O padre Mário Oliveira, ou padre Mário da Lixa, como é mais conhecido, tem editado nos últimos anos uma série de livros, que o tornaram autor incontornável do mundo nacional das letras, lido também em muitos países onde se fala o português. Para além de escritor, é jornalista, dirigindo o jornal "Fraternizar", com larga divulgação. Já conhecido antes do 25 de Abril, pelas suas posições contra o regime da ditadura fascista, as sua "Homilias da Paz", proferidas em 1973 na paróquia de Macieira da Lixa, e recentemente editadas na colecção Memória Perecível, da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, abalaram a ditadura, e foram já à altura ouvidas por milhares de portugueses que, como nós e outras pessoas de Riba de Ave, fomos várias vezes escutá-las, numa igreja cheia de paroquianos e de outra gente vinda de longe, sob a pressão do medo da PIDE e da repressão, com outros rostos. Pois é do seu novo livro que hoje vimos falar, e que se chama "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação". ´E uma obra que o autor diz tratar-se de um livro póstumo, mas com a sua presença viva, e que é, segundo também a sua opinião, porventura o mais teologicamente interpelador e desafiador de todos os seus livros. A sessão tem atractivos especialíssimos, para além da própria obra. O livro vai ser apresentado por outra figura maior das letras portuguesas, o escritor angolano LUANDINO VIEIRA, e a sessão com a presença do actor Júlio Cardoso, da Companhia de Teatro Seiva Trupe, que lerá versículos de alguns capítulos do novo livro. Falta dizer que a sessão terá lugar no dia 17 de Outubro próximo, realizando-se no BARRACÃO DA CULTURA, em Macieira da Lixa, "Barracão da Cultura" que é uma obra a que, com grande coragem e determinação, o padre Mário meteu ombros, e à qual se destinam os proveitos desta realização. A todos, o padre Mário pede, com todo o seu afecto, para reservarem a tarde do dia 17 de Outubro para viverem em directo a sessão de apresentação do novo livro, tarde que promete ser inesquecível e, "quem sabe, poder mudar radicalmente muitas vidas". Os livros poderão ser autografados e a editora servirá, a terminar, um eucarístico Porto de Sororidade/Fraternidade. Não faltem!
Para ouvir, editamos um video seu, retirado da Internet.
Meu caro Manuel Cunha
ResponderEliminarO meu abraço.
Uma agradável surpresa esta sua informação.
Tomara que resulte. E, se no dia 17 de Outubro próximo, já não é possível organizar e alugar autocarros, como sucedia na década de setenta, que venham, pelo menos, aí de Riba d’Ave, carros particulares cheios de pessoas interessadas nestas coisas da Cultura Maiêutica e da Teologia Jesuânica que desmascara a Idolatria disfarçada de virtude em que andamos atolados.
Bem-haja pelo seu afecto, Mário
A audição do vídeo do padre Mário fez-me recuar 40 no tempo e levou-me para um espaço de denúncia da política da ditadura e da sua monstruosa guerra colonial que afectou milhares de famílias portuguesas, castrando-as dos seus elementos masculinos mais jovens. Naquele espaço místico da igreja de Macieira da Lixa, a voz denunciadora e destemida daquele homem (que rapidamente passou a ser conhecido como o padre Mário da Lixa) prendia a atenção de milhares de pessoas que, de muitos pontos do país, ali se deslocavam para escutar as palavras que todos sussurrávamos, mas que ele ousava dizer, de braços abertos, em pleno púlpito. Referência inesquecível para muitos de nós, o padre Mário traçou sempre o seu caminho no trilho dos mais desfavorecidos. Nunca declinando perante a hipocrisia, tornou-se uma voz incómoda para a Instituição Igreja que tudo fez para o afastar do contacto com os paroquianos. Mas a verdade e a justeza das suas convicções deram-lhe força e mantiveram-no “vivo” e presente. A sua obra(de que este vídeo é um exemplo fortíssimo de denúncia do capitalismo e da hipocrisia de "Roma") aí está para reforçar esta verdade... Os seus ideais merecem a nossa presença na apresentação do seu novo livro, no dia 17, no Barracão da Cultura.
ResponderEliminarFomos a Macieira da Lixa assistir ao lançamento deste livro do padre Mário e levar-lhe um forte abraço de solidariedade e apoio às "Formigas de Macieira", como se chama a Assoiação Cultural e Recreativa que o padre Mário criou, com o apoio já de muita gente. O seu "Barracão da Cultura", quando pronto, servirá o desenvolvimento cultural daquela comunidade, que bem poderá orgulhar-se do seu animador. O livro foi apresentado por Luandino Vieira, escritor angolano premiado com o maior prémio literário português, que é o Prémio Camões, e cujo valor monetário (150.000 Euros) Luandino Vieira recusou, numa afirmação de dignidade que impressionou muita gente. Também o Actor Júlio Cardoso se associou ao lançamento do livro, lendo vários excertos da obra, um volumoso livro com 665 páginas, não escondendo a comoção que muitas páginas transmitem de forma incontida. Sala cheia, para um evento que não esquecerá a quem teve o privilégio de a ele assistir. No seu "Testamento", ao encerrar este seu livro, padre Mário, entre outras cisas, escreve: "...E não esqueçais nunca este meu último Apelo que aqui Vos deixo em Testamento: Amai-vos umas às outras, uns aos outros, pelo menos tanto como eu Vos amo. Se possível ainda mais, muito mais do que eu Vos amo". Um livro, "para um Mundo de pessoas e de Povos mais humanos". E, como disse o Luandino Vieira, um livro para trazermos connosco e ler várias vezes. Obrigado, Mário!
ResponderEliminar