Os partidos da oposição com mandatos na assembleia de freguesia de Riba de Ave não aceitaram as propostas de composição apresentadas por Armando Carvalho(PSD), para a constituição dos órgãos de poder local, Executivo e Mesa da Assembleia. Armando Carvalho terá, por isso, de procurar uma outra solução, que terá de passar pela aceitação de pelo menos um dos partidos da oposição(PS e CDU), visto que esta dispõe da maioria dos mandatos. No horizonte, pode colocar-se o recurso a novas eleições. Vejamos o que nos vai mostrar o próximo capítulo.
sábado, 31 de outubro de 2009
Federico Fellini morreu há 16 anos
O grande e premiado cineasta Federico Fellini morreu há 16 anos. Realizador de grandes obras de cinema, de filmes como Noites de Cabíria, A Estrada, Julieta dos Espíritos, La Dolce Vita, Cidade das Mulheres, Roma Cidade Aberta, O Navio, Amarcord e tantos outros, que lhe mereceram as mais altas classificações, como a Palma de Ouro de Cannes e tantas outras, ombreou com nomes como Akira Kurosava, David Lynch, Cronemberg, Stanley Kubrick, Scorsese e Kusturica. O seu primeiro filme foi Mulheres e Luzes, co-dirigido por Alberto Latuada. Nos seus filmes actuaram os maiores nomes do cinema italiano, tais como Giulietta Masina, Marcello Mastroianni, Anita Ekberg, Marisa Solinas, Sophia Loren, Claudia Cardinale, Pupella Maggio, Magali Noel e Franco Fabrizi. Rever a filmografia de Fellini é uma magia para os olhos e um bálsamo para o espírito. Os seus filmes continuam a ser vistos em todo o mundo, a abrir festivais, a enriquecer o cinema.
No Dia Mundial da Poupança a pauperização das famílias
Mário Frota, presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, no programa "Porto de Abrigo", uma parceria Correio da Manhã, Rádio Festival e Fundação Filos, a propósito do Dia Mundial da Poupança que hoje se assinala, disse que a poupança é impossível para cerca de 80% das famílias, sublinhando que "o mais grave é que cerca de metade das famílias portuguesas não tem rendimentos suficientes para as despesas básicas obrigatórias". Este quadro social é verdadeiramente dramático e exige uma intervenção séria dos poderes públicos. Com a taxa de desemprego a aproximar-se dos 10%, sendo uma das mais altas da União Europeia; com a política de baixos salários e reformas, que parece estar para continuar, não se vê como irão as famílias enfrentar a situação de agravamento social que todos os dias se regista, como agora está a acontecer na Aerosoles, a maior empresa de calçado de Portugal, com 600 trabalhadores a não receberem os salários de Outubro e sob a pressão de um despedimento próximo, e com a Delphi, de Ponte do Sor, com encerramento previsto para 31 de Dezembro e 430 trabalhadores a perder o trabalho. Ao lado deste cenário real de dramas sociais, caminha a corrupção a alto nível, de que os casos destes dias abrangem grandes empresas, como a Refer, CP, Petrogal, Lisnave e REN, e figuras da alto gabarito ligadas a partidos políticos, como administradores, ex-ministros, militares e quadros superiores. Com este quadro da política económico-social, falar de "poupança" parece uma ironia. Pois se os salários e reformas das pessoas não chega para o seu viver quotidiano já muito asfixiado, vão as famílias poupar em quê?
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Armando Soares evocado no Boletim Cultural do Município
O Boletim Cultural da Câmara de Famalicão, no seu último número, recentemente editado, evoca algumas personalidades gradas do concelho, tendo particular significado a que dedica ao escritor(e poeta)Armando Soares, falecido em 2006. Por ter sido amigo de muitos anos com o AS e com ele ter partilhado algumas iniciativas culturais, fui convidado, com outros amigos seus(Luís Serguilha, Ivo Machado, Jorge Reis Sá, Manuela Monteiro, Salvador Coutinho, Filomena Fonseca, Claudia de Sousa Dias e Artur Sá da Costa), a escrever um testemunho sobre o Armando. Sendo um texto algo longo o que produzi, e porque todos os outros textos escritos em sua homenagem merecem ser lidos, remetemos a sua leitura para o Boletim. Nele, podem ainda os leitores conhecer a biografia e bibliografia do homenageado, um leal e culto amigo "que conheci há muitos anos em Riba de Ave, então uma terra muito diferente do que é hoje, um mundo rural em ruptura pelo pulsar das fábricas, e que ia deixando para trás a visão paroquial do início do século XX".
XVIII Governo Constitucional
Está constituido o novo Governo, de incumbência do PS, na sequência dos resultados eleitorais de 27 de Setembro passado. A mudança mais radical foi a da ministra da Educação, fortemente contestada pelos professores, e da sua magistratura sobram graves problemas para o novo governo, com os partidos da oposição comprometidos com várias reivindicações dos docentes e dos seus sindicatos. Sobre o novo executivo, também parece ser unânime a opinião das oposições de que se trata de uma equipa "disponível" para governar segundo a orientação do Primeiro-ministro José Sócrates, tendo em conta, naturalmente, os condicionalismos que decorrem de se tratar de um governo minoritário. Vai Sócrates governar até ao fim da legislatura? Essa é uma interrogação que muitos já colocam! Dentro de dias, a discussão do Programa do Governo na Assembleia da República será o primeiro grande teste a defrontar pelo novo governo do PS.
Fonte: Jornal de Notícias
Armando Vara constituido arguido
O vice-presidente do Millennium e ex-ministro da Aministração Interna do Governo Guterres, Armando Vara, foi constitudo arguido na operação "Face Oculta", com o objectivo de esclarecer a adjudicação fraudulenta de concursos e consultas públicas, na área da recolha e gestão de resíduos industriais. A operação da Polícia Judiciária terá surpreendido o empresário a pedir cerca de 10.000 euros para pagar a intermediação de negócios.
Fonte. esquerda net
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Mais de 9.000 desempregados em Famalicão
As estatísticas divulgadas há dias pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional dão conta de 52.624 pessoas inscritas nos centros de emprego do distrito no final de Setembro, ou seja, mais 11.560 do que no mesmo mês do ano passado e mais 857 do que em Agosto último. Sem excepção, em comparação com o passado mês de Agosto, o desemprego subiu em todos os municípios do distrito de Braga, sendo Famalicão o terceiro concelho onde o número de pessoas sem trabalho mais subiu. Este drama social, que não deixa de aumentar, e a que se associa o rol de problemas graves que atormentam as pessoas, é um flagelo que tem de ser combatido rapidamente e com medidas capazes de atenuá-lo, sob pena da situação social resvalar para tensões que não deixarão de ser fatalmente perigosas. O poder central, em primeiro lugar, mas também o poder municipal não poderão fechar os olhos a esta realidade dramática. Se meterem a cabeça na areia, não deixarão de ser responsabilizados pelas consequências!
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Há 40 Anos, as Eleições de 1969
Completam-se hoje quarenta anos sobre as Eleições de 1969 para a Assembleia Nacional, as primeiras realizadas após a saída de Salazar do poder, e já com Marcelo Caetano como Presidente do Conselho. Essas eleições marcaram históricamente uma fase crítica do chamado Estado Novo, e para as gerações que nelas participaram constituiram um momento crucial da sua participação na resistência e no movimento que viria a conduzir ao derrube da Ditadura. A retirada de Salazar e a sua substituição por Marcelo Caetano não alterou o carácter da ditadura opressiva, obscurantista, retrógada e arbitrária que subjugava o povo português. A realidade trágica do país mais pobre da Europa, simultaneamente colonizado e colonizador, era avassaladora, e a demagogia da "primavera marcelista" rapidamente ruiria ao prosseguir a política de opressão, com salários de miséria e o agravamento do custo de vida, da falta de liberdade, dos Tribunais Plenários, da Censura, da PIDE/DGS, de hipoteca do País ao grande capital nacional e estrangeiro, do abandono e despovoamento das terras, a emigração e a guerra colonial, que matava e estropiava a juventude. O regime, com Marcelo Caetano emparedado e sem soluções, balanceando na contradição impossível de garantir a "evolução na continuidade" e a necessidade de reformar o sistema, foi posto à prova com as Eleições de 1969, que acabaram por acelerar o seu fim, apesar das muitas ilusões que então se criaram em alguns sectores. A acção de milhares de activistas impulsionou e reforçou a Oposição, que corajosamente colocou cruciais exigências, forçando em todas as frentes o espartilho da ditadura. O regime entrou em pânico e, sem respostas, aumentou a repressão, que por sua vez fez subir o tom dos protestos, com a Oposição a não dar tréguas, dispondo já de considerável organização e enquadrando sectores significativos de operários, camponeses, juventude, associações e cooperativas, mulheres, católicos progressistas, intelectuais, estudantes e sectores empresariais.
O distrito de Braga foi palco de muitas lutas e acontecimentos durante esse ano. Sobre eles, já se escreveu bastante história, muito especialmente sobre as lutas conduzidas pela CDE. Em livros, jornais, boletins camarários, catálogos de exposições, internet, programas de rádio, existe um acervo de informações que jamais poderá ser apagado. E na memória do povo, que se transmitiu para filhos e netos, está indelévelmente gravada a sua memória: lutas políticas de gerações de homens e mulheres que se opuseram ao fascismo. Em Famalicão, com particular acuidade em Riba de Ave, o combate pela Liberdade e a Democracia assumiu singular amplitude, com o envolvimento de grande número de operários e outros cidadãos.
As Eleições de 26 de Outubro de 1969 revestiram-se de grande importância no desenvolvimento da luta política em Portugal. Por todo o país, as correntes de opinião democrática organizaram a luta eleitoral, trazendo para o plano das amplas movimentações de massas o conjunto das reivindicações fundamentais do povo português. A substituição de Salazar por Marcelo Caetano, decidida no dia 26 de Setembro de 1968 por Américo Tomaz, abriu o processo que levaria às eleições. Marcelo Caetano, na sua primeira intervenção como Presidente do Conselho, insinua habilmente querer mudar alguma coisa... para tudo ficar na mesma. Os democratas de Braga, caldeados em anos de luta contra o fascismo salazarista, não se deixaram adormecer pelo canto de sereia do discurso marcelista. Um grupo reuniu-se no próprio dia desse discurso(numa casa de praia em Esposende) e continuaram a fazê-lo nos dias subsequentes, para analisar a situação política e tomar decisões quanto às acções a desenvolver, enquanto se alargavam os contactos. Foi decidido, então, transformar as comemorações do 5 de Outubro numa arrancada para as eleições, que o novo poder se via obrigado a realizar, dando-lhe uma fachada liberalizante. Na sequência dessa deliberação, é convocada uma Assembleia de cidadãos do distrito, que se realizou no dia 5 de Janeiro, contando com grande participação de pessoas. Nela, é criada uma "Comissão Democrática Eleitoral", que logo no dia 11 seguinte fez distribuir um Manifesto dirigido "Aos Cidadãos do Distrito de Braga", no qual apelava ao recenseamento e à formação de comissões de apoio em todos as cidades e freguesias onde tal fosse possível. O apelo galvanizou um caudal de gente e tornou-se numa corrente imparável. Formaram-se grupos e comissões de cidadãos para a batalha eleitoral, que no fundo se presumia tratar-se de uma farsa, mas que era necessário aproveitar para desmascarar o regime, como veio a suceder.
O relato dos acontecimentos políticos em que o autor e outros cidadãos de Riba de Ave participaram, nesse ano, integrados na CDE, suportando sacrifícios e correndo enormes riscos, não é tarefa para este apontamento. Todavia, há que deixar claro quer a actuação da PIDE/DGS quer a de alguns "patrões", uns e outros concentrando uma aturada vigilância sobre as actividades políticas dos oposicionistas, recrutando para esse serviço sórdido vários "bufos", em alguns casos sob pseudónimos que os relatórios da PIDE mencionam. Para se ter ideia do seu "compromisso" com o regime, basta dizer que alguns deles não só colocavam camionetes gratuitas para levarem pessoas aos comícios da União Nacional, como davam 50 escudos a cada pessoa; e dizer, ainda, que não fosse as várias dezenas de legionários(e freiras) que vieram de fora votar a Riba de Ave, a Oposição teria aqui ganhado as eleições, já que apenas 74 votos separaram a CDE da UN, com a CEUD a ter somente 1 voto.
As lutas dos operários de Riba de Ave contra o fascismo são um património que o poder local ainda não assumiu, enquanto se preocupa em reescrever a história e recolocar os símbolos do passado. Por isso, o registo das eleições de 1969, não é apenas um acto de memória. É uma homenagem a quantos lutaram e se sacrificaram pela liberdade e para derrubar o fascismo - a oportunidade para inscrever na história local a intervenção do "povo miúdo", cuja história "...corre como um rio subterrâneo por debaixo da história oficial".
Muitos acontecimentos marcaram o ano de 1969. O Manifesto já acima referido, assinado pela Comissão Democrática Eleitoral de Braga e distribuido em todo o distrito, deu lugar, como já dissemos, a que se integrassem na Oposição grupos de operários e estudante que engrossaram o movimento e trouxeram às lutas e tarefas eleitorais uma muito maior vivacidade. Essa força jovem permitiu realizar iniciativas e trabalhos de toda a ordem, que o regime fascista se viu incapaz de travar, mesmo recorrendo aos métodos mais autoritários e opressivos, que das perseguições e intimidações diárias chegaram à viciação de cadernos eleitorais, o corte de eleitores e a falta de papel para as listas de voto da CDE igual ao das listas da UN. A distribuição de documentos, como a "Nova Cartilha do Povo", Informações, Comunicados e muitos outros materiais; o recenseamento porta-a-porta e nos postos de recenseamento só abertos sob requerimento; a cópia dos cadernos eleitorais nas várias Câmaras do distrito, permitida apenas manualmente e em horários complicados; a mobilização de pessoas para as sessões políticas realizadas pela CDE e as comemorações do "31 de Janeiro" e do "5 de Outubro"; a homenagem ao Padre Francisco de Almeida, realizada no mês de Agosto, em Terras do Bouro; a afixação de cartazes e outros materiais eleitorais; as campanhas de angariação de fundos; o preenchimento de inquéritos sócio-económicos junto das populações; a distribuição casa a casa das listas de voto; os vários plenários realizados pela CDE(alguns a durarem até altas horas da madrugada) para traçar linhas de acção, e a coordenação entre as várias comissões distritais, que obrigavam a reuniões frequentes; as movimentações sindicais, principalmente nos têxteis, construção civil e escritórios - sem esquecer que tudo se passava debaixo da "vigilância" da PIDE e bufos, que chegaram a interromper algumas sessões, como em Guardizela - foram acções da campanha eleitoral, travada pela Oposição com uma desigualdade abissal de meios materiais e debaixo de fogo, que só a vontade e determinação das pessoas conseguiram minimizar. Em Riba de Ave, durante todo esse tempo, realizaram-se inúmeras acções políticas dessa natureza. Tantas, que mesmo apenas uma súmula é registo impossível neste trabalho. Pelo impacto que tiveram, refira-se o grande comício realizado num pavilhão fabril, em S.Roque, com os candidatos da CDE, que teve "honras" de televisão, mas cujas imagens nunca foram exibidas; e o posto de recenseamento aberto junto ao pavilhão desportivo, que funcionou como sede da campanha nesta área do concelho, utilizado para reuniões, distribuição de propaganda e sessões políticas, e cujo funcionamento foi tido como "afrontoso" para os mandantes locais.
Recorde-se que para além das dificuldades impostas pelo regime, a Oposição concorreu dividida no distrito de Braga. Uma outra lista, de inspiração socialista, Comissão Eleitoral de Unidade Democrática(CEUD), não foi sensível aos apelos da CDE para desistir de concorrer às eleições, "a bem da causa democrática". As diferenças político-ideológicas entre as duas correntes oposicionistas ficaram bem evidenciadas nos documentos políticos produzidos e, particularmente, na forma como foi abordado o grave problema das guerras coloniais. É dessa altura(28 de Julho), a carta do Dr.Mário Soares dirigida ao Dr.Armando Bacelar, a cortar relações políticas e pessoais, devido a este apoiar a CDE e Mário Soares liderar já o grupo socialista. Registe-se que muitos cidadãos próximos da área socialista, entre os quais Maria Barroso, foram candidatos nas listas da CDE. Por outro lado, o regime procurou uma aproximação com os sectores mais moderados da oposição e conseguiu integrar nas suas listas elementos não conotados com a UN, partido do governo.
No encerramento da campanha, a CDE realizou no Teatro Circo de Braga uma sessão que registou a maior enchente de sempre naquele Teatro, com o público a extravasar para a Avenida. É dessa sessão a foto que publicamos, tirada quando usava da palavra o Dr.santos Simões. Para a estatística, fica a informação do resultado eleitoral no distrito de Braga, segundo os números fornecidos pela União Nacional: Eleitores inscritos, 120.808; Votantes, 82.001; UN, 73.131; CDE, 7.073; CEUD, 1.775. Estes dados merecem pouca credibilidade, uma vez que na esmagadora maioria das assembleias de voto não foi possível exercer fiscalização, por dificuldades de toda a ordem levantadas pelos elementos das mesas de voto, que eram todos nomeados pela UN, para além do medo dos eleitores arriscarem fazê-lo, tal era o clima de intimidação instalado pelos fascistas e seus acólitos. Mesmo tendo em conta os condicionalismos de medo e intimidação, e o carácter discriminatório em que as eleições decorreram, os resultados constituiram uma funda desilusão para quantos supunham possível uma vitória eleitoral no cenário político existente. Concorrendo às eleições, a oposição quis demonstrar a farsa da liberalização sugerida por Marcelo Caetano e que o seu Governo continuava a contar sobretudo com as forças repressivas para manter o poder. Esse era o entendimento da CDE, que logo no dia imediato às eleições, enviou ao Presidente do Conselho(Marcelo Caetano) um telegrama em que, após analisar os condicionalismos políticos relacionados com as eleições e o período eleitoral, terminava assim: "...demos uma lição de civismo frente a tantas e tão variadas coacções, intimidações, prepotências, verdadeiro atentado soberania, dignidade Povo Português. Responsabilizamos Vossa Excelência colossal operação intimidação povo português, sublinhamos contraste afirmações anteriores liberalização e genuinidade acto eleitoral em que muitos julgaram empenhada honra posição política chefe governo. Sobre este acto político, o povo do Distrito de Braga já fez o seu juizo".
As eleições de 1969 não são apenas um episódio datado. Inserem-se no historial da luta do povo português contra a ditadura fascista, como acontecimento exaltante dessa dura batalha, que culminou com a revolução do 25 de Abril de 1974. Enquanto sinal de esperança, acelerou as transformações que se lhe seguiram e a vontade dos que não se conformaram com o país tal qual ele continuava a ser moldado.
Publicamos a seguir alguns documentos(escolhidos ao acaso dentre mais de uma centena que possuimos), extraídos dos arquivos da PIDE(Torre do Tombo), que demonstram as perseguições do aparelho repressivo sobre os cidadãos que ousavam lutar, e sendo prova irrefutável da falsidade da liberalização do regime sob a tutela de Marcelo Caetano. Num "Outubro" de todas as memórias, esta das eleições de 1969 não poderiam deixar de ser recordadas.
As Eleições de 26 de Outubro de 1969 revestiram-se de grande importância no desenvolvimento da luta política em Portugal. Por todo o país, as correntes de opinião democrática organizaram a luta eleitoral, trazendo para o plano das amplas movimentações de massas o conjunto das reivindicações fundamentais do povo português. A substituição de Salazar por Marcelo Caetano, decidida no dia 26 de Setembro de 1968 por Américo Tomaz, abriu o processo que levaria às eleições. Marcelo Caetano, na sua primeira intervenção como Presidente do Conselho, insinua habilmente querer mudar alguma coisa... para tudo ficar na mesma. Os democratas de Braga, caldeados em anos de luta contra o fascismo salazarista, não se deixaram adormecer pelo canto de sereia do discurso marcelista. Um grupo reuniu-se no próprio dia desse discurso(numa casa de praia em Esposende) e continuaram a fazê-lo nos dias subsequentes, para analisar a situação política e tomar decisões quanto às acções a desenvolver, enquanto se alargavam os contactos. Foi decidido, então, transformar as comemorações do 5 de Outubro numa arrancada para as eleições, que o novo poder se via obrigado a realizar, dando-lhe uma fachada liberalizante. Na sequência dessa deliberação, é convocada uma Assembleia de cidadãos do distrito, que se realizou no dia 5 de Janeiro, contando com grande participação de pessoas. Nela, é criada uma "Comissão Democrática Eleitoral", que logo no dia 11 seguinte fez distribuir um Manifesto dirigido "Aos Cidadãos do Distrito de Braga", no qual apelava ao recenseamento e à formação de comissões de apoio em todos as cidades e freguesias onde tal fosse possível. O apelo galvanizou um caudal de gente e tornou-se numa corrente imparável. Formaram-se grupos e comissões de cidadãos para a batalha eleitoral, que no fundo se presumia tratar-se de uma farsa, mas que era necessário aproveitar para desmascarar o regime, como veio a suceder.
O relato dos acontecimentos políticos em que o autor e outros cidadãos de Riba de Ave participaram, nesse ano, integrados na CDE, suportando sacrifícios e correndo enormes riscos, não é tarefa para este apontamento. Todavia, há que deixar claro quer a actuação da PIDE/DGS quer a de alguns "patrões", uns e outros concentrando uma aturada vigilância sobre as actividades políticas dos oposicionistas, recrutando para esse serviço sórdido vários "bufos", em alguns casos sob pseudónimos que os relatórios da PIDE mencionam. Para se ter ideia do seu "compromisso" com o regime, basta dizer que alguns deles não só colocavam camionetes gratuitas para levarem pessoas aos comícios da União Nacional, como davam 50 escudos a cada pessoa; e dizer, ainda, que não fosse as várias dezenas de legionários(e freiras) que vieram de fora votar a Riba de Ave, a Oposição teria aqui ganhado as eleições, já que apenas 74 votos separaram a CDE da UN, com a CEUD a ter somente 1 voto.
As lutas dos operários de Riba de Ave contra o fascismo são um património que o poder local ainda não assumiu, enquanto se preocupa em reescrever a história e recolocar os símbolos do passado. Por isso, o registo das eleições de 1969, não é apenas um acto de memória. É uma homenagem a quantos lutaram e se sacrificaram pela liberdade e para derrubar o fascismo - a oportunidade para inscrever na história local a intervenção do "povo miúdo", cuja história "...corre como um rio subterrâneo por debaixo da história oficial".
Muitos acontecimentos marcaram o ano de 1969. O Manifesto já acima referido, assinado pela Comissão Democrática Eleitoral de Braga e distribuido em todo o distrito, deu lugar, como já dissemos, a que se integrassem na Oposição grupos de operários e estudante que engrossaram o movimento e trouxeram às lutas e tarefas eleitorais uma muito maior vivacidade. Essa força jovem permitiu realizar iniciativas e trabalhos de toda a ordem, que o regime fascista se viu incapaz de travar, mesmo recorrendo aos métodos mais autoritários e opressivos, que das perseguições e intimidações diárias chegaram à viciação de cadernos eleitorais, o corte de eleitores e a falta de papel para as listas de voto da CDE igual ao das listas da UN. A distribuição de documentos, como a "Nova Cartilha do Povo", Informações, Comunicados e muitos outros materiais; o recenseamento porta-a-porta e nos postos de recenseamento só abertos sob requerimento; a cópia dos cadernos eleitorais nas várias Câmaras do distrito, permitida apenas manualmente e em horários complicados; a mobilização de pessoas para as sessões políticas realizadas pela CDE e as comemorações do "31 de Janeiro" e do "5 de Outubro"; a homenagem ao Padre Francisco de Almeida, realizada no mês de Agosto, em Terras do Bouro; a afixação de cartazes e outros materiais eleitorais; as campanhas de angariação de fundos; o preenchimento de inquéritos sócio-económicos junto das populações; a distribuição casa a casa das listas de voto; os vários plenários realizados pela CDE(alguns a durarem até altas horas da madrugada) para traçar linhas de acção, e a coordenação entre as várias comissões distritais, que obrigavam a reuniões frequentes; as movimentações sindicais, principalmente nos têxteis, construção civil e escritórios - sem esquecer que tudo se passava debaixo da "vigilância" da PIDE e bufos, que chegaram a interromper algumas sessões, como em Guardizela - foram acções da campanha eleitoral, travada pela Oposição com uma desigualdade abissal de meios materiais e debaixo de fogo, que só a vontade e determinação das pessoas conseguiram minimizar. Em Riba de Ave, durante todo esse tempo, realizaram-se inúmeras acções políticas dessa natureza. Tantas, que mesmo apenas uma súmula é registo impossível neste trabalho. Pelo impacto que tiveram, refira-se o grande comício realizado num pavilhão fabril, em S.Roque, com os candidatos da CDE, que teve "honras" de televisão, mas cujas imagens nunca foram exibidas; e o posto de recenseamento aberto junto ao pavilhão desportivo, que funcionou como sede da campanha nesta área do concelho, utilizado para reuniões, distribuição de propaganda e sessões políticas, e cujo funcionamento foi tido como "afrontoso" para os mandantes locais.
Recorde-se que para além das dificuldades impostas pelo regime, a Oposição concorreu dividida no distrito de Braga. Uma outra lista, de inspiração socialista, Comissão Eleitoral de Unidade Democrática(CEUD), não foi sensível aos apelos da CDE para desistir de concorrer às eleições, "a bem da causa democrática". As diferenças político-ideológicas entre as duas correntes oposicionistas ficaram bem evidenciadas nos documentos políticos produzidos e, particularmente, na forma como foi abordado o grave problema das guerras coloniais. É dessa altura(28 de Julho), a carta do Dr.Mário Soares dirigida ao Dr.Armando Bacelar, a cortar relações políticas e pessoais, devido a este apoiar a CDE e Mário Soares liderar já o grupo socialista. Registe-se que muitos cidadãos próximos da área socialista, entre os quais Maria Barroso, foram candidatos nas listas da CDE. Por outro lado, o regime procurou uma aproximação com os sectores mais moderados da oposição e conseguiu integrar nas suas listas elementos não conotados com a UN, partido do governo.
No encerramento da campanha, a CDE realizou no Teatro Circo de Braga uma sessão que registou a maior enchente de sempre naquele Teatro, com o público a extravasar para a Avenida. É dessa sessão a foto que publicamos, tirada quando usava da palavra o Dr.santos Simões. Para a estatística, fica a informação do resultado eleitoral no distrito de Braga, segundo os números fornecidos pela União Nacional: Eleitores inscritos, 120.808; Votantes, 82.001; UN, 73.131; CDE, 7.073; CEUD, 1.775. Estes dados merecem pouca credibilidade, uma vez que na esmagadora maioria das assembleias de voto não foi possível exercer fiscalização, por dificuldades de toda a ordem levantadas pelos elementos das mesas de voto, que eram todos nomeados pela UN, para além do medo dos eleitores arriscarem fazê-lo, tal era o clima de intimidação instalado pelos fascistas e seus acólitos. Mesmo tendo em conta os condicionalismos de medo e intimidação, e o carácter discriminatório em que as eleições decorreram, os resultados constituiram uma funda desilusão para quantos supunham possível uma vitória eleitoral no cenário político existente. Concorrendo às eleições, a oposição quis demonstrar a farsa da liberalização sugerida por Marcelo Caetano e que o seu Governo continuava a contar sobretudo com as forças repressivas para manter o poder. Esse era o entendimento da CDE, que logo no dia imediato às eleições, enviou ao Presidente do Conselho(Marcelo Caetano) um telegrama em que, após analisar os condicionalismos políticos relacionados com as eleições e o período eleitoral, terminava assim: "...demos uma lição de civismo frente a tantas e tão variadas coacções, intimidações, prepotências, verdadeiro atentado soberania, dignidade Povo Português. Responsabilizamos Vossa Excelência colossal operação intimidação povo português, sublinhamos contraste afirmações anteriores liberalização e genuinidade acto eleitoral em que muitos julgaram empenhada honra posição política chefe governo. Sobre este acto político, o povo do Distrito de Braga já fez o seu juizo".
As eleições de 1969 não são apenas um episódio datado. Inserem-se no historial da luta do povo português contra a ditadura fascista, como acontecimento exaltante dessa dura batalha, que culminou com a revolução do 25 de Abril de 1974. Enquanto sinal de esperança, acelerou as transformações que se lhe seguiram e a vontade dos que não se conformaram com o país tal qual ele continuava a ser moldado.
Publicamos a seguir alguns documentos(escolhidos ao acaso dentre mais de uma centena que possuimos), extraídos dos arquivos da PIDE(Torre do Tombo), que demonstram as perseguições do aparelho repressivo sobre os cidadãos que ousavam lutar, e sendo prova irrefutável da falsidade da liberalização do regime sob a tutela de Marcelo Caetano. Num "Outubro" de todas as memórias, esta das eleições de 1969 não poderiam deixar de ser recordadas.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
CAIM - O novo livro de José Saramago
O novo livro "Caim", de José Saramago, foi lançado no passado domingo em Penafiel, no âmbito do evento cultural "Escritaria", organizado pela Câmara Municipal, e que este ano foi dedicado ao Prémio Nobel José Saramago. Tivemos a oportunidade de visitar a exposição/arte de rua, que abarcava um conjunto de intervenções artístico-didácticas disseminadas pela cidade, de forma a promover no espaço público a interacção com a comunidade local e, assim, suscitar o seu interesse pela literatura em geral e pela obra de José Saramago, em particular. Também as montras dos estabelecimentos comerciais ostentavam a figura de Saramago e excertos dos seus livros. Era bonito... Pelo que lemos, a sessão de lançamento do livro esteve concorridíssima, e foi durante ela que Saramago afirmou que "a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", afirmação que provocou reacções por parte da Igreja e levou o eurodeputado social-democrata Mário David a sugerir "que Saramago renuncie à cidadania portuguesa, dizendo-se envergonhado com as declarações do escritor". Estas reacções, a lembrarem outras de anos atrás,devido a um outro livro do Autor, levam-nos até Tomaz da Fonseca e ao seu livro "Sermões da Montanha", quando, dirigindo-se ao povo, lhe diz: "agora, como então, há uma casta maldita que te impede o direito de seres livre, procurando esconder-te da razão e da justiça, fazendo ao teu sentir e ao teu querer o mesmo que tu fazes, no alambique, ao fermento da uva e do medronho, quando o queres distilar: abafam-te". Pelos vistos, ainda por aí andam inquisidores...
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
No rescaldo das eleições, o humor de Herman
Encerrado o ciclo das eleições, que a nível nacional derrotou a maioria absoluta do PS e, a nível autárquico, provocou amargos de boca a muita gente, fechamos este capítulo do LEMMA, que vai abrir-se a outros temas, mantendo o debate e a colaboração com os seus leitores. O humor do Herman é um bom ponto final para esta jornada eleitoral.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Autárquicas 2009 - Armindo Costa vence em Famalicão e reforça votação
O candidato Armindo Costa, do PSD/CDS-PP, venceu as eleições autárquicas em VN de Famalicão, ganhando em 36 das 49 freguesias do concelho. As restantes foram ganhas pelo PS(8), CDU(1) e em 4 venceram listas de cidadãos, apoiadas pelo PSD/CDS. A vitória de Armindo Costa era um dado mais ou menos adquirido, mas o resultado obtido merece realce, já que se expressa por uma rotunda vitória sobre um PS que se apresentou com todos os seus pesos pesados. Marcadas as eleições pela forte bipolarização entre o PSD/CDS e PS, os partidos mais pequenos, CDU e Bloco de Esquerda, foram afectados, ficando aquém das expectativas. Com uma confortável maioria na Câmara e na Assembleia Municipal, Armindo Costa tem pela frente um último mandato em que poderá realizar os projectos que anunciou na campanha, ainda que alguns sejam alvo de forte contestação da oposição. De registar que em Riba de Ave, onde ganhou o PSD/CDS, com o PS em segundo lugar, a CDU em terceiro e o BE em quarto, a Assembleia de Freguesia vai ter uma maioria de eleitos da oposição, o que não facilitará as políticas do presidente da Junta, algumas delas muito contestadas por sectores da população local.
Nota: lista dos resultados(e mandatos) para as Assembleias de Freguesia, nas 49 freguesias do concelho.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Votar para vivermos melhor e como afirmação de cidadania, exige não votar às cegas
De novo a decisão está na mão dos eleitores. Dentro de poucas horas encerra esta campanha eleitoral autárquica e os portugueses e portuguesas vão às urnas no próximo domingo, desta vez para eleger os órgãos de poder local, que é um património valioso do nosso sistema político, a primeira trincheira do exercício participativo e democrático das populações. O poder local é hoje uma realidade dignificadora e o mais importante instrumento de luta para a melhoria das condições de vida materiais e culturais das populações e espaço por excelência para a participação quotidiana dos cidadãos na coisa pública, na afirmação de cidadania que deve reforçar-se todos os dias. Não faltam infelizmente os exemplos repugnantes de cidadãos em quem o povo votou e que não só não corresponderam à confiança neles depositada, como se tornaram criaturas abjectas, marcadas pelo abuso e pela corrupção. O factor proximidade ajuda a ter um melhor conhecimento dos candidatos, das suas capacidades e da sua ética. Os eleitores devem saber escolher tendo em conta esses conceitos de apreciação, sem se deixarem turvar pelas promessas fáceis ou pelo mediatismo das candidaturas, algumas delas utilizando meios que chocam pelo exibicionismo que fazem de um novo riquismo só possível à custa de muito dinheiro, tanto dele retirado aos cofres do erário público, que é dinheiro do povo. Ainda que estas eleições autárquicas sejam diferentes das legislativas no que respeita a políticas nacionais, certo é que nelas se jogam interesses muito concretos das populações locais. Basta olhar o levantamento de alguns problemas em Riba de Ave, os protestos vindos a lume por sectores da população relativamente a resoluções que não servem os seus interesses, para se ter a ideia clara de que não é a mesma coisa eleger esta ou aquela lista, enfeudadas que estão umas a interesses estranhos ao interesse real da população, enquanto outras mergulham raízes nos interesses colectivos, no interesse de todos. O povo vai fazer a sua escolha. A sua arma é o voto. Saber usá-lo é não só contribuir para uma vida melhor da comunidade, como será uma prova de maturidade, que os "mandantes" sempre quiseram recusar ao povo. Não vote às cegas!...
Da CDU aos Ribadavenses
Nota de Imprensa do Bloco de Esquerda de Riba de Ave
A candidatura do Bloco de Esquerda à Assembleia de Freguesia de Riba de Ave, vem denunciar a falta de resposta das outras candidaturas ao repto lançado pelo Bloco de Esquerda de que não aceitariam a construção da incineradora na Quinta do Mato.
Esse repto foi lançado no passado dia 1 de Outubro, quando do protesto simbólico do BE junto da ETRSU. Na altura, Adelino Mota, candidato do BE a presidente da Junta de Freguesia, lançou o desafio às outras candidaturas para que antes do acto eleitoral se prenunciassem se aprovariam ou não o licenciamento da sua construção.
A poucas horas de terminar a campanha eleitoral, nenhuma candidatura se pronunciou sobre o caso, o que mostram com o seu silencio o apoio ao empreendimento.
Por isso, o Bloco de Esquerda apela aos ribadavenses para que no próximo dia 11 votem contra a construção da incineradora em Riba de Ave, votando Bloco de Esquerda.
Esse repto foi lançado no passado dia 1 de Outubro, quando do protesto simbólico do BE junto da ETRSU. Na altura, Adelino Mota, candidato do BE a presidente da Junta de Freguesia, lançou o desafio às outras candidaturas para que antes do acto eleitoral se prenunciassem se aprovariam ou não o licenciamento da sua construção.
A poucas horas de terminar a campanha eleitoral, nenhuma candidatura se pronunciou sobre o caso, o que mostram com o seu silencio o apoio ao empreendimento.
Por isso, o Bloco de Esquerda apela aos ribadavenses para que no próximo dia 11 votem contra a construção da incineradora em Riba de Ave, votando Bloco de Esquerda.
Manifesto Tavares Bastos
Naquele que deverá ser o último boletim "49 famalicão" do PS, edição 5 Outubro, somos atraídos para o "Manifesto Tavares Bastos", pág.03, que é um documento à altura do autor, que abandonou a coligação PSD/CDS para incorporar a lista dos socialistas à Assembleia Municipal, naquela que foi seguramente a transferência mais comentada destas eleições. Longe vão os tempos em que Tavares Bastos, na assembleia municipal, acusava os socialistas de promoverem grandes conciliábulos para discutir problemas do concelho, que não passavam, segundo ele, de meros pretextos para uns "comes-e-bebes de fazer crescer a água na boca", com registo para os "pasteis de bacalhau" e o "tinto verde". Mas todo o tempo é feito de mudanças, como disse Camões, e Tavares Bastos é livre de perseguir os objectivos que entender. Não é, parece-nos - e já o dissemos - um processo de catarse. Tavares Bastos é hoje o mesmo homem de convicções de direita, que sempre foi. "Encostou-se" a outros poderes, que ainda se forjam, a pensar que da nova trincheira terá melhores oportunidades para algumas "desforras". Mas o que diz é preocupante: " ...fui obrigado a abandonar o CDS para não ser obrigado a abandonar Famalicão". As "máquinas partidárias" são estruturas aferrolhadas, muitas vezes com um ar irrespirável, bafiento. Será sido isso "que faz correr Tavares Bastos"?...
PS queima últimos cartuchos
Que se passa com Riba de Ave?
Um grupo de Ribadavenses manifesta as suas preocupações com o futuro de Riba de Ave através de um folheto com o título "Que se passa com Riba de Ave?", distribuido no penúltimo dia da campanha eleitoral. Afirmam-se descontentes com o actual executivo da Junta de Armando Carvalho, com a opção para o novo cemitério e com a instalação de uma nova incineradora, de facto um problema a merecer o maior repúdio da população local, e que será da responsabilidade da Câmara do PSD, a que pertence Armando Carvalho, que digam o que disserem não se furtam a essa responsabilidade. São argumentos de peso, que os eleitores não deixarão de ponderar, se quiserem evitar novos e graves problemas para a terra. Publicamos o documento que nos chegou à mão, cuja leitura aconselhamos.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Hoje e amanhã os idosos de Famalicão vão ao teatro
Depois da excursão a Fátima, que no dizer de Tavares Bastos, é o lugar de eleição para Armindo Costa se abrir ao debate, os idosos voltam a beneficiar de outra iniciativa oferecida pela Câmara Municipal. As portas da Casa das Artes abrem-se hoje e amanhã aos idosos do concelho, que terão a oportunidade de assistir à ante-estreia da peça de teatro "Quarto 108", uma comédia encenada por Joaquim Nicolau e com as interpretações dos actores André Gago, José Eduardo e Marcela da Costa. Com esta iniciativa "queremos proporcionar a todos os seniores a oportunidade de sairem de casa e de se divertirem e conviverem", destacou o presidente da Câmara, Armindo Costa. Com a campanha em véspera de encerramento, talvez esta seja a última "encenação"!
Fonte: Jornal "Cidade Hoje"
Os livros serão gratuitos para os mais pobres, diz Reis Campos
Reis Campos disse em Nine, numa iniciativa da candidatura socialista local de Sebastião Braga, que eram "calúnias a seu respeito" as informações postas a correr de que o PS ia acabar com os livros gratuitos. Reis Campos afirmou que não vai retirar os apoios aos mais pobres e esclareceu que vai disponibilizar gratuitamente os livros aos alunos carenciados até que completem o 9º.ano de escolaridade. Assim, "ajuda-se quem precisa".
Fonte: Jornal Cidade Hoje
Ninguém pertence ao "grupo" de Armando Carvalho
É o próprio a afirmá-lo. E di-lo peremptoriamente, "sem dilema" de espécie alguma. Pois é: numa carta que está a enviar às pessoas, com um selo especial da sua campanha(e será que esta vaidade bacoca de novo-riquismo vai ser paga com dinheiro do povo?), o candidato reconhece o isolamento do seu "grupo" e sem reserva alguma afirma: "...sei que está num dilema, uma vez que o seu pensamento político não coincide com o daquele que, neste momento, està à frente dos destinos da freguesia". Fala de si próprio, portanto. Mas insólito é que se o "pensamento político" das pessoas não coincide com o seu, como justifica então a pose do seu cartaz, de braço estendido, qual novo caudilho ou o timoneiro da comunidade local? Com esta carta, que publicamos, o candidato Armando Carvalho não consegue fugir ao ridículo. É uma boa peça para o anedotário...
Bloco de Esquerda protesta contra incineradora em Riba de Ave
O Bloco de Esquerda está a assumir na campanha uma posição frontal de oposição à nova incineradora em Riba de Ave, destacando-se dos outros partidos, que não são tão claros na sua postura contra. Muitos ribadavenses estão preocupados com o anúncio desse equipamento, que se destina a queimar todos os resíduos de lixos(e que lixos?)de vários concelhos. Por isso, as conversas fervilham e até já foram distribuidos panfletos que apelam a toda a forma de protestos. A população de Riba de Ave não esquece o processo da instalação da ETRSU, em que "falinhas mansas" e faces com várias máscaras, acabaram por ditar a sua construção, que causa cheiros nauseabundos e incómodos. Na baila estão praticamente os mesmos protagonistas, com papeis diferentes hoje. Daí o arrepio que percorre a freguesia. Num protesto simbólico, o Bloco de Esquerda juntou há dias os seus candidatos, com Adelino Mota à frente, junto à ETRSU, para denunciar a instalação de equipamentos mais poderosos, acusando quer o PSD quer o PS de uma atitude ambígua, que não dá garantias desses partidos assumirem frontalmente uma oposição à nova incineradora. Recorde-se que Adelino Mota foi quem tomou na Assembleia Municipal a iniciativa de levantar o problema, sem que outros partidos o tenham acompanhado no protesto. Esta luta poderá tornar-se. num futuro próximo, numa nova acção de contestação da população de Riba de Ave, que não aceita o cenário de mais poluição do seu ambiente de vida.
Fonte: O Povo Famalicense
O candidato Armindo Costa recusou o debate com os outros partidos
O jornal "O Povo Famalicense" juntou num debate na Biblioteca Municipal os candidatos Ana Marcelino, do Bloco de Esquerda; Daniel Sampaio, da CDU, e Reis Campos, do PS. O candidato Armindo Costa, do PSD/CDS recusou participar, ficando vazia a sua cadeira, como se vê na foto que publicamos. A ausência de Armindo Costa foi muito censurada, por representar um claro desprezo pelos cidadãos e eleitores, a quem os candidatos têm obrigação de explicar as suas propostas, já que fazer vistosos e dispendiosos out-doors é coisa para quem tem muito dinheiro mas pode não ter quaisquer ideias. Registe-se que Tavares Bastos, que abandonou a coligação do PSD/CDS-PP para entrar na lista do PS candidata à Câmara, produziu uma caustica intervenção contra Armindo Costa, dizendo que ele "é um político de aviário, que só aceita debates em Fátima com a terceira idade e em Famalicão nas jantaradas com as mulheres, e só fala através dos boletins municipais, que são peças de propaganda, e dos cartazes, como qualquer coronel da América Latina". Os candidatos presentes dos outros partidos falaram das suas propostas, puxando a brasa para as suas sardinhas. Compete aos eleitores filtrar as melhores e os seus patrocinadores. Como moderador do debate esteve José Augusto Moreira, jornalista do "Público", que instou os candidatos a pronunciarem-se sobre os cenários possíveis pós-eleições, no que respeita à sua actuação face a cada um dos cenários que poderão acontecer. Ficou a ideia, expressa aliás por Ana Marcelino, do Bloco de Esquerda, que os partidos não pensam em coligações ou acordos pós-eleitorais, mas se disponibilizam para discutir todas as propostas e aprovar aquelas que forem do interesse público, sem esquecer divergências de fundo que separam os respectivos programas. A Cidade Desportiva, que é uma bandeira de Armindo Costa, mereceu a todos os candidatos presentes no debate severas críticas, tendo sido apelidada de "Elefante Branco", com Daniel Sampaio a lembrar que a zona para onde está projectada é uma área agrícola e ecológica, e que o PDM tem de ser respeitado.
Fonte: O Povo Famalicense
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Parque da Cidade nos próximos quatro anos
Armindo Costa apresentou há dias o seu programa eleitoral. Tendo começado por apresentar os mandatários da sua candidatura, que são Correia Araújo, Cláudio Braga, Rosa Oliveira e Mariana Barbosa, o líder da candidatura PSD/CDS-PP apresentou as linhas pelas quais se vai orientar, caso seja reeleito. O programa ressalta dez pontos, que o candidato considera vitais. Destaque para o reforço das políticas sociais, infra-estruturas, novas acessibilidades e Parque da Cidade, que Armindo Costa garante tornar-se realidade nos próximos quatro anos. Mas outros investimentos estão previstos para o concelho, tais como equipamentos culturais, desportivos, educativos e sociais. Referiu os Centros escolares de Antas, Joane, Louro, Ribeirão, Telhado e Famalicão, bem como as piscinas municipais previstas para o Louro e S.Cosme do Vale. Sobre a "Cidade Desportiva", tão contestada, Armindo Costa sublinhou que a mesma incluirá um Pavilhão Multiusos, destinado a grandes eventos. E Riba de Ave não consta das prioridades do candidato? Nem o quartel da GNR, quartel dos Bombeiros, a restauração do Teatro Narciso Ferreira? Ou isso são obras para continuar no rol das promessas?
Fonte: Jornal Opinião Pública
Subscrever:
Mensagens (Atom)