sábado, 21 de novembro de 2009

Face Oculta - "Processos como este revelam que a justiça não está a funcionar", diz Ramalho Eanes


O ex-presidente da República, Ramalho Eanes, manifestou-se hoje preocupado por processos como o da Face Oculta, que considerou serem reveladores do mau funcionamento da justiça, um dos alicerces fundamentais da democracia. "Preocupa-me fundamentalmente porque revela que um dos subsistemas fundamentais que é a justiça não está a funcionar de maneira rápida, pronta, legalmente justa. Há que tentar melhorar todos os subsistemas, saúde, a educação, a justiça. Mas a justiça fundamentalmente porque o primeiro fim da institucionalização da sociedade política foi garantir a paz. E é difícil encontrar uma paz justa, se não houver uma justiça pronta", sublinhou. "A política não está a precisar de moral: a política é impossível sem ética. É a ética que faz com que os políticos percebam claramente qual é a sua função, qual é o trabalho que devem prestar à comunidade, qual o serviço que devem permanentemente prestar à sociedade civil, da qual naturalmente dependem. Como dizia Cícero, a forma mais perversa da corrupção é a demagogia. É impossível corromper com dinheiro um homem honrado, mas é possível corrompê-lo com a oratória". Questionado pela Lusa sobre a forma como a sociedade civil vê a política e os políticos, Ramalho Eanes associa algum desencanto a problemas como a crise económica, para concluir: "a actividade política não é exclusiva dos líderes políticos, mas deve ser exercida por todos os cidadãos. É com a política e através da política que se escreve ou não se escreve um futuro justo". Ramalho Eanes falou à Lusa em Madrid, onde participa no XI Congresso Católicos e Vida Pública, que decorre na Universidade San Pablo e onde interveio para analisar o relacionamento entre a moral e a política. O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas, havendo 15 arguidos, incluindo o presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, José Penedos e Armando Vara, que suspendeu as suas funções de vice-presidente do Millenium/BCP. Fonte: Lusa/Jornal SOL

2 comentários:

  1. O polvo da corrupção está a afundar-nos e ninguém põe travão nesta pouca vergonha. A entrevista dada ao CM por António José Saraiva, director do semanário "Sol", revela o estado de podridão a que chegamos. Ele diz que o Governo o pressionou para não publicar notícias do Freeport, e que depois passou aos investidores, que só o não faliram por um milagre. E isto é dito com as letras todas e ninguém toma medidas. Não admira que os portugueses estejam a radicalizar a sua opinião relativamente ao governo que temos. Só embustes, mentiras e ladroeiras...

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  2. estou a ver o prós e contras. Estamos tramados, para a justiça é mais importante a forma que o conteúdo. Mas então se as escutas não afectam ninguém, por que raio não são tornadas públicas? Tudo isto é um regabofe, e o mexilhão continua a lixar-se. Se fosse um pilha galinhas, ninguém lhe valia... mundo cão, este!

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