O novo livro "Caim", de José Saramago, foi lançado no passado domingo em Penafiel, no âmbito do evento cultural "Escritaria", organizado pela Câmara Municipal, e que este ano foi dedicado ao Prémio Nobel José Saramago. Tivemos a oportunidade de visitar a exposição/arte de rua, que abarcava um conjunto de intervenções artístico-didácticas disseminadas pela cidade, de forma a promover no espaço público a interacção com a comunidade local e, assim, suscitar o seu interesse pela literatura em geral e pela obra de José Saramago, em particular. Também as montras dos estabelecimentos comerciais ostentavam a figura de Saramago e excertos dos seus livros. Era bonito... Pelo que lemos, a sessão de lançamento do livro esteve concorridíssima, e foi durante ela que Saramago afirmou que "a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", afirmação que provocou reacções por parte da Igreja e levou o eurodeputado social-democrata Mário David a sugerir "que Saramago renuncie à cidadania portuguesa, dizendo-se envergonhado com as declarações do escritor". Estas reacções, a lembrarem outras de anos atrás,devido a um outro livro do Autor, levam-nos até Tomaz da Fonseca e ao seu livro "Sermões da Montanha", quando, dirigindo-se ao povo, lhe diz: "agora, como então, há uma casta maldita que te impede o direito de seres livre, procurando esconder-te da razão e da justiça, fazendo ao teu sentir e ao teu querer o mesmo que tu fazes, no alambique, ao fermento da uva e do medronho, quando o queres distilar: abafam-te". Pelos vistos, ainda por aí andam inquisidores...
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