Há 36 anos, o imperialismo esmagou o governo de Salvador Allende, eleito democraticamente em 1970. Na sua eleição, Allende contara com o apoio de comunistas, socialistas, radicais e outras correntes, constituidas numa ampla frente de Unidade Popular. Após a vitória eleitoral, Allende assume a presidência e tenta socializar a economia chilena, com base num projecto de reforma agrária e nacionalização de indústrias estratégicas. A sua política, chamada de "via chilena para o socialismo", pretendia uma transicção pacífica, com respeito pelas normas constitucionais chilenas e sem o emprego de medidas de força, para uma sociedade mais justa, de paradigma socializante. Nacionalizou bancos e parte das minas de cobre. Devido à sua política, que tinha forte apoio popular, passou a sofrer pesadas pressões políticas norte-americanas e de grupos de pressão criados no Chile pela CIA, como a organização terrorista Patria y Libertad, de orientação fascista. No seu discurso de 21 de Maio de 1971, falando sobre a meta e não apenas sobre a etapa, Allende definira o socialismo chileno como libertário, democrático e pluripartidário. Formado em Medicina e um dos fundadores do Partido Socialista Chileno, Salvador Allende tentou implementar no país a experiência de uma linha socialista, que "amedrontou" o grande capital e os falcões americanos, que não hesitaram em sabotar todas as medidas tendentes ao desenvolvimento da experiência fomentada pelo governo de Unidade Popular, a que presidia Allende. Foi num clima de confrontação e ingerências de toda a ordem, impostas pelos grandes interesses capitalistas americanos, que se registou o golpe sangrento de Pinochet e o assalto ao Palácio de La Moneda, que Allende defendeu até à morte. Durante os 17 anos que durou a ditadura de Pinochet, foram barbaramente assassinadas mais de 3.000 pessoas, incluindo crianças e mulheres, algumas grávidas. Allende tinha o apoio de inúmeros intelectuais pelo mundo inteiro, como Pablo Neruda, seu grande amigo. Victor Jara, o jóvem músico, compositor e cantor chileno, que se tornara referência internacional da música de protesto, foi assassinado brutalmente pelos torcionários de Pinochet, no dia 16 de Setembro, logo no início da violenta repressão que se seguiu ao golpe de Estado. É dele a canção "Venceremos" que aqui colocámos e que veio a ser cantada por milhares de portugueses após o "25 de Abril". O Mundo não pode esquecer o crime odioso de Pinochet, nem apagar a memória.
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O governo de Allende foi o primeiro exemplo da hipocrisia das democracias ocidentais. Só respeitam os resultados eleitorais se estes lhes forem favoráveis. Quando não são, nada os trava, e tudo usam para derrubar os regimes que o povo elege. Depois do Chile, não faltam exemplos semelhantes. Se lhes convier, suspenderão mesmo a democracia. Aliás, não foi isso que a Ferreira Leite propôs recentemente?
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