domingo, 15 de novembro de 2009

Sócrates não aceita divulgação do teor das conversas e Presidente do Supremo mandou destruir escutas


O presidente do Supremo Tribunal de Justiça julgou nulo o despacho do Juíz de instrução criminal, de Aveiro, que autorizou a extracção de cópias das gravações, ordenando a "destruição de todos os suportes" a elas respeitantes, diz uma nota da Procuradoria Geral da República, divulgada ontem, ao início da noite. Há quem pense que foi já passada uma "certidão de óbito" para o caso das escutas envolvendo o primeiro-ministro. Afinal de contas, como diz o "Editorial" do jornal "Público", de hoje, o país vai ficar sem saber nada sobre as escutas a José Sócrates e Armando Vara (que mantém o salário de 34.000 euros no BCP), como se fosse um país de surdos. Mas não, o país não está a ficar surdo. Sabe que perante uma questão em que tinha direito a ser esclarecido apenas teve direito ao silêncio. José Sócrates disse que este caso estava a "passar das marcas". Vieira da Silva, ministro, disse tratar-se de "espionagem política". Não é exacto. Este é um caso - o comunicado da Procuradoria Geral da República(PGR) confirmou-o ontem - em que "existiam indícios de prática de um crime contra o Estado de direito". Mas a decisão de destruir as escutas surge após a duríssima reacção do partido do Governo - culminando uma semana em que se envolveram numa polémica a propósito deste caso que não os dignificou. Para a opinião pública, será muito dificil acreditar que a justiça não cedeu a pressões ou que o teor das conversas escutadas a José Sócrates não era suspeito. Clarificar era obrigatório. Esconder foi a pior decisão possível. O país não está surdo." Por outro lado, também Manuela Moura Guedes pediu à Procuradoria Geral da República para ser assistente no processo e quer saber tudo o que se diz dela e da TVI nas escutas das conversas entre Sócrates e Armando Vara, que admite poderem revelar insultos à sua pessoa. Moura Guedes não esquece que o primeiro-ministro, em Abril passado, durante uma entrevista à RTP, disse que o seu "Jornal Nacional de Sexta-Feira" era um "telejornal travestido". Posteriormente, vieram as alegadas tentativas de "controlo" da informação da TVI por parte do Governo socialista, que remontando ao tempo de quando Pina Moura(ex-ministro de António Guterres) foi nomeado presidente da Media Capital, se acentuam este ano quando é noticiado o interesse da Portugal Telecom(onde o Estado detém uma golden share que lhe permite ter um voto determinante nas grandes decisões) em adquirir 30% do canal de televisão TVI. Frustrado o negócio, devido às reacções registadas, seria a vez de a Ongoing avançar para a Media Capital e de a empresa proceder a uma ampla reestruturação hierárquica, que passou pela saída de José Eduardo Moniz, pelo fim do "Jornal Nacional de Sexta-Feira" e pela demissão da direcção de informação, incluindo Manuela Moura Guedes. Este é o cenário a descoberto da Face Oculta, que um dia saberemos, ou não, o que verdadeiramente foi... e é.

SERMÃO DO BOM LADRÃO
Neste domingo chuvoso e a puxar ao deprimente, deu-me para navegar na blogosfera, e passando, como é hábito, pelo "Almocreve das Petas", encontrei este"actualissimo" excerto do "Sermão do Bom Ladrão", do Padre António Vieira, a cuja transcrição não resisto, com a devida vénia: "...os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este género de vida, porque a mesma sua miséria, ou escusa, ou alivia o seu pecado, como diz Salomão: Non grandis est culpa, cum quis furatus fuerit: juratur enim ut esurientem impleat animam. O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno. Os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera(...) Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem; estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco; estes sem temor nem perigo. Os outros, se furtam, são enforcados. Estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar:- Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. Ditosa Grécia, que tinha tal pregador"!

1 comentário:

  1. Os "Almeidas" do regime andam por aí agitadíssimos para dizer aos indígenas que podem andar descansados, discutir à vontade o destino da selecção nacional, pois está tudo bem, tudo normal, garantida a paz social e que o bom nome do Primeiro não foi abalado. É o papel dos "almeidas" este de "zelar" de dia e de noite pelo pântano. Assim, o sítio continuará ranhoso, pobre, deprimido, cheio de larápios, recheado de mentirosos. Até quando?

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