sábado, 19 de setembro de 2009

Escutas: "conexões político-partidárias ou governamentalização dos Serviços de Informação?


A eventualidade do presidente da República estar a ser vigiado ou escutado é muito grave. Quando a história estiver toda contada, veremos. Para já, o caso das escutas, a oito dias das legislativas, obrigou o próprio Cavaco Silva a vir a público e abriu espaço a violentas críticas de vários dirigentes e militantes socialistas ao Chefe de Estado. "A polémica rebentou com a divulgação de um email, pelo "Diário de Notícias", de um jornalista de o "Público", que dizia ter sido chamado por Fernando Lima, assessor do Presidente, para passar a informação de que havia suspeitas de espionagem a Belém. A conversa terá, segundo o email publicado, sido autorizada pelo próprio Cavaco", que reagiu prontamente à divulgação da notícia e prometeu não deixar cair o caso, mas só depois das legislativas, altura em que, segundo afirmou, "não deixará de tentar obter mais informações sobre questões de segurança", deixando o alerta de que "o presidente da República não se deixa atrair para lutas político-partidárias", recado que foi entendido como dirigido ao PS. Dirigentes socialistas reagiram de imediato, tendo José Junqueiro reclamado na TSF desmentidos de Belém sobre notícias publicadas nos jornais "contra o Governo e o primeiro-ministro", e nos Açores, Carlos César, disse ser "injustificável" o silêncio de Cavaco Silva. Porém, o mais forte ataque ao Presidente veio de Paulo Pedroso, no seu blogue. O candidato do PS à Câmara de Almada, acusou a Presidência de "através de uma informação planeada e direccionada, prejudicar o Governo, para concluir: "Cavaco autorizou? Se sim, o caso afinal não é um disparate, é uma inventona". O que quer investigar Cavaco, ao dizer que vai tentar "obter mais informações sobre questões de segurança" após as eleições? Informações sobre as alegadas escutas ou sobre os procedimentos da Casa Civil? Afinal, a espionagem existiu ou não? E houve violação de correspondência? - Suspeição levantada pelo director de o "Público", que admitiu mesmo que o SIS, na dependência de S.Bento, estivessem envolvidos. Há campanha política por trás da história? A suspeita pode ser retirada das palavras de Cavaco Silva, ao dizer que "já quatro políticos tentaram puxar o Presidente da República para a luta político-partidária", referência que não pode deixar de reportar-se aos socialistas José Junqueiro e Vitalino Canas, que há um mês exigiram a Belém que esclarecesse se pessoas da Casa Civil estavam a colaborar no programa do PSD. No dia em que o Presidente da República admitiu querer mais informações sobre questões de segurança, remetendo qualquer iniciativa para depois das eleições, o Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, disse estar "atento" às denúncias sobre eventuais escutas que envolvem a Presidência da República e o Governo. Será que a "cooperação estratégica" se transformou em conspiração estratégica"? Vamos lá ver o que nos mostram os próximos capítulos! Entretanto, prossegue a campanha eleitoral, e convém não esquecer que os verdadeiros problemas que afectam os portugueses, são o aumento preocupante do desemprego, a privação ou redução dos salários e a pobreza, e contribuirmos para que as eleições do dia 27 mudem o rumo destas políticas neoliberais.

Fonte: Jornal Económico

1 comentário:

  1. Muita água tem corrido sobre a questão das "escutas" em Belém. Muitas são as palavras jogadas ao vento... .Sobre este assunto, Jerónimo de Sousa, conforme notícia do "Público", considera legitimamente que a demissão do assessor da Presidência,Fernando Lima,contraria as anteriores palavras do P.R.,segundo as quais não se pronunciaria sobre as escutas para não interferir na campanha eleitoral. Este realidade,contudo,foi pensada e repensada pelo Presidente que,mantendo um silêncio ruidoso sobre o assunto,conseguiu criar uma situação profundamente perturbadora e passível de (tentar)influenciar os resultados eleitorais.Falta saber que "Senhor" serve Cavaco Silva.É que sinceramente!... não me parece que esta atitude se traduza em vantagens para a sua casa ideológica(PSD).Ao longo do seu mandato e da legislatura de Sócrates, muitos têm sido os momentos em que as questões que os une são bem mais do que as que os separa...e são essas as questões fundamentais,as questões que se prendem com as grandes decisões estruturais do país. Será,então,que o Presidente estará a pagar o favor que Sócrates lhe fez,aquando das eleições presidenciais?Sim,porque apoiar a candidatura fracturante de Mário Soares,depois de Manuel Alegre se dispor a candidatar-se,só podia ter um objectivo: permitir a vitória de Cavaco.A coerência é apanágio dos homens de lisura,como J.Sousa.

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