quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Soares e Cavaco de mãos dadas


Na sua coluna de opinião, com o genérico de "Cortar à direita", que assina com regularidade no semanário famalicense "Cidade Hoje", Durval Tiago Ferreira, vereador pelo CDS-PP na Câmara Municipal(mas que não se recandidata às próximas eleições autárquicas), escreve esta semana uma crónica, com o título "Soares e Cavaco de mãos dadas", que é um tanto surpreendente. É essa crónica que, com a devida vénia, reproduzimos de seguida: "Depois de décadas de coabitação em campos quase sempre opostos, eis que Cavaco e Soares aparecem a desejar o mesmo desfecho para as próximas eleições legislativas: uma maioria relativa do PS. Cavaco quer garantir a sua reeleição. E sabe que uma vitória de Manuela Ferreira Leite se traduz num executivo débil, que não sobrevive sem o seu auxílio. Ao fazê-lo, desgastar-se-ia de tal forma que afastava o eleitorado de centro-esquerda, abrindo espaço a uma candidatura socialista. Por isso demitiu em plena campanha o seu principal assessor, Fernando Lima, isentando José Sócrates da acusação de escutas telefónicas à Presidência da Rapública, deixando o PSD em maus lençois. Por ua vez, é certo que Mário Soares apareceu ao lado do actual primeiro-ministro no comício do Porto. E até afirmou que este "é o político mais atacado desde o 25 de Abril". Sócrates comoveu-se porque não percebeu o presente envenenado. É que à imprensa, o ex-presidente admitiu como impossível uma maioria socialista e abriu a porta a um entendimento com o Bloco. Soares nunca apreciou o pendor social-democrata deste governo. Escreveu-o várias vezes, durante os últimos 4 anos e não deixará de responsabilizar o líder rosa por um resultado menos bom; tudo fazendo para que lhe suceda alguém da linha mais dura, com quem o BE aceite coligar-se. Cavaco e Soares partilham um longo e distinto percurso político, mas com um traço em comum: só pensam neles, no pressuposto de que o que é bom para eles é bom para o país. A História comprova-nos que raramente assim foi e, pelo que se vê, assim não será mais uma vez.
Fonte: Jornal "Cidade Hoje"

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