ouviam-no na rádio ou nos discos. "Fazia rir como quem quer fazer o bem". Morreu um grande actor, com uma grande multiplicidade de rostos e de situações. Devemos-lhe este apontamento de memória e saudade.
Fonte: Jornal de Notícias
A morte de Raul Solnado constitui-se como uma perda irreparável para milhões de portugueses no continente e na diáspora. Na verdade, muitas gerações se habituaram a "olhar" para esta figura de proa do humor em Portugal com grande respeito e amizade... Um lutador que utilizou a "arma" do riso para desmascarar a ditadura e o fascismo (Zip-ZIp, a guerra de 1908, etc), iludindo, muitas vezes, a ignorância da censura, incapaz de perceber a mensagem transportada na profundidade dos seus textos humorísticos.O mesmo não podemos dizer dos responsáveis pela cultura neste país, que, ao longo de todos estes anos, e confome afirmou o seu amigo Batista Bastos, no dia do seu falecimento,não souberam aproveitar o grande caudal artístico que lhe corria nas veias, ignorando-o e abandonando-o. E agora, porque o povo pode não perdoar tal desprezo, mais não fazem do que chorar lágrimas de crocodilo.
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