sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Eleições Legislativas" - o que escreve Miguel Urbano Rodrigues, escritor e jornalista


As eleições legislativas portuguesas vão realizar-se num momento em que a humanidade atravessa uma das maiores crises dos últimos séculos. Na Europa e nos EUA os media, repetindo o que afirmam os governantes e os senhores do capital, insistem em defini-la como financeira e passageira. Mentem conscientemente, porque sabem estar perante uma crise global do capitalismo, estrutural e duradoura. O discurso dos partidos da burguesia nesta campanha é, por isso mesmo, um novelo de mentiras. Esconder do povo a realidade tem sido um objectivo permanente dos dirigentes e candidatos do PS, do PSD e do CDS. Atribuir a responsabilidade da gravíssima situação que o país atravessa - como fazem Sócrates e a sua gente - quase exclusivamente à crise internacional, apresentada como financeira, é não somente uma inverdade como um acto de hipocrisia. Aliás o Governo, imitando o dos EUA, está preocupado não com o desemprego e a pobreza, mas sobretudo em acudir aos banqueiros e a outros responsáveis pela "turbulência" e pelos escândalos que atingiram os mercados financeiros. Sócrates suavizou a arrogância. Em campanha pelo país sorri agora muito e repete-se monocordicamente, elogiando a grandeza e lucidez da sua política, enquanto anuncia futuros êxitos miríficos. A mensagem é pouco inteligente. Durante três anos aplicou uma política neoliberal ortodoxa; fez a apologia das privatizações, invocando a necessidade de "modernizar" Portugal. Agora, numa pirueta, critica o neoliberalismo e afirma que a direita pretende destruir as suas "políticas sociais". É muito descaramento reivindicar políticas sociais quem promoveu o desemprego, tentou destruir o que resta do Serviço Nacional de Saúde e desencadeou na frente da Educação uma ofensiva contra os professores, que levou estes a sair às ruas em gigantescas manifestações de protesto. Sócrates, um populista de direita e político mediocre e inculto, a ser derrotado nas eleições, seria apenas lembrado no fim de carreira por haver chefiado um dos governos mais reaccionários que o País teve desde o 25 de Abril.

Fonte: Resistir.info

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