quinta-feira, 2 de julho de 2009

Mais lixeira?

O Bloco de Esquerda, pela voz do seu deputado Adelino Mota, na Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão, levantou preocupações quanto aos projectos da RESINORTE - que vai gerir o sistema intermunicipal de resíduos sólidos urbanos do Vale do Ave - de construção de uma central energética na ETRSU de Riba de Ave, destinada a queimar todo o lixo da região norte, ou seja: o lixo da AMAVE, Douro Sul, Alto Tâmega e Baixo Tâmega, cerca de 200 mil toneladas de lixo que não é aproveitado nem para aterro, nem para compostagem. O projecto passou, colhendo 63 votos a favor, de deputados do PSD, CDS e PS. Abstiveram-se alguns deputados do partido socialista e presidentes de Juntas de Freguesia, e votaram contra o BE, CDU e o deputado Tavares Bastos, do CDS, e os presidentes de Junta das Freguesias de Riba de Ave e Oliveira S. Mateus. O assunto traz à ribalta a luta travada em 1990 pela população de Riba de Ave contra a instalação da chamada "lixeira", que foi um dos primeiros protestos que se levantaram no país contra a instalação desses equipamentos, e que se revestiu de segmentos de grande tensão, como as manifestações, cortes de estrada, desfiles de crianças das escolas e protestos dos estabelecimentos de ensino, embargo administrativo e várias representações junto dos grupos parlamentares, sem esquecer a manifestação na presença de Mário Soares, aquando da sua visita à estação de tratamento de lixos. Apesar de tudo isso, a estação de tratamento de lixos foi instalada e entrou em funcionamento, e ainda hoje se sentem muitas vezes e intensamente os incómodos e cheiros dela provenientes. Esperamos que os representantes das populações locais e os partidos políticos assumam agora frontalmente as suas responsabilidades, vigiando todo o processo que se anuncia e que poderá vir a afectar ainda mais a qualidade de vida da população de Riba de Ave e das freguesias vizinhas. Registe-se que em 1990 a instalação da "lixeira" foi da responsabilidade da Câmara do PS, que contou com o apoio disfarçado do PSD, enquanto que agora é a Câmara do PSD a lançar o projecto, contando com o apoio do PS, já abertamente manifestado. Sempre iguaizinhos, a alternância é um embuste...

3 comentários:

  1. Nascida em Riba de Ave e aí tendo passado toda a minha adolescência e parte da juventude, é com um grande sentimento de tristeza e mesmo de revolta que olho para a permanente descaracterização a que a minha aldeia (agora vila) tem vindo a ser sujeita. É óbvio que a vida não pára e as exigências do mundo "moderno" pressupõe alterações. Mas não podemos permitir que se destruam os traços identitários dos lugares, das regiões e dos países, em nome da globalização.
    De facto, hoje, quando visito Riba de Ave, em nada me revejo... nada encontro dos ainda próximos anos 60 e 70, a não ser a minha família e alguns amigos( que estoicamente vai ficando por ali, lutando com empenho para tentar impedir os ataques sistemáticos aos direitos e ao bem-estar da população). Como diz o autor do blogue, contra tudo e todos, o poder autárquico, então nas mãos do PS, impôs, nos anos 90, a "lixeira" (com um nome muito mais pomposo), de mãos bem apertadas com o PSD, seu parceiro na alternância do poder... hoje tu, amanhã eu. Mais tarde, para fazer a portagem da A7, destruíram espaços que fazem parte do imaginário de muitos de nós (lembro toda a envolvência à capelinha de S.Bartolomeu). Depois, sem qualquer pudor, e pese embora um abaixo assinado de protesto, abateram um conjunto de árvores, muitas

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  2. muitas delas centenárias, destruindo um espaço lendário para a população mais idosa da terra e transformando-o num monte de cimento para aparcar automóveis.Entretanto as empresas que davam emprego a milhares de trabalhadores de Riba de Ave e das freguesias vizinhas (Ah! como eu me lembro da Senhora Deolinda de Fafe)foram alienadas e faliram,deixando na penúria famílias inteiras. Aliás, essas mesmas empresas que, sem o mínimo de respeito, foram poluindo o rio em que eu, os meus irmãos,os meus pais, primos,tios e amigos nos banhávamos, no tempo de canícula.
    Quando penso no Riba de Ave de hoje, com aqueles fantasmas das fábricas abandonadas, não posso deixar de pensar na Ode Triunfal de Álvaro de Campos e na apologia que fazia do desenvolvimento industrial, mas, como que adivinhando o futuro, mostrando, volta e meia, a saudade que tinha da tranquilidade do seu tempo de infância.
    Por tudo isto, tenho esperança de que o povo de Riba de Ave não vai ficar quieto e saberá dar uma resposta a estas políticas que alternadamente são levadas a cabo pelo PS e pelo PSD. Acabemos com isto. Demos a resposta devida nas eleições que se aproximam. Votemos em massa e BEM.

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  3. Aponte criticas ao seu partido CDU. Pela responsabilidade directa que teve nos destinos de Riba de Ave.
    O que foi feito enquanto o seu "camarada" Miguel Lopes esteve na Junta de Freguesia? Nada.

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