O título é do próprio autor, Padre Mário de Oliveira. O livro foi lançado no dia 17 de Outubro passado, no Barracão da Cultura, em Macieira da Lixa, tendo sido apresentado pelo escritor angolano Luandino Vieira. Na mesa esteve também o actor Júlio Cardoso, que leu algumas páginas da volumosa obra. Casa cheia, a confirmar que o padre Mário continua a gozar de um incontornável prestígio e apreço, conhecido em Portugal inteiro. "Ao contrário do que pensam os ateus de hoje, o nosso tempo não é apenas de generalizado ateísmo, mas da idolatria do Deus-Dinheiro", escreve o autor. E como "da banda do Poder, de todo o Poder, também do Religioso e Eclesiástico nunca pode vir a Luz de que andamos tão necessitados; e como, vistas bem as coisas e que a Justiça vem confirmando, aqui e além, os detentores do Poder são exemplos acabados de total ausência daqueles valores sem os quais impossível se torna viver humanamente, os seus lacaios são videirinhos, hipócritas, carreiristas, corruptos". Um livro para o século XXI, disse alguém. "Ninguém pode ler um versículo que seja deste livro, sem logo se sentir réu", afirmou Luandino Vieira na sessão de apresentação. Deste livro falou também o conhecido jornalista e escritor Baptista-Bastos, na crónica do Jornal de Negócios, de 13 de Novembro, intitulada "O padre e o poeta, por igual homens". para dizer, entre várias coisas: "o volume extenso e vário, documenta largos períodos de Portugal contemporâneo, com um poder analítico invulgar. A Igreja e os seus jerarcas(são notáveis as interpelações que faz, por exemplo, a D.Manuel Clemente, actual bispo do Porto); os políticos e as suas mentiras, a sociedade e as suas resignações; os que escrevem e aquilo que ocultam, são temas fulcrais deste livro, que constituindo um manual de reflexões sobre o tempo e a época, não deixa de representar um indicador filosófico e histórico indispensável. Folheá-lo com lentidão, lê-lo com curiosidade activa, compulsá-lo para aferir dos nossos próprios pensamentos, eis uma tarefa estimulante. O volume do padre Mário reafirma, de certo modo, o primado do humano sobre os idólatras, e a grandeza do homem em todas as circunstâncias".
Este é o livro que o seu autor diz ser o mais odiado e mais silenciado do nosso país.
Tenho grande apreço por este padre Mário, mas os seus livros "chocam" ainda muita gente. Gostaria que ele um dia viesse a Riba de Ave ter uma conversa com as pessoas que quisessem conversar com ele. Sugiro ao manuel cunha que tente organizar esse encontro. Seria excelente...
ResponderEliminarCaro anónimo: a ideia de convidar o padre Mário para uma conversa em Riba de Ave é muito interessante. Acedo ao teu convite para diligenciar nesse sentido. Um dia destes falarei com ele e vamos lá ver a sua disponibilidade para o efeito. Pode demorar uns tempos. Deixarei aqui notícias, quando as houver. Um abraço.
ResponderEliminarÉ com muita satisfação que verifico a disponibilidade do autor do blogue para promover "conversas" com o Padre Mário em Riba de Ave.
ResponderEliminarConhecido há muitos anos pelas suas homilias contra a ditadura, as injustiças sociais e a guerra colonial, o Padre Mário continua a ser,ainda hoje,uma voz incómoda para a Instituição da Igreja e o Poder que esta serve. Não se calando perante as atrocidades que assolam o país e o mundo,este servidor e amante da verdade e da paz representa uma denúncia permanente de um modelo que favorece sempre os poderosos em detrimento da grande maioria da população empobrecida.É porque tem esta coragem que o tentam calar e abafar a sua palavra. Mas não conseguirão... O seu Jornal "Fraternizar", os livros que tem escrito, o projecto "casarão da cultura" e a sua vivência quotidiana com a população são nós difíceis de desatar e constituem a garantia da Verdade da sua voz.
É neste contexto que a iniciativa de promover a conversa com o Padre Mário em Riba de Ave tem sentido, não devendo ser esquecida.