De Angola, oferecido pelo meu querido amigo Fernando Pacheco, chegou-me este excelente livro sobre Lúcio Lara, para comemorar o seu 80º aniversário, e cujo lançamento se realizou no dia 28 de Novembro passado, no Museu de História Natural, em Luanda. A vida de Lúcio Lara está intimamente ligada à História de Angola da segunda metade do século XX. Nascido no Huambo, fez os seus estudos universitários em Lisboa e Coimbra. O seu ininterrupto envolvimento com os movimentos anti-colonialistas, levou-o a regressar a África, para compartilhar a luta do MPLA, nos anos de chumbo da guerra contra a ocupação portuguesa. Na sua actividade de combatente, esteve presente num grande número de frentes e exerceu funções da mais alta importância política e militar até à proclamação da independência e à criação do primeiro governo de Angola. É do percurso pessoal deste combatente que trata este livro, numa edição à altura do homenageado, que inclui documentação histórica e fotografias inéditas, que fazem do livro um trabalho valioso, gratificando a vida de um Homem que sempre se afirmou pelos valores da solidariedade e da justiça e que generosamente empenhou toda a sua vida na luta pela libertação do seu País e do continente africano. A edição deste livro é acompanhada por um DVD, que para além de reproduzir o seu conteúdo, contém registos fotográficos e documentais que não tiveram espaço e oportunidade de nele serem incluidos.
A História do MPLA e de Angola têm nesta obra a projecção que o sentido solidário de Lúcio Lara pôs no seu combate.
Estive na guerra colonial em Angola. Sempre tive por este homem um grande apreço, que me levou a acompanhar o seu percurso de guerrilheiro e combatente pelo socialismo. Acho que esta homenagem é um tributo que o povo angolano e o MPLA devia a esta figura lendária do seu historial. Cá de Portugal, país que Lúcio Lara amava, tendo aqui vivido bastante tempo, mas que teve de combater devido à cegueira de uma elite do dinheiro e da exploração colonizadora, envio um abraço ao lutador que foi o LL. Já não tenho idade para pensar em visitar a nova Angola. Fica isso para os meus filhos, a quem estimulo a criação de boas relações com esse grande país e esse povo maravilhoso que conheci em condições terriveis de uma guerra injusta.
ResponderEliminar"À prostituta mais nova,/ do bairro mais velho e escuro,/ deixo os meus brincos, lavrados/ em cristal, límpido e puro./
ResponderEliminarEste meu rosário antigo,/ ofereço-o àquele amigo/ que não acredita em Deus.../ E os livros, rosários meus/ das contas de outro sofrer,/ são para os homens humildes,/ que nunca souberam ler./
Quanto aos meus poemas loucos,/ esses que são de dor/ sincera e desordenada.../esses que são de esperança,/ desesperada mas firme,/ deixo-os a ti, meu Amor.../ Para que na paz da hora,/ em que a minha alma venha/ beijar de longe os teus olhos,/ vás por essa noite fora.../ com passos feitos de lua,/ oferecê-los às crianças/ que encontrares em cada rua./
(Do Poema "Testamento", de Alda Lara(mulher do Lúcio Lara), escrito em Lisboa em 1950.