segunda-feira, 28 de setembro de 2009

PS vence as eleições, perdendo a maioria absoluta

Perdendo 500.000 votos em relação às eleições legislativas de 2005, o PS ganhou, contudo, as legislativas de ontem, ficando o PSD a pouco mais de 7 pontos de distância do resultado dos socialistas. Esta vitória do PS, sem maioria absoluta, era o cenário mais provável admitido para as eleições. A perda da maioria absoluta constitui um factor da maior importância no quadro da luta contra a política de direita e por uma viragem na vida política nacional. Sem desvalorizar os cenários prováveis que continuam de promover uma política com apoios que permitam o prosseguimento da política de direita, o certo é que todos quantos aspiram a uma mudança de rumo têm agora condições de condicionar e influenciar o processo político, e de limitar novas ofensivas e ataques aos direitos dos trabalhadores e corrigir injustiças. Em terceiro lugar, um tanto surpreendentemente, ficou o CDS-PP, que beneficiou claramente da fraca votação do PSD. Em quarto lugar, fixou-se o Bloco de Esquerda, que ganhou cerca de 200.000 votos em relação às eleições de 2005. Em quinto lugar, colocou-se a CDU, que teve contudo uma subida de mais de 30.000 votos relativamente às legislativas de 2005. A vitória do PS é uma vitória de Pirro, que o colocou numa situação de ter de negociar futuramente as decisões governamentais ou com o CDS-PP ou PSD, ou BE e CDU, estes dois conjuntamente, já que nenhum deles garante só por si a maioria parlamentar com o PS. A distribuição de lugares na Assembleia da República ficou constituida do seguinte modo: PS, 96 Deputados; PSD, 78; CDS-PP, 21, BE, 16, e CDU, 15. Há outros aspectos da eleição de ontem que interessa analisar, quer a nível nacional quer a nível local e regional. Vamos fazer essa análise logo que tenhamos dados concretos para o efeito, e publicá-la-emos de seguida. Desde já, anotemos que o PS ganhou no Distrito de Braga, onde o BE elegeu 1 deputado, pela primeira vez, e venceu no concelho de Famalicão. De registar ainda que a CDU foi última em todas as freguesias do concelho de Famalicão, com excepção das freguesias de Arnoso Santa Eulália, Oliveira S.Mateus, Pedome, Riba de Ave e Sezures, sendo ultrapassada pelo Bloco de Esquerda. Entretanto, já está lançada a corrida para as eleições autárquicas do próximo dia 11 de Outubro, que constituem um novo momento para defender ao nível local projectos de ruptura e mudança, com vista à construção de um país de progresso e uma vida melhor, aspiração que passa profundamente por soluções que só a esquerda assegura e por candidatos credíveis. Trataremos as eleições autárquicas com o mesmo estatuto que criámos para as legislativas, ou seja, trabalharemos todas as informações que nos forem enviadas pelos partidos concorrentes para tal efeito, com tratamento igual para todos.

2 comentários:

  1. O PS transformou o poder num jogo perdendo consegue ganhar. Perdeu votos, perdeu deputados, perdeu em percentagem e perdeu a maioria.

    O pinóquio afirmou a propósito desta meia vitória que o Povo falou e falou claro; José Seguro diz dialogamos com todos mas somos fiéis às nossas propostas; o poéta Alegre num assomo de Alzeimer diz: "continua a haver uma forte maioria de esquerda! Mas não existem condições para coligações nem à esquerda nem à direita".

    A mim ocorre-me uma frase do pinóquio: "porreiro pá"

    Asdrubal

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  2. Discordo do que diz o Asdrubal. A votação no bloco centro-esquerda(PS,BE e PCP)teve uma maioria de 833.787 votos em relação ao bloco centro-direita(PSD e CDS-PP). Para além de outras considerações, certo é que a campanha eleitoral do PS foi feita(mais uma vez)à base de muitas consignas de esquerda, mesmo na política económica. Portanto, a diferença mais significativa é a dos votos que houve entre os dois blocos, e deve ser essa a determinar a eleboração quer do programa do próximo governo quer a sua constituição. A pressão que o patrão dos patrões começou já a fazer no sentido de procurar trazer as políticas de direita de regresso ao novo governo, deve ser frontalmente recusada. Os 833.787 eleitores que com o seu voto fizeram a diferença nas eleições legislativas não votaram para serem lançados no ficheiro morto. Qualquer que seja a solução governativa, a sua sorte vai ficar à mercê da sua capacidade política para saber interpretar o que o eleitorado sinalizou. Portanto, embora as combinações de entendimento aritméticamente possam ser várias, há uma que responde à vontade democráticamente manifestada: um programa e um governo de esquerda. Tudo o resto terá os dias contados. E o patrão dos patrões não vale mais dos mais de oitocentos mil eleitores que votaram para esse objectivo. Ou a democracia já não é para respeitar?

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