quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Jorge de Sena regressa a Lisboa




Tido como um dos maiores intelectuais portugueses do século XX, Jorge de Sena faleceu na Califórnia(EUA) a 4 de Junho de 1978. Perseguido durante a ditadura salazarista, que o obrigou a exilar, primeiro no Brasil, em 1959 e depois nos Estados Unidos da América, em 1965, deixou uma vasta obra de ficção, drama, ensaio e poesia. Um dos seus livros mais famosos é o romance "Sinais de Fogo", adaptado ao cinema em 1995, por Luís Filipe Rocha. A poesia de Sena é tida como uma valia absolutamente rara. Há mesmo quem diga que depois de Fernando Pessoa, há poucos autores que tenham a dimensão do autor de "Metamorfoses"(1963). Nascido em Lisboa em 1919, Jorge de Sena publicou nos Estados Unidos alguns dos mais importantes títulos da sua produção poética, ficcional e ensaística. Recebeu o Prémio Internacional da Poesia e foi condecorado com a Ordem do Infante D.Henrique e postumamente com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago. Os restos mortais de Jorge de Sena voltam a Lisboa,sendo amanhã trasladados para o cemitério dos Prazeres, acto importante do ponto de vista simbólico, pois significa, como diz José Jorge Letria, que chegou ao fim o segundo exílio do escritor. Em sua memória, aqui fica o poema "Carta a Meus Filhos Sobre os Fuzilamentos de Goya", numa declamação de Mário Viegas.

Get this widget | Track details | eSnips Social DNA

3 comentários:

  1. Manel: é bonito este tema e o poema, que ouço há anos. Dito pelo Viegas, mexe comigo, pois gostava imenso dele. É com gosto que acompanho este teu blogue... Lembra coisas que foram importantes nas nossas vidas, quando o sonho era a coisa mais valiosa que tínhamos. É tudo tão diferente hoje! Um abraço.

    ResponderEliminar
  2. Jorge Sena é um nome gande das nossas letras, mas como habitualmente nós tratamos mal os nossos maiores. A "inveja" dos homens meãos aí esteve mais uma vez. A trasladação do seu corpo foi pouco mais do que "clandestina". Em vez de notícia de primeira página dos jornais e dos telejornais, foi escondida entre a futilidade de notíciário de nenhum interesse. O lugar para Jorge Sena é o Panteão Nacional, como disse Manuel Alegre. Ah! Mas esta "vil tristeza" em que vivemos faz-nos mesquinhos e parolos. Jorge de Sena tinha doado o seu vasto espólio à Biblioteca Nacional. Por cima, que mal agradecidos somod...

    ResponderEliminar
  3. Jorge de Sena foi autor de uma variadíssima obra literária(poesia, novela, texto dramático,entre outros) e ensaística("Fernando Pessoa-Página de doutrina estética", 1946; "Da poesia portuguesa", 1959; "Estudos de Literatura Portuguesa", 1982, entre outros.) que fez dele um nome incontornável do universo literário e intelectual de Portugal e do mundo. Contudo, e apesar deste reconhecimento nacional e internacional, Jorge Sena, desde sempre comprometido com uma postura anti-fascista e de defesa da liberdade,foi obrigado a abandonar o seu país e a exilar-se no Brasil e mais tarde nos EUA(Califórnia)onde faleceu em 1978, com apenas 59 anos. O país ficou, então, orfão de um dos nomes superiores das letras, de que "Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya" é um exemplo de entre muitos outros possíveis.
    Que esta homenagem prestada pelo autor do blog, no momento em que os seus restos mortais foram, embora tardiamente, trasladado para a sua terra de berço, sirva para que se avive a memória... pela voz inconfundível do grande Mário Viegas.

    ResponderEliminar